PADRE QUEIROZ

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Histórias de vida-Agosto

HISTÓRIAS DE VIDA-AGOSTO


O balde furado

Havia, certa vez, um homem que todos os dias ia buscar água no rio, pois não havia água em sua casa. Ele levava dois baldes.

Acontece que um dos baldes era furado, e só chegava com a metade da água. Este balde ficava triste, sentia-se inferiorizado e até envergonhado diante do seu colega que não era furado.

Um dia, na beira do rio, ele falou para o seu dono: “Eu estou com vergonha do senhor. Não sou capaz de carregar a água toda até a nossa casa, como o meu colega faz!”

O homem lhe disse: “Agora, ao passarmos pela estrada, observe e verá que ela está toda florida. Vendo que você é assim, espalhei sementes de flores na beira da estrada e, com a água que sai de você, as sementes germinaram e cresceram. Se não fosse esta sua limitação, a nossa estrada seria mais feia e triste!”

Todos nós somos úteis, e temos uma missão a cumprir na terra, até o último dia da nossa vida, mesmo que estejamos numa cama.


Superar barreiras

Um dia, um menino de três anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer arreios e selas. Quando crescesse, queria ser igual ao pai.

Tentando imitá-lo, tomou um instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. O instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. Logo mais, uma infecção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego.

Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens foram gradualmente desaparecendo, e ele não se lembrava mais das cores.

Aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro.

Ia para a escola e todos se admiravam da sua memória. Na verdade, ele não estava feliz com seus estudos. Queria ler livros, escrever cartas, como os seus colegas.

Um dia, ouviu falar de uma escola para cegos. Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado pelo pai, e se matriculou no instituto nacional para crianças cegas.

Ali havia livros com letras grandes em relevo. Os estudantes sentiam, pelo tato, as formas das letras e aprendiam as palavras e frases.

Logo o jovem Louis descobriu que era um método limitado. As letras eram muito grandes. Uma história curta enchia muitas páginas. O processo de leitura era muito demorado. A impressão de tais volumes era muito cara.

Em pouco tempo, o menino tinha lido tudo que havia na biblioteca. Queria mais. Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo. O amor à música aguçou seu desejo pela leitura. Queria ler também notas musicais.

Passava noites acordado, pensando em como resolver o problema. Ouviu falar de um capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler, sem precisar de luz.

Ora, se os soldados podem, os cegos também podem, pensou o garoto. Procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que cegara o pequeno.

Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o. Suportou muita resistência. Os donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em relevo, não queriam que tudo fosse por água abaixo.

Com persistência, Louis Braille foi mostrando seu método. Os meninos do instituto se interessavam. À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender.

Finalmente, aos vinte anos de idade, Louis Braille chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos. O método Braille estava pronto. O sistema permitia também ler e escrever música.

A ideia acabou por encontrar aceitação. Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: “Tenho certeza de que minha missão na terra terminou”. Dois dias depois de completar quarenta e três anos, Louis Braille faleceu.

Nos anos seguintes à sua morte, o método se espalhou por vários países. Finalmente foi aceito como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que não enxergam.

Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo graças a um menino imerso em trevas, que dedicou sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física.

Há quem use suas limitações como desculpa para não agir nem produzir. No entanto, como tudo deve nos trazer aprendizado, a sabedoria está justamente em superar as condições adversas e realizar o melhor para si e para os outros.


A moça que não topava o pai

Havia, certa vez, uma jovem que não topava o pai. Ela era muito crítica em relação a ele.

Chamava-o de quadrado. Por causa dos estudos, teve de ir morar numa cidade distante. Passou um bom tempo sem visitar a família. Sempre apresentava motivos, que na verdade eram mais desculpas.

Após um ano, ela veio passar as férias em casa. Depois de alguns dias de convivência, achou o pai diferente. Um dia, sem perceber, ela disse: “Pai, como que o senhor evoluiu nestes últimos tempos!”

O pai, com um olhar compreensivo, lhe disse: “Eu não mudei nada, filha. É que agora você tem mais experiência, conhece melhor a vida. Quem mudou foi você, filha!”

Que o bom Deus ajude os filhos a serem mais compreensivos com seus pais, cumprindo assim o quarto mandamento de Lei de Deus: “Honrar pai e mãe”.


Cuide do mais importante

Certa vez, um jovem recebeu do rei a tarefa de levar uma carta e alguns diamantes a outro rei, de uma terra distante.

Para a viagem, recebeu o melhor cavalo do reino. “Cuida do mais importante e cumprirás a tua missão”, disse o rei ao se despedir.

O rapaz preparou seu alforje. Escondeu a carta na bainha da calça e colocou as pedras numa bolsa de couro amarrada na cintura, por baixo das vestes.

Pela manhã bem cedo, sumiu no horizonte. Ele não queria falhar em nada, a fim de que todo o reino soubesse que era um nobre e valente rapaz, pronto para desposar a princesa. Aliás, esse era o seu sonho, e parecia que a princesa correspondia às suas esperanças.

Para cumprir rapidamente a tarefa, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam sua montaria. Essa forma exigia o máximo do animal. Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe tirava a sela nem a carga, tampouco se preocupava em lhe dar de beber ou comer.

“Assim, meu jovem, acabas perdendo esse animal”, disse alguém. “Não me importo” respondeu ele. “Tenho dinheiro. Se este morrer, comprarei outro. Nenhuma falta ele me fará”.

Com o passar dos dias, sob tamanho esforço, o pobre animal não suportou mais os maus tratos e caiu morto na estrada.

O jovem seguiu o caminho a pé. Mas como naquela região havia poucas fazendas e eram muito distantes uma da outra, muito rápido o moço se deu conta da falta que lhe fazia o animal.

Depois de algum tempo, ficou exausto e deixou pelo caminho tudo o que levava, menos a mensagem e os diamantes, pois se lembrava da recomendação do rei: “Cuida do mais importante”.

Assim, conseguiu chegar ao destinatário, o rei. Este recebeu as pedras de diamante e a carta que dizia o seguinte:

“Ao meu irmão, rei da terra do Norte. O jovem que te envio é candidato a casar-se com minha filha. Esta jornada é um teste. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto, a gentileza de verificar o estado do cavalo. Se ele cuidou bem do animal, saberei que cuidará bem da minha filha e dos demais cidadãos. Se, porém, ele sacrificou o animal e cuidou só das pedras, não será um bom marido nem rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha nem àqueles que o servem”.

Os seres vivos são mais importantes que os minerais, mesmo que sejam diamantes. Todos os seres vivos: Os vegetais, os animais e principalmente o homem.

Maria Santíssima é chamada Mãe da Vida, porque nos deu Jesus que é a nossa Vida. Que ela nos ajude a colocar a vida em primeiro lugar.


A certeza que nasce da fé

S. Clemente era um padre redentorista do Sec XIX, que morava em Viena, na Áustria.

Um dia, veio conversar com ele um homem que dizia não ter fé. Durante a conversa, Pe. Clemente apontou para um quadro que estava na parede da sala e disse: “Eu acredito mais na existência de Deus, do que na existência deste quadro aqui. Porque as minhas vistas podem me enganar, mas Deus nunca me engana”.

“A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem” (Hb 11,1).


Chico Mendes e a estratégia “Empate”

Chico Mendes é chamado o mártir da ecologia. Ele foi assassinado dia 22/12/1988.

Ele criou uma técnica para evitar o desmatamento da Amazônia, chamada Empate: Quando chegavam os homens com as enormes motosserras, as famílias se posicionavam em círculo, de mãos dadas, em volta da árvore. Como quem diz: Para cortar esta árvore, tem de nos matar primeiro.

E as madeireiras desistiam. Assim, grande parte da Amazônia estava sendo preservada, até que mataram o próprio Chico Mendes. O que ele queria defender não era a floresta em si, mas a vida humana, que depende dela para viver.

O exemplo de Chico Mendes ficou para nós como um convite a amarmos e protegermos mais a natureza.


O lenhador do Saara

Certa vez, um homem, com um machado nas costas, bateu palmas na casa de uma sitiante viúva. Ela veio e ele disse: “Eu sou lenhador e estou procurando serviço. A senhora tem?”

Ela falou: “Ah, sim! Está vendo aquele matinho ali? Eu queria derrubá-lo. Por quanto o senhor faz o serviço?” Ele olhou para o bosque e disse: “Duzentos Reais”. Ela: “Puxa, como é barato! Combinado. Pode fazer o trabalho”.

Ele foi, poucas horas depois voltou e disse a ela: “Está pronto. Pode me dar o dinheiro”. Ela, admirada, disse: “Mas como foi rápido!” Olhou para o mato e viu que de fato estava todinho no chão. Nem uma árvore sobrou.

Pagou para ele, depois falou: “Olhe, eu tenho um vizinho aqui que também tem um matinho para derrubar”. Indicou para o lenhador como chegar lá e ele foi.

Chegando, o outro sitiante disse: “Sim, o bosque que eu quero derrubar é aquele ali. Por quanto você faz o serviço?” Ele olhou... e disse: “Cento e cinquenta Reais”. “Que barato!" disse o sitiante. "Pode fazer o trabalho”.

Ele foi. Duas horas depois voltou e disse: “Está pronto, pode me passar os cobres”.

O sitiante se admirou. Conferiu, de fato não havia nem uma árvore em pé. Pagou o lenhador.

Depois lhe perguntou: “Onde o senhor aprendeu esta profissão?” O lenhador respondeu: “No Saara. Eu sou de lá. Acontece que lá não existem mais árvores para derrubar. Por isso que eu vim aqui para o Brasil”.

Está explicado por que o Saara virou deserto. E o nosso País? Será que esse lenhador ainda continua derrubando as nossas verdes matas?

Vamos manda-lo de volta para o seu País, enquanto é tempo. E não aceitar que nenhum lenhados do Saara venha trabalhar nas nossas terras, mesmo que esse lenhador esteja dentro de nós.

Que Deus nos ajude a preservar a nossa natureza, pois nela está a nossa vida.


Viver o que se fala

Certa vez, dois senhores estavam participando da Santa Missa, no domingo de manhã. Estavam um ao lado do outro, mas não se conheciam.

Na hora da paz, um deles virou-se para o outro, estendeu a mão e disse: "Paz para você, meu irmão!" O outro respondeu: “E para você também".

Terminada a Missa, lá fora, aquele que havia recebido a saudação disse ao outro: “Hoje eu vou almoçar na sua casa”.

O outro estranhou e disse: “Mas eu nem conheço você!” O colega respondeu: “Há poucos minutos você não me disse que sou seu irmão?"

De fato, os irmãos quando querem, no domingo, almoçar um na casa do outro, apenas avisam antes, para que não falte comida.

Como que nós somos fariseus! Falamos tanta coisa bonita na casa de Deus, mas quando saímos, somos outras pessoas bem diferentes, às vezes até contrárias ao que falamos! "Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Mc 7,6). Por isso que este mundo, que nós mesmos construímos, é tão diferente do Evangelho que ouvimos.

“Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com obras e de verdade” (1Jo 3,17-19).


Santa Teresa D’Ávila e a tempestade

Santa Teresa nasceu em Ávila, na Espanha, em 1515. Foi irmã carmelita.

Realizou uma obra gigantesca e difícil: Reformar os carmelos, instituição que, naquele tempo, passava por um relaxamento muito grande. Além disso, ainda encontrou tempo para fundar inúmeros novos carmelos e escrever livros, que são lidos até hoje.

Um dia, ela estava viajando a pé, junto com uma irmã nova. Ao cair da tarde, armou uma forte tempestade. Como não tinham onde se abrigar, elas entraram em um depósito de feno, na beira da estrada. E a chuva veio torrencialmente, com ventos e raios, e prosseguiu pela noite. Elas não tinham condições de prosseguir a viagem.

A irmã nova ficou preocupada, com medo de escorpiões, aranhas e cobras venenosas, que se escondem no feno.

Mas a Irmã Teresa, em vez de se preocupar, fez a seguinte oração: “Senhor, nós estamos cansadas e precisamos nos deitar. Protegei-nos nesta noite!” Em seguida, deitou-se em cima do monte de feno e dormiu tranquilamente.

A irmã nova nem conseguiu dormir, de medo.

Deus é providente e cuida de nós. Em todas as situações, precisamos ser tranquilos, fazer a nossa parte e confiar nele.


Uma só carne e um só amor

Havia, certa vez, um casal já bastante idoso. Um dia, ela falou para ele: “Olhe, bem, você já não é mais criança e está com problemas cardíacos. Vou fazer-lhe um pedido: Não andar muito longe. Fique só aqui por perto”. Ele respondeu: “Ótimo, querida. Mas eu peço a mesma coisa para você”. Ela concordou.

Num domingo de manhã, na hora da Missa, houve uma prece por uma pessoa da Comunidade que estava doente. Ele pensou: Amanhã cedo eu vou visitá-la. É longe, mas não conto para minha esposa.

Ela pensou o mesmo, e não contou para ele. Na segunda-feira de manhã, ele foi. Pensando que o marido estivesse ali pelos vizinhos, ela também foi. Chegando à casa do doente, deram de cara um com o outro.

Foi uma emoção, tanto para eles como para a família que os recebia, pois os dois velhinhos achavam a visita a um doente mais importante que um cuidado exagerado com a própria saúde.

Maria Santíssima também gostava de visitar as pessoas em necessidade, e certamente ela visitou muitos e muitos doentes. Que ela nos ajude a vencer a insensibilidade e a indiferença diante dos que sofrem, e nos ajude a descobrir a felicidade de servir.


A mãe camelo e o seu filhote

Certa vez, dois camelos estavam conversando: A mãe e o seu filhote.

O bebê perguntou: “Mãe, por que os camelos têm corcovas?” (Corcova é aquele grande cupim que os camelos têm nas costas). A mãe respondeu: “É para reservar água, filhinho. Nós somos animais do deserto e quando cruzamos o deserto precisamos sobreviver às vezes sem água”.

“E por que”, continuou o filhinho, “temos as pernas longas e as patas arredondadas?” “É para caminhar no deserto”, disse a mãe. “Assim podemos nos movimentar melhor, sem nos afundar na areia”.

“E por que nossos cílios são tão longos?” insistiu ainda o bebê. “De vez em quando eles atrapalham minha visão!” A mãe disse: “Meu filho, esses cílios grossos são como uma capa que protegem nossos olhos da areia. No deserto, venta muito, e a areia se levanta”.

O filhinho concluiu dizendo: “Está certo, mãe: Armazenar água para cruzar o deserto, pernas compridas para caminhar no deserto, cílios para proteger nossos olhos no deserto. Então o que é que estamos fazendo aqui no zoológico?”

Cada animal foi criado por Deus, adaptado ao meio ambiente para o qual foi criado.

Quando, por exemplo, um passarinho canta na gaiola, na verdade ele está chorando. Chorando a tristeza de viver fora do seu ambiente e não poder sair.


Os dois doentes da enfermaria

Certa vez, dois homens doentes estavam internados em um hospital, na enfermaria, que ficava no quinto andar do prédio.

Um deles ficava perto da janela e de vez em quando se sentava na cama. O outro, ao lado, não podia se movimentar nem se sentar. Vivia o tempo todo deitado.

O da janela contava para o colega o que ele via lá fora: Senhoras com crianças andando na calçada, moças bonitas, crianças brincando na pracinha, patos nadando no lago, árvores, flores... O colega sorria e seus olhos brilhavam de contentamento. Os dois riam de satisfação.

Dias depois, o da janela recebeu alta, e o outro foi transportado em sua cama para perto da janela.

Quando ele ficou melhor, sentou-se na cama, curioso para ver as belezas lá fora.

Mas teve uma surpresa: o que dava para ver da janela era apenas um enorme telhado, velho e feio. Foi aí que ele entendeu que o colega inventava tudo aquilo para diverti-lo e lhe dar um pouco de conforto na dor.

O cristão, mesmo doente, torna o ambiente onde está, mais alegre e gostoso de se viver, um prelúdio do Céu. “Como é bom, como é agradável os irmãos viverem juntos e se amarem!” (Sl 133,1).


São Bento, santa Escolástica e a tempestade

S. Bento e Santa Escolástica eram irmãos gêmeos e muito amigos. Quando ele se tornou monge, e ela irmã contemplativa, os dois passaram a se encontrar apenas uma vez por ano. Isso não por causa da distância, pois os dois conventos eram próximos um do outro, mas devido ao regulamento da vida contemplativa na época.

Nos encontros que tinham, os dois aproveitavam para rezar juntos e dialogar sobre a vida espiritual. Num desses encontros, que aconteceu à noite, na casa dela, quando Bento quis ir embora, Escolástica pediu-lhe que ficasse mais um pouco, pois ela ainda queria conversar com ele sobre outras coisas da vida com Deus.

Bento, além de recusar, chamou a atenção da irmã, que queria levá-lo a desobedecer às regras monásticas.

Nesse momento, Escolástica rezou, pedindo a ajuda de seu melhor amigo, Jesus Cristo. No mesmo instante o céu se fechou e caiu uma forte tempestade, com raios, ventos e muita chuva. Bento nem pôde ir embora naquela noite. Teve de pousar no mosteiro da irmã.

Certamente, quando viu a tempestade, Escolástica pensou: “Viu? Você é meu irmão e meu amigo, mas eu tenho outro amigo que me ama muito mais que você”.

Três dias depois, dia 10 de fevereiro do ano 547, Santa Escolástica morreu. E no mesmo ano, dia onze de julho, Bento também falecia.

Agora sim, os dois estão eternamente juntos e felizes no Céu, e podem erguer a Deus os mais belos hinos.

Deus é Senhor do tempo e é nosso Pai muito amoroso. Quando estamos com ele, tudo concorre para o nosso bem.

Às vezes, até as pess + íntimas de nós não nos entendem. Mas Deus nos entende e protege. Sinal que ele é amigo mais íntimo ainda.


A verdade escrita na pele do rosto

Certa vez, cinco garimpeiros chegaram a uma vila rural bem distante, em busca de ouro. Passaram meses cavando numa montanha ao lado da vila, sempre na esperança de um dia encontrar o metal precioso.

O trabalho era penoso, porque a terra era dura e rochosa, além da saudade que sentiam dos seus familiares. Mas não desistiam.

Um dia, encontraram uma grande jazida de ouro. Cavaram em volta e viram que ela era realmente enorme. Esconderam o local, e combinaram de guardar segredo.

No domingo seguinte, eles foram até a vila, como faziam todos os fins de semana, a fim de participar da vida do povoado e descansar um pouco. Na segunda-feira de manhã, os cinco voltaram para a montanha. Mas perceberam que várias pessoas do povoado os seguiam. Desconfiados, olharam um para o outro, pensando quem teria sido o traidor.

Até que um deles voltou-se e perguntou a um rapaz que vinha atrás deles: “Por que vocês estão nos seguindo?” “Porque vocês encontraram ouro”, respondeu o jovem. “E quem lhes contou?” “Ninguém”, disse ele. “Mas não precisa. Todo mundo vê nos rostos de vocês. Os seus olhos brilham, exatamente como quem encontrou ouro”.

Mentira tem perna curta. Não adianta querer dar uma de santo, se não é, porque logo a máscara cai e a verdade aparece. Deus nos fez de tal modo que a verdade do nosso interior se mostra até na nossa pele.

A hipocrisia é um pecado não só dos escribas e fariseus. Ela está presente hoje, e nós precisamos tomar muito cuidado para não cair nela.

Que Maria Santíssima nos ajude a ser transparentes, sinceros, verdadeiros e não fingidos.


O caixão que emperrou na frente da capela

Havia, certa vez, um senhor idoso, que morava na periferia da cidade e era líder da Comunidade cristã local.

Apesar de pobre, ele lutou, fez campanha e conseguiu construir uma capela para a Comunidade. Dedicou-a a Nossa Senhora.

Anos mais tarde, este senhor veio a falecer. Fizeram o velório na casa dele, e em seguida foram, em um corteja fúnebre, levando o caixão para o cemitério.

Quando passavam em frente à capela, o caixão simplesmente emperrou. Ficou tão pesado que não conseguiam mais carregá-lo.

O jeito foi entrar na capela e colocar o caixão em cima dos bancos, para descansar. Aproveitaram para rezar um pouco pela alma do falecido, diante da imagem de Nossa Senhora.

Foi aí que se lembraram que foi ele que havia construído aquela capela. Em seguida, já não estavam mais cansados e o caixão já não pesava. Pegaram-no e o levaram com facilidade para o cemitério.

Foi Maria Santíssima que quis a visita do seu querido filho, a última antes de ir morar junto com Deus, com ela e com os santos, no Céu.


O urubu que engoliu o diamante

Certa vez, um homem estava com seu filho adolescente, trabalhando numa roça, na beira de um córrego. De repente, achou uma pedra de diamante. Mostrou-a para o filho e a colocou em cima do mourão da cerca, a fim de levar para casa no fim do dia.

Aconteceu que veio um urubu e engoliu a pedra! E agora? “O jeito é matar este urubu”, disse o homem ao menino. Este respondeu: “Como que o senhor vai saber qual deles engoliu a pedra, pai? Ele se juntou ao bando!”

Mas logo um urubu saiu do bando e assentou-se sozinho em uma árvore. O pai disse: “É aquele ali. Ele ficou rico, e o rico sempre se separa dos outros”.

Pegou sua espingarda e matou o urubu. Realmente, em seu estômago estava a pedra de diamante.

Quem se apega aos bens materiais, não consegue viver em Comunidade.


Quem ama, arrisca

Certa vez, um homem estava viajando a pé numa região deserta, e se perdeu.

Depois que tinha bebido toda a água do seu corote, devido ao sol e ao calor, veio a sede. E agora? Onde encontrar água para beber? Ficou preocupado.

Quando já estava quase desfalecendo, viu uma casa velha abandonada. Contornando-a, deparou-se, no fundo, com uma cisterna bem funda. Dava para ele ver a água lá embaixo.

Havia uma bomba à manivela, e um cano que descia até a água. Mais que depressa, o homem girou a manivela. Mas não veio água!

Olhando de lado, ele viu uma garrafa cheia de água. Mas, grudado nela havia um bilhete que dizia: “Destarrache a porca do cano e despeje toda esta água nele. Depois gire a manivela, que a água subirá”. Vendo aquela bomba enferrujada, o homem duvidou. Será que vai sair água mesmo? Não seria melhor eu tomar esta água da garrafa, para matar a minha sede?

Mas logo pensou: E se passar outro por aqui, na mesma situação minha, não vai ter esta água para despejar no cano. E decidiu: Despejou toda a água no cano. Em seguida, foi só girar a manivela, pronto, a água subiu em abundância.

Ele bebeu à vontade, encheu novamente a garrafa, encheu o seu corote e continuou a viagem.

Quem tem a Água Viva da graça, pensa nos outros. Nós não podemos pensar só em nós mesmos, esquecendo-nos do nosso próximo. Mesmo arriscando, é bom pensar no outro.


As aranhas protetoras

Certa vez, um missionário estava em um país estrangeiro, anunciando o Evangelho. E começou a ser perseguido por um grupo de fanáticos.

Esse grupo dirigiu-se à vila rural onde o missionário estava, com o intuito de matá-lo. Avisado, antes que o grupo chegasse, o missionário fugiu a pé por um caminho de terra.

Quando os perseguidores chegaram à vila, alguém lhes informou que o missionário havia saído por aquele caminho. Foram atrás.

A certa altura, o homem de Deus ficou cansado e escondeu-se numa caverna. Logo que ele entrou, as aranhas teceram uma linda teia na entrada da caverna.

Quando os perseguidores passaram por ali, ao verem a teia de aranha, disseram entre si: “Nesta caverna ele não entrou, pois se tivesse entrado teria rompido essa teia de aranha”. E foram embora. Com isso, o missionário ficou salvo. Salvo por uma teia de aranha.

Deus é criativo para proteger os seus filhos e filhas quando são perseguidos. Usa até aranhas.


O rei Salomão diante de um enigma

Certa vez, a rainha de Sabá recebeu uma importante visita: O rei Salomão, o homem mais sábio da época.

A rainha lhe propôs um enigma: Conduziu-o até um dos aposentos do seu palácio, que os artesãos haviam enchido de flores artificiais. Era como se, num prado maravilhoso, flores das mais variadas espécies e dos mais diferentes aromas oscilassem suavemente ao sabor de uma brisa.

A rainha disse ao rei Salomão: “Uma dessas flores é natural. Pode me dizer qual é?” Salomão olhou atentamente, lançou mão de todos os recursos de sua sensibilidade, mas não conseguiu apontar a flor natural.

Então rezou a Javé, em seu coração, e lhe veio uma ideia. Disse à rainha: “Posso abrir uma janela?” Com a permissão, ele abriu e eis que uma abelha entrou e pouso na única flor natural que havia ali.

Frequentemente acontece de a tentação querer nos enganar, ou nos colocar diante de um enigma, a fim de cairmos nas suas garras. Mas, se na hora rezarmos, como fez Salomão, o Espírito Santo nos tornará como as abelhas, dando-nos o dom do discernimento.


Quem vai mudar de rota?

Certa vez, um grande navio estava viajando em alto mar, numa noite escura.

De repente, a tripulação avistou uma luz na frente deles, bem distante. É um navio pequeno, pensaram. Eles é que têm de sair da nossa rota.

Mas, ao se aproximar, viram que era um rochedo que tinha o farol para alertar os navios.

Deus, na sua bondade, coloca na nossa frente muitos faróis de alerta, para mudarmos a rota da nossa vida: Uma doença, a perda de um parente, uma derrota...

Vamos ser humildes e acolher esses sinais de Deus para a nossa conversão. Do contrário, haverá com toda a certeza uma colisão com o rochedo, o que será fatal para nós.

Maria Santíssima é como um farol que, no mar da vida, brilha na nossa frente, indicando-nos o caminho seguro do encontro com o seu Filho. Senhora da Luz, rogai por nós.


A melhor forma de rezar

Certa vez, um rapaz entrou na igreja, que estava vazia, foi até o primeiro banco e começou a jogar cinco facas para cima, uma depois da outra e, numa agilidade incrível, pegava todas pelos cabos, sem deixar nem uma cair no chão e sem se ferir. Eram facas afiadas, que brilhavam no ar.

Uma senhora entrou na igreja e, ao ver lá de trás aquela cena, ficou assustada. Foi correndo contar para o padre, que morava ao lado da igreja. O padre veio e os dois observavam a inusitada cena.

O padre aproximou-se dele e perguntou, com carinho: “Por que você está fazendo isso?” O moço respondeu: “Eu não sabia rezar, e perguntei para uma catequista como que reza. Ela disse: ‘Faça o que você sabe de melhor para Deus, que ele gosta’. Eu trabalho em um circo e o que eu sei de melhor é jogar facas. Por isso vim aqui hoje rezar”.

O padre pôs a mão no ombro dele e falou: “Pode continuar rezando, filho, e que Deus o abençoe. Mas cuidado para não se machucar, ou machucar alguém”.

De fato, a catequista estava certa. Cada um tem o seu jeito próprio de rezar. Existem tantas maneiras de orar quantas pessoas orantes há no mundo. Isso porque oração é diálogo, uma conversa de amor com Deus. E os amigos são criativos e espontâneos nas conversas.

Nós vamos, aos poucos, evoluindo na prática da oração. No começo, só rezamos orações decoradas, e só duas vezes ao dia: De manhã, ao nos levantar, e à noite, antes de dormir.

Depois, nós começamos a obedecer a Jesus que disse: “Orai sempre, e nunca cesseis de o fazer” (Lc 18,1).


A estrada florida

Havia, certa vez, uma professora que dava aulas numa escola rural. Todos os dias de manhã, ela tomava o ônibus na cidade e ia para a escola. À tarde, voltava.

Com o tempo, a moça começou a achar a estrada muito árida, feia, sem vida e monótona. Então comprou sementes de flores e jogava nas margens da estrada, pela janela do ônibus.

Vieram as chuvas, aquelas sementes brotaram, cresceram e começaram a dar flores. Resultado: Em pouco tempo, a estrada mudou-se completamente. Ficou toda florida. Era a estrada mais bonita do município.

Na construção do Reino de Deus, o importante é cada um de nós fazer a nossa parte, por mínima que seja. Nós podemos semear flores em todos os ambientes áridos do mundo, a começar na nossa família, na nossa Comunidade cristã e no nosso trabalho.

Deus se encarrega de fazer essas sementes germinarem e crescerem, transformando a vida na terra em um jardim perfumado.

“Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer” (1Cor 3,6).

Maria Santíssima, após a Ascensão, fez a sua parte, e muito bem, pois foi reunir-se com os Apóstolos no Cenáculo, rezando com eles pela vinda do Espírito Santo. Foi uma semente que germinou. Senhora Aparecida, rogai por nós.


O caminhão de presentes

Certa vez, apareceu numa pequena cidade um caminhão baú, com chapa de uma cidade grande. O motorista, que era desconhecido, parou na praça central da cidade, abriu a porta traseira do caminhão e começou a dizer em um alto falante:

“Atenção. Eu trouxe aqui muitos presentes para vocês. Podem pegar à vontade e levar para suas casas. É tudo de graça”.

De fora dava para ver as caixas lá dentro. Eram televisores de última geração, aparelhos de DVD, jogos de porcelana e de cristal para mesa, note books e muitos outros objetos valiosos.

Tudo em caixas da fábrica e com os certificados de garantia, exatamente como quando compramos um objeto desses nas lojas.

Entretanto, as pessoas não acreditaram. Uns pensaram que era pegadinha, outros pensaram ser objetos roubados, ou truque para envolver as pessoas em crimes etc.

Depois de muito insistir, o homem, cheio de tristeza, fechou a porta traseira do caminhão, entrou nele e foi para outra cidade.

Lá foi o contrário. Logo que ele ofereceu, o povo se ajuntou e as pessoas pegaram os presentes e foram felizes para suas casas.

Aquele senhor era um motorista contratado por um homem muito rico daquela cidade grande, que havia feito a promessa de fazer essas doações sem se identificar.

Jesus fez a mesma coisa conosco. Trouxe do Céu presentes valiosíssimos para nós: A santa Igreja, os sacramentos, os Evangelhos... Fez isso unicamente por amor a nós. Entretanto, muitos têm preconceito, ou não valorizam esses presentes.

Maria Santíssima é uma voluntária na distribuição desses presentes do seu Filho. Mãe da divina graça, rogai por nós.


O caminho seguro para encontrar a fé

Havia, certa vez, um jovem universitário que não tinha fé. Ele desejava muito vencer a incredulidade e encontrar-se com Deus. Empregava todos os meios, mas não conseguia. Isso o angustiava e o tornava infeliz.

Um dia, lendo a Bíblia, ele encontrou a seguinte frase: “Aquele que ama conhece a Deus” (1Jo 4,7). Tentou então este caminho e começou a fazer o que podia pelo bem do próximo.

Logo encontrou a fé, e junto com ela o amor a Deus e a felicidade.

Foi este rapaz que disse aquela célebre frase: "Procurei a Deus, não encontrei; procurei a mim mesmo, não encontrei; procurei o próximo, encontrei os três".


O industrial que sustentava quinhentas famílias

Certa vez, a líder da Comunidade foi a uma grande fábrica do bairro, que tinha quinhentos funcionários, a fim de convidar os funcionários para um evento.

O proprietário da fábrica a recebeu muito bem, e disse a ela: “Eu, infelizmente, não faço nada para Deus!”

Na saída, a funcionária que lhe serviu o cafezinho e ouviu a conversa, disse para a líder: “Ele falou que não faz nada para Deus! Como não faz, se ele sustenta quinhentas famílias?”

Como é bom criar empregos, dando serviço aos desempregados, e assim sustentar as suas famílias!

É próprio da mãe servir à vida. Maria Santíssima ganha desse industrial no serviço à vida, pois ela nos deu Jesus que é a Vida. Mãe do Redentor, rogai por nós.


O monge mudo

Havia, na antiguidade, um homem cristão, solteiro, que não conseguia dominar a sua língua. Vivia falando mal dos outros, fazendo fofocas e inventando mentiras. Por mais que ele se esforçava, não conseguia dominar-se.

Um dia, ele tomou uma decisão radical: Saiu de casa, sem dizer para onde ia, e sumiu no mundo.

Em uma região muito distante da sua terra, procurou um mosteiro e pediu para ser admitido como monge. Mas tudo por gestos, pois se fingia de mudo. Dizia, por gestos, que não queria outra coisa a não ser rezar e trabalhar. Foi admitido.

Viveu durante trinta anos assim. Era o monge exemplar, mas mudo.

Quando estava bem velhinho e perto da morte, um dia, para surpresa de todos, ele começou a falar e contou a sua história. A família veio e o acompanhou em seus últimos dias de vida.

Não precisamos chegar a tanto, mas compensa fazer de tudo para não pecar e não dar contra testemunho.


O cirurgião que encontrou Jesus

Certa vez, um menininho ia ser operado do coração. O médico chegou para ele e disse: “Amanhã de manhã eu vou abrir o seu coraçãozinho para consertar alguma coisa”.

A criança perguntou: “O senhor vai encontrar-se com Jesus?” Isso porque a mãe sempre lhe dizia que Jesus está no nosso coração.

O médico ficou surpreso e sem saber o que responder. E descartou dizendo: “Depois eu lhe direi se encontrei ou não Jesus”.

Em casa, o médico pensou: Encontrar-se com Jesus! Bem uma criança inocente vem me dizer isso! Eu não posso continuar nesta vida suja que levo... E não conseguia dormir.

Tarde da noite, ele fez a seguinte oração: “Jesus, decidi. Vou deixar essa vida porca que levo e voltar a ser aquele cristão que eu era antes”. Depois desta oração, veio-lhe um sono tranquilo e gostoso, que há tempo não tinha.

Após a cirurgia, logo que a criança acordou, perguntou a ele: “O senhor encontrou-se com Jesus?” “Sim”, disse o médico. E acariciou o menino, escolhido por Deus para ser instrumento de sua conversão.

Deus é criativo e usa as formas mais originais para nos convidar à conversão. Quem é de Deus ouve a sua Palavra, que chega a nós de mil maneiras.


Jesus está dentro da sua casa

Havia, certa vez, um pai de família, em cuja casa nada ia bem. Então ele resolveu pedir conselhos a um sábio. Foi à casa do homem e lhe apresentou o problema:

Muitas dívidas, a esposa sempre doente, a sogra era uma verdadeira jararaca dentro de casa, o filho mais velho mandou fazer uma tatuagem horrível no braço, representando uma caveira; além disso, ele era rebelde e agressivo.

A filha moça usava roupas escandalosas, e um dia o pai a viu em um bar, sentada no colo de um homem...

“E há mais”, disse o homem. “O meu filho mais novo já repetiu de ano duas vezes na escola”.

O sábio escutou tudo com atenção, e no fim disse apenas o seguinte: “Jesus está dentro da sua casa!”

O homem se despediu e saiu encabulado. Chegando à sua casa, contou para o filho mais novo o que o sábio lhe havia dito. “Mas o problema é saber quem é Jesus aqui em casa!” disse o pai.

O menino falou: “Pai, talvez Jesus seja o Marcos”. Marcos era o irmão mais velho. O pai respondeu na hora: “Imagine! Você já pensou Jesus na cruz, com uma tatuagem daquela no braço?”

“Então”, disse o garoto, “quem sabe seja a Andréia?” Andréia era a moça. O pai discordou novamente: “Como que ela pode ser Jesus, se frequenta bares, e chega a sentar-se no colo dos homens?”

O filho respondeu: “Pai, talvez a Andréia faça isso porque o senhor não dá mais carinho para ela. Eu me lembro que anos atrás ela se sentava no colo do senhor!” A partir daquele dia, o pai começou a agradar mais a moça. Apesar disso, ele duvidava.

Um dia, conversando com o menino, este disse: “Quem sabe seja a vovó, pai?” O pai gritou: “Aquela jararaca rabugenta?” Mas o homem ficou pensando durante a noite, e teve uma ideia: Resolveu levantar-se mais cedo e levar café na cama da sogra.

No outro dia cedo, fez o café, colocou na bandeja, preparou tudo e bateu na porta dela. “Pode entrar”, disse ela. O genro entrou e lhe ofereceu o café. A sogra então lhe falou: “Beba você primeiro”. Ele tomou um pouquinho, pronto, ela também tomou o café. Pediu a ele que tomasse porque desconfiou ser veneno. A partir daquele dia, a sogra começou a melhorar.

Mas o homem achava que ainda não tinha descoberto quem era Jesus. E o menino sempre o ajudava.

Um dia, o garoto lhe disse: ”Pai, será que não é a mãe? Coitada! Ela anda tão doente, e trabalha o dia inteiro. E, à noite, a gente sai e a deixa sozinha em casa!” Então o homem começou a agradar mais a esposa.

E a família toda foi melhorando. A moça voltou a sentar-se no colo do pai e parou de ir ao bar. Até aquelas roupas escandalosas ela parou de usar. O homem conseguiu pagar as dívidas.

Num domingo, a família toda estava na fila da Comunhão e o sábio viu a bela cena. Foi até o homem e lhe disse ao ouvido: “Eu não falei que Jesus estava na sua casa? Olhe aí!”

Vamos pedir a Maria Santíssima que faça da nossa casa uma família semelhante a sua, em Nazaré, com Jesus dentro dela.

É próprio de quem ama confiar na pessoa amada e jogar-se nas mãos dela, como fez Maria: “Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim conforme a tua palavra”. Uma família assim só pode dar certo.


Orígenes beijava peitinho do seu filho

Orígenes foi um grande escritor cristão da Igreja primitiva. Ele era casado. Conta-se que, quando o seu filhinho tinha poucos meses, todos os dias de manhã ele se dirigia ao berço do bebê e beijava o seu peitinho.

Um dia, alguém lhe perguntou por que ele fazia aquilo. Orígenes respondeu: “É porque este menino é templo de Deus. Deus habita nele desde o dia do seu batismo”.

Você já pensou se nós tivéssemos esse respeito pelo corpo do nosso próximo? O mundo seria diferente!


Ou você muda de vida, ou de nome

Certa vez, o grande general Napoleão Bonaparte ficou sabendo que no seu exército havia um soldado que era medroso. E o pior: O nome dele era também Napoleão. O general ficou furioso.

Mandou chamar imediatamente o soldado e lhe disse: “Ou você muda de vida, ou muda de nome. Você não pode ter o meu nome e ser medroso!”

Pelo batismo, nós recebemos o nome de Cristo. Somos chamados de cristãos. Certamente, muitas vezes, Cristo tem o mesmo desejo de Napoleão: Ou você muda de vida e passa a seguir-me, ou muda de nome. Desse jeito não dá.

Maria Santíssima honrou o nome que recebeu: Mãe de Deus. Santa Mãe de Deus, rogai por nós.


A nossa vida é como um bordado

Certa vez, uma senhora estava fazendo um bordado. Eram vários novelos de linha, de cores diferentes, parecendo um emaranhado.

Chegou seu filho pequeno e começou a observar. Logo perguntou: “Mãe, o que a senhora está fazendo?” “É um bordado, filhinho”, respondeu ela. “Mas agora você não entende. Vá brincar, e quando estiver pronto eu chamo você para ver”.

À tarde, a mãe chamou o menino e ele ficou encantado com a paisagem no pano de prato.

Na nossa vida, acontece algo parecido. Nós não conhecemos direito o nosso futuro, onde que vai dar tudo o que nos acontece no dia a dia. Mas Deus sabe; ele tem todo o bordado da nossa vida diante de si.

Deus é o artista. O importante é nós irmos respondendo “sim” a cada chamado dele, na confiança de que um dia entenderemos tudo. Não só entenderemos, mas teremos a alegria de contemplar a beleza do conjunto.


A cobra que perseguia o vagalume

Certa vez, uma cobra começou a perseguir um vagalume. O vagalume fugia rapidamente, com medo do animal venenoso, mas a cobra não desistia.

Um dia, já cansado, o vagalume parou e perguntou à cobra: “Por que você insiste em me perseguir, sendo que há tantos animais mais apetitosos que eu?” A cobra respondeu: “É porque eu não suporto ver você brilhar!”

Infelizmente é assim. Quando uma pessoa se sobressai, usando bem os seus talentos, surgem os invejosos que querem rebaixá-la. A pessoa está simplesmente tentando realizar-se na vida, subir ao Céu e levar outros consigo, mas aqueles que são da terra, que são do buraco, como as cobras, não suportam ver ninguém subir e se destacar. Querem jogar todas as pessoas no buraco, para serem iguais a elas.

Quanto mal fazem essas serpentes venenosas, com seu veneno da inveja e do ciúme! Elas fazem comentários negativos, destacando nos outros as suas fraquezas, não as suas riquezas, que todos temos, pois somos criaturas de Deus e Deus só faz coisas boas. Consciente ou inconscientemente, elas querem destruir o próximo. Convertei-nos, Senhor Deus do mundo inteiro!


O Pe. Alderiges e seus gostos

O Pe. Alderiges era pároco de Santa Rita de Caldas MG. Faleceu em 1997 e está em processo de beatificação.

Um dia, ele disse: “Eu gostava tanto de ler. Mas a minha vista não ajuda mais. Ficou fraca”.

Eu adorava fazer caminhadas. Mas agora o meu joelho dói.

Eu apreciava uma cervejinha. Mas o médico me proibiu.

Eu era vidrado numa costela de porco. Meu estômago não aceita mais.

Como Deus é bom! Ele vai aos poucos nos desprendendo desta terra, para a eternidade”.


O doente sem pernas

Certa vez, o grupo de jovens de uma paróquia do interior resolveu, num domingo à tarde, visitar o hospital. Eram jovens novinhos, alguns ainda adolescentes.

Visitando as enfermarias, viram um senhor coberto com um lençol, com apenas a cabeça de fora. Ficaram em volta da cama e começaram a rezar, pedindo a saúde para ele. Os jovens diziam: “Senhor, cure este doente! Que ele possa levantar-se desta cama e andar!”

Estava também na enfermaria um senhor visitando outro doente. Ele falou para os jovens: “Não adianta, ele não vai andar!” Os jovens não deram ouvidos e continuaram rezando.

No fim, ao se despedirem, disseram ao doente: “Deus vai ajudar e o senhor vai se levantar desta cama e andar”. Novamente o homem disse: “Ele não vai andar!” Aproximou-se, levantou o lençol e mostrou para os jovens que o doente não tinha as duas pernas. E disse mais uma vez: “Eu não estou falando? Ele não vai andar. Olhem aí!”

Os jovens contaram para seus pais o acontecido. Um dos pais se comoveu, foi ao hospital, pegou aquele doente, que era pobre, e o levou para um hospital ortopédico especializado em próteses. Colocaram pernas mecânicas no homem, e ele realmente se levantou e andou.

Jesus é o Rei do universo. Quando ele disse: “Pedi e recebereis”, empenhou nessa frase o seu nome e o seu poder divino. E Deus, como sabemos, pode tudo. Para ele nada é impossível. Inclusive fazer uma pessoa sem pernas andar.

Maria Santíssima é a nossa Rainha. Que ela interceda por nós junto ao Rei, seu Filho, a fim de que confiemos mais em Deus.


A aluna e a cicatriz

Certa vez, uma aluna de dez anos apareceu na escola, após a matrícula, com uma cicatriz grande e feia no rosto. A professora lhe pediu que, para não assustar as outras crianças, ela ficasse em um lugar isolado e só entrar na classe depois que todos já estivessem acomodados.

Depois de combinado isso, a professora perguntou à menina o que aconteceu. Ela explicou: “Estourou o bujão de gás e pegou fogo na minha casa. O fogo se alastrava rapidamente. A mamãe conseguiu ir ao quarto e retirar o meu irmão de quatro anos. Mas o bebezinho ficou lá, no berço.

As chamas eram altas. Eu queria ir ao quarto, mas todos diziam que não, pois eu também morreria.

Eu consegui escapar, fui rapidamente ao quarto, peguei minha irmãzinha, que estava chorando, e saí com ela nos braços. Na saída, caiu no meu rosto uma madeira em brasas, que me queimou, de onde surgiu esta cicatriz.

Hoje, quando chego em casa, a primeira pessoa que vem me receber é minha irmã. E ela dá um beijo nesta cicatriz, que a salvou”.

A professora, emocionada, pediu desculpas à aluna e determinou: Você será a primeira da fila.

O mundo está cheio de pessoas com cicatrizes, físicas ou não, visíveis ou não. Mas o amor cobre todas essas cicatrizes.


Leonardo Da Vinci quadro Última Ceia

Leonardo da Vinci foi um grande pintor italiano do Séc. XV. Ao pintar sua obra prima, a Última Ceia, quis colocar em destaque a figura de Jesus.

Quando terminou o quadro, perguntou a um amigo: “O que mais chama a sua atenção neste quadro?” O amigo respondeu: “É este lindo castiçal que está sobre a mesa”.

Da Vinci pediu desculpas e, na hora, pegou o pincel e cobriu o castiçal. Depois explicou: “O que eu quero neste quadro é chamar a atenção para a figura de Cristo”.

Imagine se Da Vinci pintasse um presépio, depois perguntasse para nós o que mais chama a nossa atenção, e nós respondêssemos que é tal pastor, ou tal ovelha... Com certeza ele iria tirar todos os pastores e ovelhas do seu quadro.

Que a nossa vida seja como o quadro da Ultima Ceia: Centralizada em Cristo.


A bicicleta nova

Certa vez, por ocasião do Natal, um menino ganhou um lindo presente: Uma bicicleta nova. Montou nela e saiu para passear na rua.

Um garoto da sua idade viu e ficou encantado com a bicicleta. Perguntou: “Como você conseguiu esta bicicleta?” O outro respondeu: “Foi meu irmão que me deu”.

Ele olhou bem para a bicicleta e disse: “Nossa, como eu gostaria de ser como o seu irmão!”

Em seguida convidou o dono da bicicleta para ir com ele até a sua casa, que era perto. Chegando, ele foi lá dentro, trouxe o seu irmão menor, apontou para a bicicleta e disse: “Quando eu crescer, vou comprar para você uma bicicleta igualzinho a esta”.

Esse menino tinha no cor um presente de Natal muito mais valioso que uma bicicleta: O amor. E este presente ninguém rouba.

Em geral, o nosso desejo numa situação dessas é ser como aquele que ganhou a bicicleta, não como aquele que a deu. Mas este garoto não. O seu desejo era ter a sorte de amar o irmão.

“Descubra a felicidade de servir”. “Há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20,35).

Jesus esvaziou-se para nos enriquecer de presentes. Ele mesmo não tinha nem onde reclinar a cabeça, mas nem ligava para isso.

Q o nosso desejo também assim, não ter a sorte de quem recebe, mas ter a felicidade ded quem dá.

Quando Maria Santíssima disse que Deus “encheu de bens os famintos”, ela mostrou que sonhava com um mundo em que todos tivessem vida e vida plana. Santa Mãe de Deus, rogai por nós.


A parte mais importante do corpo

Certa vez, uma mãe perguntou ao seu filho adolescente, qual é a parte mais importante do corpo. O menino respondeu: “Acho que são as orelhas”. A mãe lembrou-lhe que muitas pessoas são surdas e, no entanto, vivem normalmente.

“Então são os olhos”, disse o filho. “Ainda não acertou”, respondeu a mãe. “Porque há muitas pessoas cegas que são felizes”.

O menino pensou... mas não conseguiu responder corretamente.

Um dia, o avô do adolescente faleceu. Os pais choraram, e se consolaram mutuamente. O menino também chorou e o pai o abraçou.

A mãe então lhe disse: “Está vendo, filho, qual a parte mais importante do corpo? É o ombro. Não porque ele sustenta a nossa cabeça, mas porque ele pode apoiar a cabeça do próximo que chora e sofre”.

Muitos têm o que comer, mas precisam de um ombro amigo para chorar e desabafar. Todos nós precisamos de um ombro para expressar os nossos sentimentos.

Jesus sempre foi um ombro amigo para os que viviam ao seu lado.


Pintor se pinta ultrajando Jesus

Rembrandt foi um grande pintor holandês do Séc. XVII. Uma de suas obras mais famosas é o quadro da crucificação de Cristo.

Esta obra, de uma beleza singular, tem um detalhe curioso: Existe uma multidão ao lado da cruz, com rostos bem nítidos, ultrajando Jesus. E um desses rostos é o de Rembrandt.

Um amigo seu lhe perguntou por que fez aquilo. O artista respondeu que esta foi a forma que ele encontrou de reconhecer que colabora na crucificação do Salvador do mundo. E foi também um convite a ele próprio para se penitenciar por isso.

Jesus continua sendo crucificado no mundo. E nós, de que lado estamos?


Festinha de aniversário sem a aniversariante

Certa vez, numa aula de catecismo, uma criança pediu licença à catequista para celebrar o aniversário de sua mãe na sala da catequese. A catequista consentiu. A menina convidou os coleguinhas da classe e pediu que cada um trouxesse uma coisa: refrigerantes, doces etc.

No dia marcado, a catequista foi ao centro catequético para cumprimentar a aniversariante. Quando chegou, viu as crianças na maior alegria e festa. A música tocava alto e elas comiam bolo, doces, salgadinhos e tomavam refrigerante.

A garota que fez a festa estava ali, mas a catequista não viu a sua mãe. Então perguntou a ela: “Onde está a sua mãe?” Ela respondeu simplesmente: “Mamãe não veio”. Nem ela nem as demais crianças estavam preocupadas com isso. O que queriam era a festa.

Esta mesma cena acontece no Natal, em milhares de famílias e de instituições. Festejam o nascimento de Jesus, sem se lembrar dele.

É justamente por isso que a santa Igreja criou o tempo do Advento, que tem o objetivo de nos preparar para celebrar bem o Natal.

Maria Santíssima fez o primeiro Advento, que durou nove meses. E o fez muito bem. Santa Mãe do Redentor, rogai por nós.


O amor aos pobres cura

Havia, certa vez, uma jovem, de família classe média, que estava ficando cada vez mais doentia. Por fim, ela não queria mais nem se levantar da cama. Era uma doença misteriosa, que nenhum médico descobria.

Um dia, após os exames, o médico chamou os pais dela e disse: “Quero tentar ainda um recurso. Se vocês me permitirem, levarei a sua filha comigo para um passeio”.

Os pais concordaram. No dia seguinte, logo de manhã, o médico parou seu carro na frente da casa deles, a jovem entrou e saíram. Atravessaram a cidade e seguiram por ruas de terra, num bairro muito pobre.

Ele parou na frente de uma casa muito pobre, e disse a ela: “Chegamos. Vamos fazer uma visitinha a esta família”.

Ao entrarem na casa, o médico foi recebido naturalmente, sinal que ia lá com frequência. Ele apresentou a garota e fez perguntas sobre a saúde da viúva e dos filhos.

A moça observava tudo. O médico deixou alguns medicamentos e despediu-se.

Na volta, a menina perguntou se iam retornar. “Sim” respondeu ele.

Dois dias depois, quando o médico chegou à casa dela, a jovem já o esperava com saquinhos plásticos cheios de alimentos. Ela já estava mais alegre e sorridente.

Chegando à casa, foi ela que mais conversou. O médico estava contente. Seu novo “remédio” estava dando certo. Visitaram também outras famílias na mesma situação.

Várias vezes repetiram essas visitas. Durante o percurso, ela já conversava animada, com brilho nos olhos. Depois, ela passou a ir por si mesma, junto com alguns amigos.

Semanas depois, a moça estava curada, bonita e feliz.

Os nossos dons foram feitos para servirem o próximo, e não para serem guardados só para nós. E o principal dom que temos é o amor.

Maria Santíssima não enterrou seus talentos, especialmente o dom de amar. Por isso, foi sempre uma mulher feliz.


Homem sonha com caminhos bifurcados

Certa vez, um homem sonhou que estava indo por um caminho, e lá na frente encontrou uma bifurcação, com as devidas placas. Em um dos caminhos estava escrito: “Quem tem fé”. E no outro: “Quem não tem fé”. Ele pegou o caminho dos que têm fé.

Mais na frente, outra bifurcação, com as placas. Em uma delas: “Quem obedece aos mandamentos”. Na outra: “Quem não obedece aos mandamentos”. Ele pegou o caminho dos que obedecem aos mandamentos.

Mais na frente, outra bifurcação. De um lado, a placa dizia: “Quem ama o próximo”. Do outro: “Quem não ama o próximo”. Ele pegou o caminho dos que amam o próximo.

Lá na frente, ainda outra bifurcação. A placa de um dos caminhos dizia: “Quem tem o coração puro”. A placa do outro: “Quem tem o coração impuro”. Ele seguiu o caminho dos que têm o coração puro.

Mas, coitado! Logo na frente, olhou de lado e viu que estava dentro do inferno. Nesta hora ele acordou assustado. Ainda bem que era sonho!

Este sonho foi um alerta para aquele senhor. Foi uma chamada da sua consciência, a fim de que ele deixasse de ser um fariseu convencido.

Este sonho nos lembra a parábola do fariseu e do publicano (Cf Lc 18,9-14).


Os bêbados e a canoa

Certa vez, dois bêbados foram, à noite, a um bar, como sempre faziam. O bar ficava do outro lado de um rio. Como o rio era largo, foram de canoa. No bar, os dois encheram a cara.

Já tarde da noite, resolveram voltar para casa. Foram para a beira do rio, entraram na canoa e um disse ao outro: “Você vai dormir e eu fico remando; depois a gente troca”.

E assim passaram a noite: Um remava um pouco, depois trocava com outro.

Quando o dia amanheceu, eles perceberam que estavam no mesmo lugar. Foram ver o motivo: Esqueceram-se de desamarrar a canoa!

Quem vive no pecado faz exatamente assim. “Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguês e das preocupações da vida. E assim o Dia do Senhor vos pegará de surpresa” (Lc 21,34).


A estranha visita ao Menino Jesus

Diz uma lenda que, quando Jesus nasceu em Belém, um dia chegou à gruta para visitá-lo uma mulher. Ela era muito feia. Ao passar perto de Maria, a mulher abaixou a cabeça, de vergonha. Maria olhou para ela apreensiva, temendo que o Menino Jesus se assustasse diante de tanta feiura.

A mulher ajoelhou-se diante da manjedoura e abaixou a cabeça, adorando a criança. Em seguida, desembrulhou um objeto que trazia na mão e ofereceu ao menino. Era uma maçã.

Jesus aceitou. Pegou a maçã com as duas mãozinhas. Ela o beijou e ficou ali durante alguns instantes, em oração. Depois, levantou-se, Jesus sorriu para ela e ela sorriu para Jesus.

Ao sair, ela sorriu para Maria e para José, que também sorriram para ela. Maria e José ficaram maravilhados ao perceber que agora a mulher não era mais feia, mas muito bonita e graciosa. Uma mulher renovada.

Certamente você já entendeu quem é essa mulher. É Eva. Ela veio pedir desculpas a Jesus por ter sido enganada pela serpente, comido a maçã e ainda ter oferecido ao esposo. Ela veio também agradecer a Jesus, que destruiu esse pecado.

Quando somos perdoados, nós nos renovamos. De feios, nos tornamos bonitos.


O Sr. Dito e seu burrinho

Havia, certa vez, numa pequena cidade do interior, um homem muito bom, que o povo chamava de Sr. Dito. Ele tinha um burrinho e com esse animal passava pelas ruas recolhendo donativos para os pobres.

O povo sabia que era ele, por causa da campainha que o burrinho trazia amarrada ao pescoço. Quando ouviam a campainha, saíam à porta de suas casas com os donativos para o Sr. Dito. Durante a noite, o burrinho ficava no curral do Sr. Dito.

Numa noite, um ladrão foi lá e roubou o burrinho. Levou-o para o seu curral, e foi dormir.

Mas o ladrão não conseguia dormir porque, cada vez que o burrinho se mexia, a campainha tocava e o acordava. Já tarde da noite, o ladrão foi lá, tirou a campainha do pescoço do burrinho e a colocou perto da água. Mais tarde, o burrinho foi beber água, esbarrou na campainha, esta tocou e acordou o ladrão.

Ele voltou ao curral e escondeu a campainha debaixo do capim. O burrinho foi comer o capim, mexeu na campainha, esta soou novamente e acordando o ladrão.

Não havia jeito. Quando eram três da madrugada, o ladrão perdeu a paciência, foi ao curral, pegou o burrinho com campainha e tudo e devolveu ao curral do Sr. Dito.

Nós também temos uma campainha que soa quando fazemos uma coisa errada. É a nossa consciência, que fica sempre nos inquietando. Não adianta querer esconder essa campainha, porque ela continua soando e nos inquietando, onde quer que estejamos. Não adianta correr dela, ou viajar para longe, porque ela vai atrás de nós. Ela só nos deixa em paz quando nos libertamos do pecado.

Foi Deus que criou essa campainha, porque nos ama e não nos quer longe dele e infelizes.

Maria Santíssima não servia a dois senhores, mas somente a Deus. Por isso nunca fez pecado. Imaculada, Maria de Deus, rogai por nós.


O pastorzinho dorminhoco

Diz a lenda que, na noite do Natal, um dos pastores estava dormindo quando os anjos apareceram, e por isso não viu nada. Em vez de cuidar das ovelhas, ele estava dormindo.

No outro dia, os colegas contaram para ele a maravilha que havia acontecido naquela noite, e a visita que fizeram à gruta.

O pastorzinho saiu correndo, e foi até a gruta indicada pelos colegas, a fim de ver o Messias, o Salvador do mundo.

Entretanto, ao chegar à gruta, ficou decepcionado. Viu apenas uma criança pobre, num coxo de animais. A mãe e o pai ali, também pobres. Não viu nada que mostrasse que aquela criança era o Messias. Ele pensou: Acho que errei a gruta.

Mas como fazia frio, ele ficou com dó da criança, que tinha pouco agasalho. Pegou o seu manto e o deu à mãe para que envolvesse o bebê.

Neste momento, seus olhos se abriram e ele viu raios de luz que saíam da criança. E ouviu também anjos cantando lindas canções. Na hora, ele se ajoelhou e o adorou ao Deus encarnado.

Que não aconteça de nós também estarmos dormindo, e assim não vermos o nascimento de Jesus. E principalmente vamos praticar a caridade, porque ela abre os nossos olhos para a verdade, para Deus.


O quarto rei mago

Há uma lenda que diz que quando os reis magos saíram do Oriente, eram quatro. Aconteceu que um deles, que ia atrás, ao passar por um mendigo, ficou com dó, pois fazia frio e o pobre estava sem agasalho.

O mago parou, desceu do camelo e deu-lhe água, comida e agasalho. Enquanto isso, os outros três não perceberam e foram embora.

Logo que terminou de atender o mendigo, ele foi depressa alcançar os colegas, mas não os encontrou! E não viu mais a estrela.

Desesperado, o pobre homem não parou mais de viajar, a procura do Messias, o Rei das Nações. Andou pelo mundo inteiro.

Depois de muitos anos, quando já estava velhinho, passava por Jerusalém e alguém lhe informou: “Há um condenado subindo aquele morro com uma cruz às costas, e dizem que ele é o Messias”. O mago foi lá.

Quando Jesus o viu, levantou o rosto ensanguentado e disse: “Meu irmão querido, nós já nos encontramos. Aquele mendigo era eu. Por isso que a estrela desapareceu”.

Nós não precisamos fazer longas viagens para nos encontrar com Jesus. Ele está bem pertinho de nós, ao nosso lado, na pessoa que, de qualquer forma, passa necessidade.

Maria Santíssima fez a primeira Epifania, mostrando o recém-nascido ao mundo, representado pelos pastores e pelos reis magos que visitaram Jesus. Que ela nos ajude a continuar o seu gesto de mostrar Jesus ao mundo.


Ninguém liga para a graça de Deus

Certa vez, a secretária de uma paróquia estava tentando convencer um jovem casal, que queria batizar seu filho, a aproveitar a ocasião e se casar na Igreja. A secretária usava como argumento agradar a Deus. Ele dizia: “É bom vocês se casarem na Igreja, porque Deus quer isso, é vontade dele...” Mas não estava conseguindo convencê-los.

No escritório paroquial estava também o coordenador de uma Comunidade da paróquia. Ele ouviu a conversa, chamou a secretária à parte disfarçadamente e lhe disse: “Agradar a Deus’ não convence ninguém. Para convencê-los diga o seguinte:

“Se vocês não se casarem na Igreja, quando essa criança crescer, ela vai descobrir. Então vocês vão ficar com vergonha. Por isso é melhor vocês se casarem agora”.

Pronto, foi só a secretária falar isso, o casal concordou em se casar. Que coisa triste! A graça de Deus é o maior tesouro que temos, mas ninguém liga para ela!

Maria Santíssima tinha uma única riqueza: Era cheia de graça. Nossa Senhora das graças, rogai por nós.


S. Francisco de Sales e o forno

S. Francisco de Sales viveu no Séc. XVI, na França. Era um missionário zeloso. Infelizmente, naquela época, estavam surgindo seitas de todo tipo, arrastando muitos católicos e até despertando ódio contra a Igreja que Jesus fundou. Na França, a principal dessas seitas era o calvinismo.

Um dia, o Pe. Francisco de Sales foi a uma Comunidade rural celebrar a Missa. Quando chegou a noite, uma noite muito fria, nenhuma família lhe deu hospedagem. Todos diziam que a sua casa estava cheia.

Pe. Francisco saiu em uma estrada, à noite, mas todas as casas estavam fechadas. E fazia muito frio. Felizmente, no quintal de uma casa havia um grande forno, que ainda estava quente, pois a família tinha assado pão nele à tarde. Ele entrou dentro do forno, e ali passou uma noite gostosa e quentinha.

Nós podemos entrar sem medo no mar revolto da vida, pois Deus caminha conosco e ele é poderoso, sempre tem uma saída para nos proteger, mesmo que seja um forno.

Que Maria Santíssima nos ajude a ter tanta intimidade com Cristo, que nunca precisemos perguntar: “Quem é esse homem?” Esse homem é Jesus, o Filho de Deus, que transforma as tempestades em bonança (Cf Sl 106 (105), 9ss).


As crianças em volta da porteira

Certa vez, numa escolinha de roça, dois alunos irmãos, um menino e uma menina, chegaram tristes para a aula. A professora perguntou por quê e eles explicaram: “Hoje é o último dia nosso aqui na escola. Um empregado da fazenda foi lá em casa e avisou que amanhã cedo vão retirar a porteira e fechar a estrada”.

A família morava do outro lado dessa fazenda e o único acesso à escola era passando por dentro de um canto do terreno da fazenda.

O dono da fazenda morava na cidade e estava fazendo isso para forçar o pai das crianças a lhe vender o sítio. Todos os esforços do pai, pela via do diálogo, tinham sido inúteis.

A professora, que já sabia de tudo isso, disse para as duas crianças: “Amanhã, vocês ainda podem vir, porque às seis e meia da manhã eles ainda não fecharam a porteira".

No outro dia cedo, logo que as trinta crianças chegaram, a professora os levou para a porteira. Meia hora depois, chegou o trator com uma carreta trazendo os peões para arrancar a porteira e fechar a cerca.

Mas como fazer isso, se nem as crianças nem a professora saíam de volta da porteira? Pediram a ela e às crianças que se retirassem, mas não adiantou, ninguém arredou o pé. O jeito foi manobrar o trator e voltar para a sede da fazenda. Foi difícil manobrar, porque a estrada tinha barranco dos dois lados.


Este fato é um exemplo de que os pequenos unidos vencem os grandes. Certamente, Nossa Senhora pensou nessa força da união, quando cantou o seu belíssimo hino, o Magnificat. Os discípulos do seu Filho, unidos, irão derrubar os poderosos de seus tronos e elevar os humildes.

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