PADRE QUEIROZ

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Histórias de vida-Maio

Histórias de vida - Maio



Paz em meio ao perigo

Certa vez, um rapaz se descuidou e estava escorregando em um barranco que dava para um precipício. Ele se agarrou em algumas raízes e ficou dependurado.

Ao olhar para cima, viu um leão querendo devorá-lo. O leão rosnava e mostrava os dentes. Olhou para baixo e viu, prontas para engoli-lo, nada menos que seis onças. O moço erguia a cabeça, via o leão. Abaixava a cabeça, via as onças miando e de olhos fitos nele.

Então ele olhou de lado e viu um pé de moranguinhos, cujas frutas estavam maduras e cheirosas. Segurando a raiz com uma das mãos, com a outra apanhava os morangos e comia. Não só comia, mas se deliciava com a gostosura das frutas. Assim, ele sentiu um grande prazer, comendo aqueles morangos cheirosos.

Você me pergunta: E o leão? Dane-se! E as onças? Danem-se! O importante agora é comer os morangos.

Claro q não podemos ser temerários, cruzando os braços e esperando q Deus resolva sozinho os nossos problemas. Mas um pouco de alegria em meio à crise faz bem. Afinal, J é forte, venceu e está conosco.

Todos nós encontramos pedras no nosso caminho, grandes ou pequenas. Aquelas que podemos retirar, nós retiramos. Mas aquelas que não damos conta, vamos nos lembrar que Deus é providente e, na hora certa, as retirará. Se ficarmos olhando só para os problemas, podemos entrar em depressão.

Maria Santíssima nunca se deu por vencida diante de problemas. Ela sabia que estava dentro do coração de Deus, infinito em poder e criatividade. O que nos parece impossível, para ele é como uma palha.


Como mudar o mundo

Havia, certa vez, um rapaz que era revoltado com os erros da sociedade. Ele quis então mudar o mundo. Esforçava-se, lutava... Viu que os resultados eram muito pequenos.

Então decidiu: Eu vou mudar a minha cidade. E começou a trabalhar nesse sentido. Mas, um tempo depois, percebeu que a tarefa estava difícil.

Ele pensou: Já sei. Vou mudar pelo menos a minha rua. E empregou todos os esforços nesse sentido. Depois de um tempo, coitado! Não viu resultado.

Então ele decidiu com entusiasmo: Vou mudar a minha família. Após alguns meses, viu que os frutos da sua luta eram pequenos demais.

Após um bom tempo, já adulto, ele decidiu: Vou mudar a mim mesmo. E começou a se esforçar nesse sentido. Logo ele viu que estava melhorando. E, para sua alegria, viu que, junto com ele, a família estava se tornando melhor, a sua cidade estava mais rica em virtudes, as quais, aos poucos, iam se espalhando pelo mundo.

“Por que observas o cisco que está no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?” (Lc 6,41).


A reforma da Igreja

S. Francisco de Assis, quando era jovem, numa noite teve um sonho, no qual ouviu Cristo lhe dizendo: “Reforme a minha Igreja!”. Perto de sua casa havia uma capela que estava quase caindo aos pedaços. Era a capela de S. Damião. Francisco fez uma campanha, arrumou colegas e reformou a capela. Dias depois, ele teve outro sonho, no qual Cristo lhe disse: “Está bom o que você fez. Mas não foi isso que lhe pedi. Eu quero que você reforme a minha Igreja viva”.

Foi a partir daí que S. Francisco iniciou a Família Religiosa Franciscana.

Muitas Comunidades cristãs se preocupam exageradamente com a construção e reforma de prédios e se esquecem que a principal reforma que Cristo quer é a da sua Igreja viva.

O diálogo é a porta para a reconciliação

Certa vez, houve uma discussão feia entre um casal, e a esposa parou de falar com o marido. Passou um dia, dois, três dias... nada. Ela cumpria todos os seus deveres, mas sem falar com ele.

Então o esposo teve uma idéia. À noite, quando os dois estavam no quarto, ele abriu o guarda-roupa e começou a puxar as gavetas, como se estivesse procurando algo. Tirava objetos, colocava-os de novo no lugar... Era uma procura sem fim.

Até que ela não resistiu e lhe perguntou: “O que você está procurando?” Ele sorriu e disse: “Ô querida, já achei. Eu estava procurando a sua voz!”

Os casais precisam encontrar saídas melhores para resolver os impasses na convivência matrimonial. E nunca interromper o diálogo com as pessoas com quem convivemos, pois o diálogo é a porta pela qual passam as tentativas de reconciliação. Se conversamos pode ser que uma desavença seja esclarecida, sem conversar é certo que ela não será esclarecida.

Maria Santíssima passou por vários problemas familiares, mas nunca interrompeu o diálogo com ninguém. Que ela nos ajude.


Sacerdote santo

O Pe. Vítor, de Três Pontas MG, viveu no Séc. XIX e está em processo de beatificação. Ele fazia muita caridade.

Conta-se que um dia ele foi fazer um casamento na roça e lá o pai da noiva lhe deu um envelope. Ele pôs o envelope no bolso da batina e voltou para a cidade.

Ao chegar à sua casa, um casal pobre lhe pediu um auxílio. Pe. Vítor enfiou a mão no bolso, pegou aquele envelope e deu para eles.

Horas depois, o casal voltou preocupado e lhe disse: “Pe. Vítor, o senhor se enganou. Nós pedimos um trocado, e o dinheiro que o senhor deu dá para comprar uma casa!”

O padre perguntou: “Vocês têm casa própria?” Eles disseram: “Não temos”. “Então comprem a casa!” disse o Pe. Vítor.

Deus criou a terra, com todos os bens que nela existem, para todos os seus filhos e filhas, não apenas para alguns. “Jesus passou pela vida fazendo o bem” (At 10,38).

“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. Com grande poder, os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e sobre todos eles multiplicava-se a graça de Deus. Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o depositavam aos pés dos Apóstolos. Depois era distribuído conforme a necessidade de cada um” (At 4,32-35).

Maria Santíssima tinha um amor muito grande aos necessitados. Basta ver o seu hino, o Magnificat, a visita a Isabel, a preocupação com a falta de vinho no casamento em Caná etc. Que ela nos ajude a crescer no amor aos necessitados.


Não faço nada para Deus

Havia, certa vez, um senhor muito pobre, que morava na periferia de uma cidade. Era casado e tinha quatro filhos. A Comunidade cristã local o escolheu como coordenador.

Esse senhor fez o Cursilho de Cristandade, um curso rápido de formação cristã. Agora, como cursilhista, ele começou a participar da reunião semanal dos cursilhistas, no centro da cidade.

Quando chegou a sua vez de dar testemunho, na reunião, ele disse com sinceridade que não fazia nada para Deus. Os colegas começaram a fazer-lhe perguntas:
- Quem é o coordenador da Comunidade lá do seu bairro?
- Sou eu.
- A Comunidade ajuda os pobres?
- Sim. Todo mês nós damos certas básicas para quinze famílias.
- Aqui na Matriz você faz alguma coisa?
- Sou Ministro da Eucaristia.

Após mais algumas perguntas, todos no grupo estavam chorando.

Quando chegou perto do Natal, ele contou para o seu grupo que todos os anos preparava cestas de Natal para as famílias pobres do seu bairro. O grupo resolveu ajudá-lo. Uma senhora ficou encarregada de receber os alimentos em sua casa e fazer as cestas.

Poucos dias antes do Natal, ela colocou as cestas em um carro grande e as levou à casa daquele senhor, para distribuí-las. Ele entrou no carro e entregou as cestas em todas as casas da lista.

Quando ele voltou para a sua casa, teve uma surpresa: Todo o grupo de cursilhistas estava dentro da casa, e lhe entregaram uma cesta de Natal muito bonita e enfeitada. Ao lhe entregar, disseram: “Fulano, você se esqueceu de colocar a sua casa na lista! Por isso trouxemos esta cesta para você. Foi mais uma choradeira.

Peçamos a Maria Santíssima que nos ajude a fazer alguma coisa para Deus, e a sermos humildes.


O casal, o sábio e o vaso

Havia, certa vez, um casal que estava brigando muito. Já haviam tentado de tudo e nada dava certo. Foram, então, pedir ajuda a um sábio. Após serem bem recebidos pelo sábio, expuseram-lhe o problema.

O sábio os ouviu até o fim, sem dizer nada. Depois pediu licença, entrou dentro de casa, foi até o quintal, pegou um pequeno vaso, encheu-o de terra, arrancou uma muda de flor, enterrou-a no vaso e voltou à sala.

Entregou o vaso a eles e disse: “Levem este vaso para casa. Se esta planta vingar e ficar viçosa, é sinal que a convivência de vocês vai melhorar. Se ela morrer, é sinal que vocês vão continuar brigando”.

Os dois agradeceram e foram embora. Chegando em casa, a mulher regou o vaso e o colocou num lugar bem apropriado. No outro dia, ela foi logo cedo regar o vaso. Mas teve uma surpresa: o marido já estava lá, regando-o. Os dois sorriram um para o outro, e dali em diante as brigas foram diminuindo até desaparecer.

Aquele sábio colocou à prova a esperança do casal. Porque, se não tivessem esperança, ou não quisessem recuperar a convivência, nem iam regar o vaso. Bastava um deles querer, que a plantinha não morreria, isto é, que a união deles não acabaria.


A hipoteca social dos bens

Certa vez, um empresário que tinha uma grande empresa, resolveu doá-la para os pobres. Os pobres se reuniram para receber o presente. Foi passada a escritura e registrada em cartório, direitinho.

Depois de muito diálogo, os pobres decidiram pedir ao empresário que fosse o principal funcionário deles na empresa. Pediram-lhe que ele assumisse a direção geral da empresa, para que ela continuasse com o sucesso que vinha tendo. O antigo proprietário aceitou.

Assim, externamente não mudou nada na empresa. Era ele que continuava assinando todos os cheques e dirigindo todos os departamentos. A grande diferença foi que agora o lucro era totalmente dos pobres.

Muitas empresas hoje são assim. Só que são assim, sem papel passado. Mas isso não faz muita diferença. Que bom seria se os cristãos que possuem muitos bens tomassem a atitude desse empresário!


O burrinho que carregava bugigangas

A muitos séculos atrás, havia, lá na Palestina, nos arredores de Belém, um burrinho. Esse burrinho gostava de bugigangas. Tudo o que ele via, queria para si e punha nas costas. Andava sempre carregado de tranqueiras. Eram caixas e mais caixas amarradas às suas costas.

Um dia, ele estava passando diante de uma gruta e viu lá dentro uma luz diferente, muito bonita. Quis entrar para ver o que era, mas não conseguiu passar na entrada da gruta, devido àquela montanha de objetos que trazia nas costas.

E lá se foi o burrinho com as suas tranqueiras, e perdeu a grande chance de ver o Messias recém-nascido, e assim deixar de ser burro!

O apego às coisas materiais fecha o nosso coração para Deus e para a verdadeira felicidade. Quanta gente se preocupa exageradamente com os bens materiais, e assim perde as oportunidades que Deus lhe oferece de entrar na gruta e encontrar-se com a Luz verdadeira que ilumina o mundo!

Queremos ver Jesus, e junto dele beber da Água Viva da graça. Mas para isso precisamos desfazer-nos dos outros “deuses” que às vezes carregamos. Que Maria Santíssima nos ajude.


Olavo Bilac valoriza chácara

Olavo Bilac foi um dos maiores poetas brasileiros. Morava no Rio de Janeiro e faleceu em 1918. Certa vez, um amigo seu encontrou-se com ele na rua e pediu: “Olavo, estou precisando vender minha chácara, que você bem conhece. Preciso colocar um anúncio no jornal. Por favor, faça para mim o texto do anúncio, porque eu não sei fazer”.

Bilac pegou um papel e uma caneta e escreveu na hora, ali mesmo na calçada, sobre a pasta que trazia na mão, o seguinte texto: “Vende-se uma encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda”.

Meses depois, Olavo encontrou-se com o amigo e perguntou: “Já vendeu a chácara?” “De jeito nenhum”, respondeu ele. “Quando li o anúncio, percebi a maravilha que eu possuo, e a burrada que eu ia fazer ao vendê-la”.

A santa Igreja é como aquela chácara. É maravilhosa, mas muitos não enxergam a sua beleza e as suas qualidades. Precisaria vir um poeta descrevê-la para nós, a fim de a amarmos mais.

Assim como aquele senhor não percebia o valor da sua chácara, nós também, muitas vezes, não percebemos o valor da redenção e do sangue de Jesus derramado. E não vemos direito o valor que tem Maria Santíssima na nossa vida.


Santo Antão, pai da vida religiosa

Santo Antão nasceu no ano 251, no Egito. Filho de pais cristãos fervorosos, desde cedo se afeiçoou pela oração e pela vida de união com Deus.

Quando tinha vinte anos, numa Missa de domingo, ouviu as seguintes palavras do Evangelho: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me” (Mt 16,21).

Antão entendeu aquelas palavras como Jesus falando diretamente para ele. E saiu da Missa decidido. Vendeu todos os seus bens e deu o dinheiro aos pobres. Depois foi morar sozinho, numa cabana pobre no meio do mato, a fim de seguir melhor a Jesus.

Ali viveu como anacoreta, dedicando-se exclusivamente à oração, ao estudo da Palavra de Deus, à prática de penitências e ao trabalho.

Como ele era líder na paróquia, vários jovens, rapazes e moças, resolveram fazer a mesma experiência dele.

Até aquela época, os anacoretas viviam isolados das outras pessoas. Mas esses jovens construíram as suas cabanas perto da cabana de Antão e tinham uma capela central onde rezavam o ofício divino. Também, por motivos práticos, tinham uma só cozinha para todos. Mas fora isso, passavam o dia totalmente em silêncio e isolados.

Esses novos consagrados passaram a chamar-se eremitas. E foi daí que nasceu a vida religiosa que temos hoje. Santo Antão é considerado o pai da vida religiosa.

Vemos que, em Santo Antão, a semente da Palavra de Deus caiu em terra boa e produziu fruto, muito fruto.

Maria Santíssima acolheu muito bem, em seu seio, a Palavra de Deus encarnada. Que ela nos ajude a amar e por em prática a Sagrada Escritura, a fim de que ela produz frutos em nós.


Estou aqui de passagem

No século passado, havia no Egito um sábio que ficou famoso pelo dom que tinha de orientar as pessoas. Escreveu diversos livros, alguns traduzidos para dezenas de idiomas.

Um dia, um americano, que o admirava muito, quis conhecê-lo pessoalmente. Fez a longa viagem até Egito, só para ver o sábio e conversar com ele.

Ao chegar a sua casa, o visitante ficou surpreso. Não havia praticamente nada dentro da casa. Então o americano lhe perguntou: “Onde estão os seus bens?” O sábio apontou para ele e disse: “E os seus bens, onde estão?”

O homem falou: “Mas eu não sou daqui. Estou aqui de passagem”. O sábio lhe disse simplesmente: “Eu também”.

Para que ajuntar bens, se estamos aqui na terra de passagem, e não somos daqui?

“Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões roubam” (Mt 6,19-20).

Maria Santíssima era uma mulher rica, mas dos bens do Céu. Que ela nos ajude.


O frentista de Deus

Certa vez, um casal estava fazendo uma viagem longa, de carro, à noite. Pelas três da madrugada um dos pneus do corro furou. Ele foi dirigindo devagarinho, até encontrar um posto de gasolina.

Ao chegarem ao posto, viram, ao lado da bomba, um homem. O motorista parou o carro e pediu se ele podia trocar o pneu. “Sim”, respondeu o homem. “Mas o senhor me empresta as ferramentas?” “Pois não”, disse o motorista. E lhe entregou o macaco e a chave em cruz.

Enquanto ele fazia o serviço, viram que uma lanchonete do outro lado da avenida abriu as portas. Então o casal foi até lá tomar um café. Enquanto tomavam o café, contaram para o garçom o fato, e a sorte de terem encontrado um frentista naquela hora.

O garçom disse: “Aquele senhor não é frentista. Ele estava esperando nós abrirmos aqui para vir tomar café”.

O casal quis gratificá-lo, mas o homem não aceitou. “Eu tenho com que viver”, disse ele. “Podem ir e boa viagem”.

Durante a nossa vida, as oportunidades de servir o nosso próximo surgem das mais diversas formas. Se o casal não tivesse ido tomar o café, não teria descoberto que aquele senhor não era o frentista.

Maria Santíssima passou a vida servindo, seja em casa como mãe e esposa, seja junto aos vizinhos e parentes, seja acompanhando o Filho e os Apóstolos pelas estradas, junto com as outras mulheres. Mãe do belo amor, rogai por nós.


Perdão sem limites

Certa vez, em um presídio, era horário de visitas. Na sala de visitas havia um senhor conversando com o seu amigo preso. Na frente deles, estava sentada uma senhora, com uma sacola na mão.

Logo entrou o preso que ela foi visitar. Ela se levantou e o abraçou afetuosamente. Em seguida entregou-lhe a sacola. Os dois conversaram bastante, ela o abraçou novamente e foi embora. Ele entrou para dentro do presídio.

O senhor, que observava tudo, perguntou para o seu amigo detento: “Esta senhora é a mãe daquele moço?” O detento respondeu: “Não! Ela é a mãe do rapaz que ele matou! Ela o perdoou e, como prova disso, visita-o de vez em quando e lhe traz presentes”.

Deus cuida de nós com amor infinito; mas exige que perdoemos a todos.


Quentinho o café da senhora

Havia, certa vez, um rapaz que nunca via defeito em nada. Sempre ele encontrava algo de bom para elogiar.

Um dia, seus colegas resolveram pô-lo à prova. Combinaram com a mãe de um deles, e o convidaram para ir lá à noite. A dona da casa foi servir-lhes o café.

Mas, na xícara dele ela colocou sal em vez de açúcar. O moço provou o café, olhou para a mulher, sorriu e disse: “Quentinho o café da senhora, hein?”

De fato, ele não mentiu. O café estava quente. Era a única qualidade daquele café. Assim, o jovem, sem saber, passou no teste dos colegas com nota mil.

Como é bom não ser negativista e saber encontrar qualidades nas coisas e nas pessoas!

Que Maria Santíssima nos ajude a seguir o seu exemplo, crendo em seu Filho de corpo e alma, e jogando-nos ao seu seguimento com a alegria de quem se joga numa piscina.


Professor ateu desafia Deus

Certa vez, um professor do Segundo Ano do Ensino Médio disse na classe que Deus não existe. Os alunos ficaram chocados com a afirmação. Um deles foi mais corajoso e disse: “Discordo, professor. Tenho certeza de que Deus existe”.

O professor, para não ficar por baixo, pediu que um aluno fosse à cozinha e trouxesse um ovo. Depois, segurando o ovo, disse ao aluno que discordara: “Você faça a oração que quiser, depois eu vou deixar este ovo cair no chão. Se ele se quebrar, é sinal que Deus não existe”.

O aluno aceitou o desafio. Levantou-se e fez em voz alta a seguinte oração: “Senhor, peço-vos que este ovo, ao cair no chão, se quebre. E que, no mesmo instante, este professor tenha um ataque cardíaco e morra”.

A oração pegou o professor de surpresa. Ele ficou um momento em silêncio e não teve coragem de deixar o ovo cair no chão.

“Por minha causa, sereis levados diante de governadores e reis, de modo que dareis testemunho diante deles e diante dos pagãos. Quando vos entregarem, não vos preocupeis em como ou o que falar. Naquele momento vos será dado o que falar, pois não sereis vós que falareis, mas o Espírito do vosso Pai falará em vós” (Mt 10,18-20).

Nós somos abertos ao infinito. No fundo, todos os que dizem não acreditar em Deus tem medo dele.


A sanfona

Certa vez, um senhor que morava na periferia e trabalhava no centro de uma cidade grande, estava voltando para casa, à tarde.

Passando por uma rua de um bairro rico, viu, numa lixeira, uma caixa preta parecida com caixa de sanfona.

Ficou curioso e abriu a caixa. Era mesmo uma sanfona. Experimentou-a e viu que ela estava em perfeito estado. Ele se lembrou de um vizinho que sabia tocar sanfona e não possuía o instrumento. Levou-a para ele.

O vizinho se alegrou com o presente e começou logo a tocar as belas canções que sabia. Todos da casa se alegraram. Até algumas crianças da vizinhança apareceram na porta.

À noite, algumas pessoas se reuniram na casa e foi aquela festa. Daí para frente, de vez em quando o sanfoneiro era convidado para tocar em aniversários, rezas etc. A sanfona tornou o bairro mais alegre.

O Papa Pio XII disse uma vez: “Se quem dá um copo ao irmão, não fica sem recompensa no Céu (Mt 10,42), quem faz um irmão sorrir vale por cem copos d’água”

Vamos aproveitar todas as oportunidades que temos para alegrar, descontrair e fazer rir o nosso próximo.

Podemos até nos perguntar: Com qual desses personagens que aparecem nesse fato nós somos mais parecidos? Com quem jogou a sanfona no lixo? Com o senhor que a encontrou e levou para o vizinho? Com aquele que sabia tocar e não tinha sanfona? Com os vizinhos que se reuniam para festejar?


O único medo na vida: Pecar

S. João Crisóstomo viveu no Séc. IV, em Antioquia, na Síria. Tornou-se padre. Anos depois, o bispo de Constantinopla faleceu e ele foi nomeado o seu sucessor.

Constantinopla era a capital do Império Romano do Oriente. Hoje a cidade mudou de nome e chama-se Istambul. É a capital da Turquia.

Logo que tomou posse da diocese, Dom João Crisóstomo percebeu que a sua tarefa era grande. O bispo anterior vivera vários anos doente e as ervas daninhas cresceram em diversos setores da vida do povo.

Um dos problemas era a corrupção política. As pessoas que tinham cargos públicos usavam o poder em benefício próprio, inclusive dentro do palácio, cujo rei se chamava Arcádio, e a rainha, Eudóxia. O próprio rei era corrupto.

Bom orador que era, o Bispo denunciava com veemência esses pecados, usando o grande dom que tinha, a oratória. Crisóstomo significa Boca de Ouro. Ele dizia como Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!” (Mt 23,13).

Logo o rei se viu atingido e começou a odiar João Crisóstomo. Arcádio passou a detestar tanto o bispo, que um dia reuniu o seu conselho e propôs aos conselheiros a seguinte questão: “Eu quero fazer mal a esse bispo. O que devo fazer?”

Um conselheiros sugeriu: “Vamos confiscar todos os seus bens”. Mas outro discordou: “Ele não possui nada. Tudo o que ele tinha deu aos pobres!”

Outro conselheiro então sugeriu o exílio. “Vamos expulsá-lo para longe da Pátria”. Mas outro logo discordou: “Isto não lhe fará mal nenhum, porque o mundo todo é a sua Pátria”.

Arcádio ficou irritado e disse: “Vou então prender os punhos dele com ferros!” “Ele vai beijar esses ferros!” discordou outro conselheiro.

“Então”, disse o imperador, “só lhe resta a morte. Vou mandar matá-lo”. Outro conselheiro objetou: “É justamente isso que ele quer! Ele quer ser mártir como Cristo!”

Nessa hora, um conselheiro levantou-se e disse: “Se Vossa Majestade quer fazer mal a esse bispo, o único meio é levá-lo a pecar; pois este é o único medo que ele tem na vida”.

“Mas como?” indagou o rei. Discutiram muito, mas a pergunta do rei ficou sem resposta. Não existe jeito de fazer um santo pecar!

Alguns meses depois, Arcádio mandou Dom João Crisóstomo para o exílio. Entretanto, de lá ele continuava governando sua diocese e evangelizando os diocesanos. Devido à pressão popular, poucos meses depois Dom João foi trazido de volta para Constantinopla.

Entretanto, a sua liberdade durou pouco. Um ano depois foi novamente exilado, desta vez em um local distante e secreto. Devido aos maus tratos que recebia, pouco tempo depois João Crisóstomo faleceu.

Quando um cristão dá testemunho de sua fé, até os inimigos de Deus reconhecem e, sem querer, colaboram. Que bom se pudessem dizer também a respeito de nós: O único medo que ele ou ela tem na vida, é de pecar. Isso porque Deus é o maior amor e o maior apego de sua vida.


O hospedeiro que estragou o teatrinho

Certa vez, estava chegando o tempo do Natal e uma catequista resolveu fazer com as crianças um teatrinho sobre o nascimento de Jesus.

No teatrinho, um menino era o dono da hospedaria de Belém. Seu papel era apenas dizer para o casal, quando chegasse: “A hospedaria está cheia. Não há mais lugar”.

Mas na hora, quando o garoto viu Maria e José chegarem e pedir um lugar na hospedaria, ele ficou com dó ao ver que eram pobres e ela estava grávida, e disse: “A hospedaria está cheia. Não há mais lugar. Mas entrem aqui, que vamos dar um jeito”.

Pronto, o hospedeiro estragou o teatrinho, pois assim o casal não pôde ir para a gruta, e lá Jesus nascer. Quem é bom, não consegue ser mau nem de mentirinha. Certamente, a família daquele menino era acolhedora dos pobres.


O Menino Jesus pede presentes

Certa vez, no dia do Natal, um garotinho entrou na igreja e foi direto ao presépio. Lá, na sua inocência, disse ao Menino Jesus: “Desculpe, Jesus, hoje é o seu aniversário e eu não trouxe nenhum presente!”

Jesus, então, resolveu conversar com ele. Disse: “Mas eu gostaria que você me desse três presentes.” “Como, se eu não tenho?” respondeu o menino. “Tem sim”, disse Jesus.

“O primeiro presente que eu quero é o último desenho que você fez na escola”. “Iii, Jesus! Bem aquele? Ninguém gostou dele, e a professora deu nota zero!”

“Por isso mesmo”, disse Jesus, “Quero que você me dê tudo aquilo que os outros não gostaram, e também o que deixa você triste ou frustrado.

Outro presente que eu quero é o seu prato”. “Eu o quebrei!” interrompeu o garoto. “Justamente por isso”, continuou Jesus, “Vou consertá-lo. Eu conserto tudo o que você quebra em sua vida.

E a última coisa que quero de presente é a resposta que você deu para sua mãe, quando ela lhe perguntou pelo prato”. Nessa hora, a criança pôs a mão do lado da boca e falou baixinho: “Eu menti para ela!” “Eu sei”, respondeu Jesus, “Mas eu quero que você traga sempre para mim o que em você está errado: maldades, mentiras, preguiça... Não quero que você carregue essas coisas. Quero libertar você, a partir de hoje, de tudo o que pesa em você. Foi para isso que eu vim. Combinado? O meu aniversário é um dia especial para fazermos um trato: quero que você tenha a minha alegria, a minha paz, a minha verdade, a minha vida plena, e o meu amor, para cada dia do ano que vai começar.”

Nesta hora, o garoto sorriu e falou emocionado: “Obrigado, Jesus! Assim eu terei não só um ano novo, mas a vida toda muito feliz”.

Essa história descreve a pura verdade. O melhor presente que damos a Jesus são os nossos pecados, pois foi para isso que ele veio, para libertar-nos desses pesos. Quanto tempo faz que você não se confessa?


Defunto com as mãos fora do caixão

Havia, certa vez, um homem que era muito rico. Apesar disso era ganancioso. Pagava mal os empregados; nos negócios, se aproveitava da inexperiência das pessoas para “passar a perna” etc.

Um dia, esse homem ficou doente inesperadamente, e com uma doença grave. Após longo tratamento, sem sucesso, o médico foi claro com ele: “O senhor vai morrer dentro de poucos dias”.

O homem ficou desesperado. Caiu em si e tomou consciência dos erros praticados. Quando a morte se aproximou, ele pediu para a família: “Levem-me para o cemitério com as mãos para fora do caixão, a fim de que todos vejam que elas estão vazias e não estou levando nada dos bens que ajuntei”.

Pena que este senhor, pelo menos externamente, não se arrependeu nem pediu perdão a Deus dos seus pecados. Ficou apenas na desilusão e na frustração.

“O que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se vier a perdeu-se e a arruinar a si mesmo?” (Lc 9,25). “Ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós que agora estais fartos, porque passareis fome” (Lc 6,24-25).


São Bento Labre

S. Bento Labre é italiano e viveu no século XIII. Ele é comemorado no dia 16 de abril. Seus pais eram ricos senhores feudais e tinham escravos. Eles se diziam cristãos, mas era grande o contraste entre o Evangelho e a maneira como tratavam os escravos, que viviam no porão do castelo, na maior miséria, enquanto a família, lá em cima, vivia no luxo e na abundância.

Bento, na medida em que foi crescendo, foi percebendo que aquele procedimento dos pais não batia com a fé cristã que diziam ter. Discutia com eles, mas não conseguia convencê-los.

Quando se tornou jovem, resolveu tomar uma atitude radical. Numa noite, vestiu roupas de mendigo e saiu de casa escondido. No outro dia, os pais o procuraram por toda parte e não o encontraram. Principalmente sua mãe ficou na maior tristeza pelo desaparecimento do filho, sem saber o que havia acontecido com ele.

E Bento passou a perambular de cidade em cidade, dormindo nos porões e pedindo esmolas.

Depois de alguns anos, voltou para casa. Mas estava magro, doente, cabeludo, barbudo... Tão desfigurado que não foi reconhecido por ninguém no castelo, nem pelos pais.

Pediu para trabalhar nas terras do pai, como escravo e foi admitido. Passou a morar no porão do castelo, junto com os demais escravos. Ele via sua mãe chorar, quando se lembrava do filho querido, enquanto maltratava a ele, o escravo sem valor.

Pouco tempo depois, Bento faleceu. Só aí que descobriram, pelos documentos que ele trazia nos bolsos, quem ele era.

Oxalá não precisemos de uma lição como esta, para termos mais amor aos nossos irmãos e irmãs que vivem na miséria. Os pobres e necessitados são membros da nossa família, a família dos filhos e filhas de Deus.


Catecismo ou aula de inglês?

Havia, certa vez, dois meninos amiguinhos. Eles eram colegas de classe no catecismo e no curso de inglês.

Aconteceu que, numa semana, a aula de inglês coincidiu com o horário da aula de catecismo. Então os dois foram perguntar a seus pais o que fazer, à qual das aulas deviam assistir.

O pai de um disse: “Vá à aula de inglês, porque estamos pagando”. Já o pai do outro falou: “Vá ao catecismo, porque lá você aprende quem é Jesus. A matéria da aula de inglês você copiará depois".

Estão aí duas formas opostas de ver a vida e de educar. O que deve falar mais alto: O amor a Deus ou o sucesso material? Podemos prever direitinho o futuro dessas duas crianças: O primeiro será um cristão relaxado, e o outro será um cristão comprometido. Amar a Deus sobre todas as coisas significa colocá-lo acima de tudo, inclusive de uma aula de inglês.

Maria Santíssima era todinha de Deus. Ela colocava Deus acima de tudo na vida. A sua obediência era livre porque brotava do coração, do amor. Que ela interceda por nós, a fim de que o nosso “sim” a Deus seja também generoso.


O rapaz que caiu na cisterna

Certa vez, um rapaz estava andando em um pasto com capim alto e, por descuido, caiu dentro de uma cisterna velha. Como a cisterna era funda, ele não conseguiu sair. Ficou lá dentro, com água até a cintura. O jeito foi dar uns gritos, pedindo socorro.

Outro rapaz que passava numa estrada perto, ouviu os gritos e foi até o local. Ao ver o moço lá embaixo, começou a dar-lhe uns conselhos e repreensões: “Onde já se viu! Desse jeito aí, dentro dessa água poluída, você pode pegar uma doença! Precisa tomar mais cuidado!...”

O outro gritou lá de baixo: “Companheiro, eu já sei tudo isso que você está falando. O problema é que eu não consigo sair daqui! Veja se arruma uma corda e jogue a ponta dela aqui embaixo, para que eu possa subir!”

Esse fato nos trás uma lição. Se chegarmos, por exemplo, para um jovem drogado e ficarmos falando para ele sobre os males que a droga causa, é a mesma coisa. As palavras são importantes, mas elas precisam ser acompanhadas de ações.

Existem dois tipos de cristãos: os que só falam, apontando os erros, e os que jogam cordas, isto é, apresentam meios para as pessoas caminharem e serem felizes.


Eu quero mé

Havia, certa vez, em um hospital, dois doentes que estavam inconscientes. Um deles era um senhor que havia sofrido um grave acidente de carro. Mesmo fora de si, ele gritava: “Eu quero “mé”! Eu quero “mé”!...” Muitos chamam a pinga de “mé”.

Seguindo o corredor do hospital, logo na frente havia uma velhinha, também já inconsciente. Mesmo fora de si, ela dizia: “Ave Maria, cheia de graça! Ave Maria! Santa Maria!...” Ela foi repetindo essas palavras, até que diminuiu a voz, e morreu, como um anjo.

O Espírito Santo faz o cristão dar testemunho, até quando está inconsciente.

Tal vida tal morte. Do lado que a árvore cresce, ela cai. Imagine se Deus vai pegar aquela velhinha e jogá-la no inferno! Ela já vivia antecipadamente no céu!

Quando morremos, Deus respeita aquela direção que dávamos à nossa vida aqui na terra. Quem preferiu viver sempre longe de Deus aqui, vai ter esta vida lá. Quem escolheu viver sempre com Deus aqui, viverá com Deus também lá. Deus respeita o dom que ele mesmo nos deu: A liberdade.

Maria Santíssima, a esposa do Espírito Santo, foi a pessoa que melhor seguiu suas inspirações aqui na terra. Por isso, nem passou pela morte. Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!


A última pregação de S. João Evangelista

O Apóstolo João, após a ascensão de Jesus, foi morar em Éfeso, e Maria Santíssima morava com ele, a pedido do seu Filho Jesus. João viveu quase noventa anos. Quando já estava velhinho, ele se locomovia numa cadeira de rodas. Toda a Igreja tinha um carinho especial pelo “Apóstolo que Jesus amava”.

Na hora da Missa dominical, era João que fazia a homilia. Afinal, ele é considerado um dos maiores oradores e escritores de todos os tempos.

Num domingo, terminada a proclamação do Evangelho, o Apóstolo veio à frente para falar. Com seus cabelos grisalhos, semblante alegre e olhos brilhantes, ele olhou para a Assembléia e disse, pausadamente: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros!” Em seguida movimentou sua cadeira e voltou para o seu lugar no presbitério, dando sinal ao Presidente da Celebração que podia continuar a Missa. O povo, que mal tinha se sentado para a homilia, levantou-se para o “Creio em Deus Pai”.

No domingo seguinte, ele fez a mesma coisa. No outro também. Alguns começaram então a pensar: Coitado! Ele caducou! E a notícia correu de que o querido e último Apóstolo ainda vido, tinha ficado caduco.

Isto chegou aos ouvidos de João. Então, no domingo seguinte, ele repetiu a mesma frase, depois explicou: “Eu não estou esclerosado, como alguns pensam. Depois de muito refletir sobre os ensinamentos de Jesus, cheguei à conclusão de que toda a sua doutrina se resume neste mandamento. E percebo que muitos preferem apegar-se a coisas periféricas, deixando de lado o principal. É por isso que resolvi falar só esta frase”.


Os três amigos do homem

Havia, certa vez, um homem que tinha três amigos. Um dia ele foi intimado a comparecer diante do juiz. Apavorado, chamou seus amigos para irem junto.

O primeiro foi até a entrada do fórum, mas não entrou.

O segundo entrou, mas na hora do julgamento ficou sentado na sala de espera e deixou o amigo ir sozinho conversar com o juiz.

O terceiro, porém, foi dez. Ele entrou na sala do juiz e ficou ao lado do amigo, defendendo-o com todos os argumentos que encontrava. E o homem foi absolvido.

Sabe quais são esses três amigos? O primeiro é o dinheiro. Ele nos acompanha até as portas da morte, mas depois some.

O segundo são os nossos parentes e amigos. Eles vão mais longe e nos acompanham até o cemitério. Mas depois não podem fazer mais nada.

O terceiro amigo são as nossas boas obras. Estas sim, estão presentes na hora do nosso julgamento e não só nos defendem, mas conseguem para nós a absolvição e a entrada no Céu.

Maria Santíssima é tão rica em boas obras, que foi para o Céu direto. E ela é a nossa Mãe poderosa, porque consegue do Filho tudo o que pede, como vimos nas Bodas de Caná (Jo 2,1-11).


Concurso de desenhos sobre a paz

Certa vez, uma professora fez com seus alunos um concurso de desenhos. Cada aluno devia fazer um desenho que expressasse o que é a paz. O melhor desenho seria premiado.

Houve muitos desenhos bonitos: Uma pomba branca voando no céu azul; um lago sereno, de águas quietas e cristalinas, com suas margens floridas...

Um aluno desenhou um ninho de passarinho no galho de uma árvore, bem em cima de uma catarata turbulenta. O ninho tinha filhotes que estavam tranquilos e felizes, e a mãe estava cantando de alegria, sem nenhum medo do abismo e sem se preocupar com o grande perigo que havia embaixo. Este aluno ganhou o concurso.

De fato, paz não é água parada. Água parada cria bicho. A paz verdadeira é aquela que se consegue no meio da luta. É a tranquilidade mesmo no meio da tormenta e do perigo. Todos os santos nos deram o exemplo de confiança e alegria, em meio às maiores turbulências.


O elefante e a formiga medem suas forças

Certa vez, um elefante e uma formiga tiveram um desentendimento. O elefante se julgava dono da floresta e não respeitava os formigueiros, pisando em cima deles.

Uma formiga protestou, dizendo que elas também tinham o direito de ser respeitadas. Como não chegaram a um acordo, a formiga disse: “Já que você não quer resolver pelo diálogo, vamos decidir pela força”.

O elefante deu risada e disse: “Está bom. Pior para vocês. Vamos então decidir pela força”. E já começou a pisar nos formigueiros, com as suas patas lentas e desajeitadas. A formiga avisou as suas colegas e vieram todos os formigueiros vizinhos.

Começaram a subir no elefante pelas quatro patas, e a picá-lo por todos os lados. Ele batia com o rabo e com a tromba, para lá e para cá, mas não adiantava.

Por fim, o elefante levantou a bandeira branca e pediu nova reunião. E nesta reunião, atendeu a todas as exigências das formigas. Por isso que até hoje os elefantes respeitam os formigueiros e não pisam neles.

No mundo moderno, o grande testemunho de Cristo que as Comunidades cristãs são chamadas a dar é o da união. Somos, talvez, mais fracos que as grandes estruturas pecadoras. Mas, com a nossa união, tendo Cristo no meio, somos fortíssimos e podemos vencer até um elefante.

Que Maria Santíssima nos ajude a ser “discípulos e missionários do seu Filho, para que nossos povos tenham mais vida nele” (DA).


A maior virtude e o maior defeito

Certa vez, na antiguidade, um rei chamou o mordomo do palácio e disse: “Hoje um amigo meu virá almoçar aqui, e eu quero que a cozinha prepare um prato muito especial. O mordomo sugeriu: “Que tal um prato que trás a melhor virtude do mundo?” O rei ficou admirado com a proposta, e ao mesmo tempo curioso, e consentiu.

Na hora do almoço, para surpresa do rei e da visita, havia línguas de diversos animais e com variados temperos. Havia língua de vaca, de cabrito, de porco, até de coelho.

O rei comeu, gostou, mas perguntou ao mordomo: “Por que você mandou cozinhar línguas, se você disse que seria um prato com a melhor virtude?” O mordomo respondeu: “Majestade, com a língua podemos ensinar, consolar, elogiar, divulgar as coisas boas e conduzir as pessoas para Deus”.

“Está bem”, disse o rei. “Então amanhã eu quero um prato com o pior defeito do mundo”. O mordomo foi à cozinha e pediu que repetissem o mesmo prato de línguas. Desta vez havia até língua de tamanduá.

“Você está zombando de mim”, disse o rei irritado. “Por que o mesmo prato de ontem, se para hoje eu pedi exatamente o contrário?” O mordomo explicou: “Longe de mim desrespeitar Vossa Majestade. Pedi para repetir o prato, porque, com a língua, nós podemos também fazer muito mal. Podemos, mentir, espalhar intrigas, fofocas, provocar violências e guerras, destruindo a felicidade e a vida das pessoas”. O rei não teve outra saída senão aceitar a lição.

“Meus irmãos, aquele que não peca no uso da língua é um homem perfeito, capaz de refrear também o corpo todo. Se pomos um freio na boca do cavalo, conseguimos controlar o seu corpo todo. Reparai também nos navios: Por maiores que sejam, e impelidos por ventos impetuosos, são conduzidos por um pequeníssimo leme. Assim também a língua...” (Tg 3,2-5).

Vamos começar a conversão pela nossa língua, deixando de usá-la para o mal, e fazendo dela um instrumento na construção do Reino de Deus.

A santidade de Maria repercutiu e ainda repercute no mundo todo. Que ela nos ajude a nos convertermos cada vez mais.


Para o melhor amigo, o melhor

Certa vez, um homem telefonou do serviço, logo cedo, para a sua esposa e disse: “Fulana, hoje eu vou levar um amigo para almoçar conosco, certo?” Ela: “Tudo bem, pode trazer”.

Aquela senhora deixou logo de lado o que estava fazendo e foi preparar o almoço. Fez aquela comida gostosa. Ao meio dia, o marido apareceu sozinho. Na mesa estava um verdadeiro banquete. Ela disse: “Onde está o seu amigo?” Ele a abraçou e disse: “Desculpe, querida, eu menti. É que hoje eu estava com uma vontade louca de comer algo diferente. Por isso que inventei essa história”.

Que chato, não? Para uma pessoa de fora, aquela mulher prepara pratos gostosas. Já para o esposo, que é seu melhor amigo, é aquela comidinha de sempre. É nessas pequenas coisas do dia-a-dia que mostramos o tamanho do nosso amor. Aquela senhora certamente não colocava nas refeições que preparava aquele tempero fundamental: o amor. Se colocasse, com certeza prepararia comidas melhores e variadas para o marido. Em casa, não dá para fingir, e a verdade do nosso coração aparece. Em casa, o nosso amor é provado como o ouro na fornalha.

No fundo, aquela esposo não mentiu, porque o maior amigo dela é ele mesmo, que merecia, pelo menos de vez em quando, comer algo diferente. Nós precisamos ser fiéis a Deus Pai, que quer que os esposos se amem muito. Ela deve amar o seu marido acima de todos os amigos, e vice versa. Vamos renovar a nossa maneira de amar as pessoas mais próximas de nós.


Transformar os obstáculos em oportunidades

Certa vez, uma indústria brasileira de sapatos quis desenvolver um novo projeto de exportação para a Índia. Mandou para lá dois de seus vendedores experientes, para pontos diferentes do país, a fim de fazer os primeiros contatos para ver o potencial daquele futuro campo de mercado.

Após alguns dias de pesquisa, um dos vendedores enviou o seguinte fax para a direção da indústria: “Senhores, cancelem o projeto de exportação de sapatos para a Índia. Aqui ninguém usa sapatos!”

Sem saber desse fax, alguns dias depois o segundo vendedor mandou o seu fax dizendo: “Senhores, tripliquem o projeto de exportação de sapatos para a Índia, pois aqui ninguém ainda usa sapatos!”

A mesma realidade, que era o fato de os indianos não usarem sapatos, foi vista de maneira oposta pelos dois vendedores.

A Igreja de Jesus precisa ser exportada para outros lares, outros corações, outros ambientes, com mais urgência do que exportar sapatos. Para isso, precisamos descobrir novos métodos. Queremos ser “discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos tenham mais vida nele” (DA).

O sucesso depende da maneira como testemunhamos a Boa Nova de Jesus. Os especialistas em markting dizem: “O meio é a mensagem”. O discípulo evangeliza mais pela sua vida do que pelas suas palavras. A mesma realidade pode ser vista por uns como empecilho para a evangelização, e por outros como oportunidade.

Para o primeiro vendedor, o fato de o povo da Índia não usar sapatos era um obstáculo. Já para o outro era uma oportunidade, pois a propaganda poderia mostrar as vantagens do uso de sapatos, despertando no povo o interesse. Isto é transformar os obstáculos em trampolim, ou os problemas em oportunidades.

Muitas pessoas são pessimistas e só veem o lado negativo das coisas. Vivem no lado escuro da vida. Outras, ao contrário, vivem no lado da luz, e tudo o que tocam é iluminado.

Vamos aprender com o segundo vendedor de sapatos, e ver os problemas como oportunidades de divulgação do Reino de Deus.

P.ex, sobre a santinha q visita as casas. Uma pess diz: “Nesta rua n funciona, n há ninguém q vai à M”. Outra: “Nesta rua é ótimo, ainda n há ninguém q vai à M”.


E depois?

S. Francisco Xavier viveu no Séc. XVI. Era espanhol e foi estudar em Paris, na universidade de Sorbonne. Lá, conheceu um aluno, também espanhol: Inácio de Loyola.

Um dia, os dois fizeram um passeio juntos. E no passeio tiveram o seguinte diálogo: Inácio perguntou ao Francisco:
- O que você pensa ser no futuro?
- Advogado.
- E depois?
- Terei muito sucesso e me casarei.
- E depois?
- Terei filhos que continuarão a carreira do pai.
- E depois?
- Terei uma velhice sossegada, desfrutando do que ajuntei e colhendo o que semeei.
- E depois?
- Como ninguém fica para sempre na terra, vou morrer.
- E depois?
- Depois? Tudo acabou.
- Acabou não, Francisco! Aí é que tudo vai começar, e nunca mais vai acabar. Você terá dois caminhos: Ou ser feliz com Deus, ou ser infeliz sem Deus. Depende de você. Ambos os caminhos são por toda a eternidade.

Aquele diálogo mudou a vida de Francisco Xavier. Ele e Inácio fundaram um grupo de jovens, do qual nasceu a família jesuíta.

Realmente, a palavra eternidade é muito forte e nos toca profundamente. Por ela, compensa carregar todas as cruzes que aparecerem na nossa frente.

Maria Santíssima, em toda a sua vida terrena, colocou o amor a Deus acima de tudo, inclusive acima da própria vida. Santa Maria, rogai por nós!


Jornaleiro rude

Certa vez, um senhor saiu de casa cedo e estava indo para o serviço, junto com um amigo. Ao passar por uma banca de jornais, parou e cumprimentou amavelmente o jornaleiro. Este, sem nem responder, pegou o jornal e jogou na frente dele estupidamente. O senhor pegou o jornal, pagou, e agradeceu com um sorriso, desejando-lhe bom fim de semana.

Continuando a caminhada, o colega comentou: “Rude aquele homem, hein? Ele sempre trata você assim?” “Todos os dias ele me trata desse modo”, respondeu o homem. “E você sempre polido e amigável com ele, como foi agora?” indagou o amigo. O companheiro respondeu: “Sim. Eu não quero que ele decida como eu devo agir”.

De fato, se alguém é grosseiro conosco e nós o tratamos do mesmo modo, estamos assumindo-o como nosso mestre. Justamente esta pessoa que não merece ser nosso guia de conduta, pois é mal-educada. Se tratamos uma pessoa do jeito que ela nos trata, estamos tomando-a como a nossa mestra de vida e de comportamento.

A nossa gratidão a Deus e ao próximo caminham juntas. Quem é grato a Deus, é também grato e amigável com os outros, e vice-versa.

Peçamos a Maria Santíssima que nos ajude a ser sempre gratos e polidos, ela que agradeceu a Deus com um hino tão bonito, o Magnificat.


O nó no lençol

Numa reunião de pais, numa escola de periferia, a diretora incentivava os pais a apoiar seus filhos. Ela insistia que os pais deveriam dar um jeito e, mesmo trabalhando fora, se fazerem presentes na vida dos filhos.

Ela ficou surpresa quando um pai contou que ele não tinha tempo de falar com o filho durante a semana, pois quando saía para trabalhar, muito cedo, a criança estava dormindo. Quando voltava, já era tarde da noite e o filho tinha ido para a cama. Se ele não fizesse isso, não teria como sustentar a família.

Mas ele tentava se redimir, indo acariciar o filho todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho tivesse certeza da sua presença, dava um nó na ponta do lençol. Isso acontecia todas as noites. Quando o menino acordava, sabia, através do nó, que o pai havia estado ali para acariciá-lo. O nó era o elo de comunicação entre os dois.

Mais surpresa ficou a diretora quando descobriu que o filho daquele homem era o melhor aluno da escola.

Essa história nos faz refletir como são muitos os jeitos de um pai, mesmo sem tempo, se fazer presente na vida dos filhos. Você já deu um nó no lençol do seu filho?

O nó que Deus dá no nosso lençol se mostra na natureza, na nossa família, na nossa saúde, na Eucaristia e em muitos outros gestos de amor dele para conosco. Lá no Céu, não precisará mais de nó, porque o veremos face a face.


Criança não tem respeito humano

Certa vez, um pai de família fez o Cursilho de Cristandade. Terminados os três dias de encontro, ele chegou em casa entusiasmado. Na hora da refeição, ele disse: “De hoje em diante, todos os dias nós vamos rezar antes das refeições. E sou eu que vou puxar a oração, porque disseram lá que o pai é na família o que o padre é na igreja”. Assim fizeram durante vários dias.

Num domingo, veio um amigo dele visitá-lo, o qual não era muito de Igreja. Quando chegou a hora do almoço, o pai ficou com vergonha de rezar na frente do amigo, e simplesmente o convidou para se sentar e servir-se.

O seu filhinho de cinco anos disse: “Paiê, o senhor não disse que ia rezar todos os dias antes da refeição?”

O pai deu um sorrisinho amarelo e acabou rezando, na frente do amigo.

“Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do Homem também se envergonhará dele quando vier na sua glória” (Lc 9,26).

Cristo venceu, mas ele não foi medroso nem teve vergonha de mostrar as suas convicções. O respeito humano é uma grande barreira para acolher a graça de Deus.

Que acolhamos os alertas de Deus, que nos vêm até através da inocência de uma criança.

Maria Santíssima nunca teve vergonha de mostrar publicamente a sua fé. Assim como Maria apoiou a Igreja nascente, logo após a ressurreição de Jesus, pedimos a ela que nos ajude também a sermos testemunhas corajosas do seu Filho.


As penas da galinha

Certa vez, uma senhora contou para S. João Vianei que tinha falado mal de uma vizinha. O padre deu-lhe a seguinte penitência: “A senhora vá a sua casa, pegue uma galinha, mate-a e coloque as penas numa vasilha. Depois suba na torre da igreja e jogue as penas para baixo. Em seguida volte aqui”.

A mulher fez direitinho conforme o padre mandou e depois voltou a ele. S. João Vianei lhe disse: “Agora a senhora vá, recolha todas as penas e traga-as aqui para mim”. “Impossível”, reagiu a senhora. “O vento já levou para longe as penas!”

O padre então concluiu: “Assim é a fofoca. Ela se espalha de forma incontrolável e não conseguimos nem saber o tamanho do mal que causamos à pessoa. E depois de feita a fofoca, é impossível voltar atrás, pois não sabemos quais as pessoas a quem ela chegou, a fim de procurá-las e desmentir”.

Essa mulher certamente nunca mais fez fofoca.

A maledicência é como jogar pedras em uma pessoa (Cf Jo 8,1-11, o caso da mulher adúltera).

Vamos depositar as nossas pedras aos pés de Cristo, em vez de as jogar nos outros, pois elas poderão voltar a nós.


O noviço e o cesto

Certa vez, em um mosteiro, o mestre chamou um noviço e lhe disse: “Por favor, vá ao córrego e traga água neste cesto”. E entregou-lhe um cesto de vime todo sujo.

O moço achou aquilo um absurdo. Mas fazia parte do regulamento do mosteiro obedecer ao mestre em tudo. Ele foi ao córrego, afundou o cesto na água e colocou-o cheio no ombro. Mas após alguns metros de caminhada, já não havia mais água. Levou-o vazio ao mestre e lhe disse: “Sr. Padre, não consegui trazer a água. Vazou toda pelos buraquinhos do cesto”.

“Volte”, disse o mestre, “e tente de novo”. O jovem noviço voltou ao córrego, afundou novamente o cesto na água, colocou-o ombro. Pelo caminho o cesto se esvaziou completamente. Ao aparecer diante do mestre, este disse: “Você não trouxe água, mas lavou o cesto”.

“O vento sopra onde quer”. Muitas vezes nós obedecemos a Deus sem saber o sentido do gesto, mas porque a nossa fé nos ensina que tudo o que Deus manda é bom. Se não entendemos na hora, compreenderemos mais tarde.

Maria Santíssima obedeceu a Deus em coisas aparentemente absurdas, com dar à luz sem se casar e sem ter relação com um homem. Como escrava do Senhor, ela não duvidava de nenhuma de suas palavras, embora não entendesse todas na hora. Santa Maria, ajude-nos a obedecer a Deus nas coisas que não entendemos.


Explorar as possibilidades

Certa vez, um homem ganhou um filhote de elefante. Como não tinha um cercado, prendeu-o num poste, no fundo do quintal, com uma corda bem grossa amarrada na pata do animal.

Apesar de ser filhote, tinha mais de um metro de altura. O elefantinho forçava a corda todos os dias, tentando arrebentá-la, ou derrubar o poste. Como não conseguiu, aceitou o seu destino, que era ficar preso, e parou de forçar.

Então o homem tirou a corda grossa e amarrou uma mais fina. O elefante nem tentava mais.

Passado um tempo, o elefante cresceu, ficou enorme e o homem amarrou um simples barbante na pata do bicho. Ele continuava preso, sem forçar o barbante. Ele se lembrava dos esforços que tinha feito no passado, que foram inúteis e por isso nem tentava mais.

Aquele elefante não escapava porque acreditava que não podia. Estava registrada na sua lembrança a impotência. Ele só não percebia que a situação mudou.

Quantos de nós somos como aquele elefante! Podíamos tão bem caminhar na direção de Deus, mas ficamos presos em finos barbantes, que podíamos facilmente arrebentar. Falta para nós, às vezes, explorar as possibilidades que temos.

Não existe beco sem saída nem barreira sem brecha. O que precisamos é parar de ficar dando cabeçadas na barreira e sair à procura de uma brecha. Falta também alguém que chegue para nós e diga que é possível e fácil ser feliz.

Vamos apagar da nossa memória todas as gravações que nos dizem: “Não posso. Não posso e nunca poderei”.


Conviver com as fraquezas do próximo

Em cima de uma montanha, vivia uma manada de porcos espinho, que em alguns lugares são chamados de ouriço caixeiro. Eles não se encostam um no outro por causa dos espinhos que cada um traz em seu couro.

Mas houve um frio muito forte, fora do normal, na região. Então os porcos espinho se juntaram para se aquecer mutuamente. Eles, com seus espinhos, se feriam uns aos outros. Justamente os que ofereciam maior calor feriam mais. Mas preferiam levar espinhadas a ficar sozinhos, pois assim morreriam de frio, com certeza.

Entre nós é parecido. Justamente as pessoas mais próximas, muitas vezes são as que nos ferem mais. Por isso que existe aquela bela definição de vida em Comunidade: Viver em Comunidade é saber conviver com fraquezas humanas.

“Foi do agrado de Deus salvar e santificar as pessoas, não individualmente, mas em Comunidade” (Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, 9).

O pecado quebra a harmonia do universo. Até o animal mais feroz, como o lobo, tolera outro lobo ao seu lado para estraçalhar a presa. Os cães se reúnem para devorar a mesma comida. Os porcos também. Todos os animais. Só o homem que tranca a porta e não deixa o irmão faminto entrar para saciar a sua fome. Mas essa nossa atitude egoísta não nos faz felizes. A nossa felicidade esta na vivência do amor, semelhante ao amor de Cristo por nós. Ou semelhante ao amor que existe entre as Pessoas da Santíssima Tridade.


Os tesouros no nosso caminho

Certa vez, um rapaz estava andando numa praia, antes do dia amanhecer, e viu no chão um saquinho cheio de pedrinhas. É alguma criança que ontem ajuntou essas pedrinhas e deixou aqui, pensou.

Pegou o saquinho e, caminhando, começou a jogar as pedrinhas, uma a uma, no mar.

Quando o dia clareou, havia apenas uma pedrinha no saquinho. Foi aí que ele, observando, viu que era diamante! Algum garimpeiro certamente havia perdido o saquinho de diamantes ali. Que pena! Agora não dá mais para recuperar.

Deus dá aos cristãos tantas oportunidades, tantas graças que são como aquele saquinho de pedras de diamante. Vamos aproveitá-las todas e não jogar nenhuma fora.

Maria Santíssima é chamada, na Ladainha, de Casa de Ouro. Ela é pura joia. Peçamos a ela que nos ajude a nunca jogar fora os tesouros que Deus nos dá. Ao contrário, que os usemos para enriquecer os outros também.


Como fazer ouro

Certa vez uma moça, muito querida do seu pai, casou-se com rapaz que tinha uma área grande de terra que ganhara como herança. Os dois foram morar naquela terra, que era distante da família da moça.

Depois de um ano de casados, a jovem esposa foi visitar seus pais e contou que o marido era bom em tudo. O problema é que ele só pensava em fazer ouro. Ficava o dia todo dentro de um galpão, tentando fazer ouro.

O pai disse à filha: “Peça a ele que venha aqui falar comigo, que eu sei fazer ouro.

A moça deu o recado ao marido e ele veio. O sogro disse: “Eu sei o jeito de fazer ouro, mas eu sou já idoso e não tenho mais forças para isso. Sabe aquele posinho que fica por baixo da folha de bananeira? Você raspa aquele posinho e coloca numa vasilha que com o tempo vai se transformar em ouro. Tem de ser bastante pó”. O rapaz saiu dali decidido.

Um ano depois, o sogro foi visitá-los e viu uma plantação enorme de bananeiras. A filha contou: “Ele está recolhendo o pozinho e estamos vendendo as bananas. Já ganhamos bastante dinheiro”. Foi lá dentro e buscou para o pai ver uma caixinha cheia de moedas de ouro.

O trabalho rende o ouro que precisamos para viver e sustentar a nossa família. “Irmãos, quem não quer trabalhar também não coma. Ouvimos falar que, entre vós, há alguns que vivem sem fazer nada... A essas pessoas ordenamos e exortamos que trabalhem tranquilamente e assim comam o seu próprio pão” (2Ts 3,10-12).


A biblioteca de Santo Tomás

No tempo de Santo Tomás de Aquino, havia um senhor que gostava muito dos livros dele. Um dia, este senhor fez uma longa viagem para conhecê-lo pessoalmente.

Quando chegou à casa do Pe. Tomás, este o recebeu muito bem e, após um cafezinho, foi mostrar-lhe a casa. Depois que percorreram toda a casa, o visitante ficou surpreso e perguntou: “Pe. Tomás, de onde é que o senhor tira tantos conhecimentos? Onde está a sua biblioteca?” O Pe. Tomás levou-o até a capela, apontou para o sacrário e disse: “Aí está a minha biblioteca”.

Além de curar o corpo e a alma de quem se aproxima dele, Jesus eucarístico partilha os seus próprios dons com seus amigos que o visitam, entre os quais se destaca a sabedoria.

“Os judeus pedem sinais, os gregos buscam sabedoria; nós, porém, buscamos o Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1,22-24).


A força da união

Certa vez, uma vaca caiu num buraco e não conseguiu sair. Ela era de um sitiante. Ele tentou ajudá-la mas não deu conta. Amarrou até uma corda na vaca, mas não conseguiu.

Pediu, então, ajuda a três vizinhos. Estes vieram, cada um com uma corda. Chegando ao local, começaram a discutir qual o melhor lado para puxar a vaca. Um achava que era para a direção sul, outro para a direção norte, outro para direção leste e o último para a o oeste.

Como não chegaram a um acordo, cada um amarrou sua corda na vaca, do lado que achava melhor, e começou a puxá-la. Um puxava para a direção norte, outro na direção sul, outro na direção leste e o último na direção oeste. Puxavam com toda a força, mas a vaca não saía.

Quando já estavam cansados, reuniram-se novamente e concluíram: É melhor puxar a vaca de um lado só, mesmo que a meu ver não seja o melhor lado. Pronto. Todos puxaram numa corda só e a vaca saiu.

É preferível o bom, unido com os outros, ao ótimo, sozinho. A nossa força está na nossa união. A minha idéia, eu acredito ser a melhor, mas eu a renuncio em favor do trabalho em equipe, em favor da vida em Comunidade.

Viver em Comunidade é difícil, mas é a coisa melhor do mundo. Compensa andar juntos, mesmo tendo de ceder um pouco nas próprias opiniões. A nossa maior força está na nossa união.

Jesus sempre viveu e trabalhou em grupo. Até os trinta anos, pertencia à comunidade familiar. Depois, a primeira coisa que fez foi reunir os doze Apóstolos e com eles viver, pondo tudo em comum. Foi difícil, teve até um traidor no grupo, mas venceu. O seu amor a eles foi crescendo cada vez mais. No final ele disse:

“Filhinhos... já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15).


“Vós sois a luz do mundo”

Certa vez, um grupo de jovens fez uma encenação. Acenderam uma vela grande na frente da sala, representando Jesus Cristo. Três deles tinham velas apagadas na mão.

O primeiro foi à frente e acendeu a sua vela na grande. Mas, ao caminhar no meio dos outros, ficou com vergonha e escondeu a vela atrás da porta.

O segundo fez pior. Foi à frente e acendeu a sua vela. Mas ao caminhar no meio dos colegas, de repente apagou sua vela e a jogou no chão.

O terceiro foi à frente, acendeu sua vela na grande e saiu caminhando no meio dos colegas. Ao ver a vela atrás da porta, pegou-a, entregou ao colega que a havia escondido e os dois caminhavam juntos. Vendo a vela jogada no chão, pegaram-na, acenderam novamente com as velas deles e a entregaram ao que a havia jogado.

Daí para frente, os três resolveram andar sempre juntos, para que um ajudasse o outro a manter sua vela acesa.

É a vida em Comunidade. O importante é que a nossa vela do Batismo nunca se apague. A vida em Comunidade é necessária para que perseveremos no seguimento de Jesus.

O profeta Simeão disse para Maria que o seu Filho ia ser uma “Luz para iluminar as nações” (Lc 2,32). Que essa Luz nos ajude a nunca deixar apagar a nossa vela.


Não ser Maria-vai-com-as-outras

Certa vez, um senhor idoso que morava na roça estava indo para a cidade, junto com seu neto que tinha dez anos. Ele em cima de um burro e o neto na frente, puxando o animal.

Passaram dois homens e comentaram entre si: “Um marmanjo desse em cima do burro e a pobre criança a pé!”

O velho escutou. Quando os homens desapareceram na curva da estrada, ele disse ao menino: “Filho, venha você aqui em cima e eu vou a pé”.

Logo passaram mais dois pela estrada e comentaram: “Engraçado. O velho doente a pé e o moleque a cavalo!”

Quando viraram a curva, o velho falou: “Filho, vamos nós dois em cima do burro”. E assim fizeram.

Dois homens cruzaram com eles e comentaram entre si: “Dois marmanjos nesse burrinho. Como não têm dó do pobre animal!”

Quando se distanciaram, o homem disse ao neto: “Filho, vamos nós dois a pé”. Logo passaram uns viajantes e comentaram: “Aqueles dois não são muito certinhos da cabeça. Onde já se viu caminhar a pé, puxando um burro, sem ninguém em cima!”

Quando desapareceram, o homem disse ao neto: “Filho, vamos levar este burro nas costas”. E assim fizeram. Passaram dois e comentaram: “Olhe lá três burros; dois carregando um!”

Quando estavam sós, os dois largaram o animal e o homem disse ao neto: “Filho, não se importe com o que os outros disserem. Siga o que achar melhor”.

Existem milhões de vozes falando, nas 24 horas do dia. É só ligar um aparelho que nós captamos essas vozes, assim como mensagens na internet. Mas temos uma só verdade: Jesus Cristo.

A nossa conversão é algo pessoal, entre nós e Deus, e ninguém tem de por o bico. Vivemos numa sociedade eclética, mas para Deus a verdade é uma só, e para nós também.

Você sabe a diferença entre a aranha, a formiga e a abelha? A aranha, para fabricar a sua teia, tira os fios todinhos de dentro dela mesma. Ela representa as pessoas que não se enriquecem com a cultura dos outros. São auto suficientes em tudo. Vivem a partir apenas das próprias experiências.

Já a formiga é o contrário. Ela põe as folhas nas costas e as leva para dentro da sua casa, sem acrescentar nada dela mesma. Pode levar um veneno e morrer.

Agora, a abelha é diferente. Um pouco dela e um pouco de fora. Ela pega o néctar na flor, põe dentro do favo e mistura um líquido tirado dela mesma. Então sai o gostoso mel. A abelha é um modelo para nós, em relação ao mundo. Aprendemos o que ele tem de bom, acrescentamos a nossa experiência e a Boa Nova de Jesus, e devolvemos para a sociedade o gostoso mel do Reino de Deus.


Semente que cai em terra boa

Certa vez, em um mosteiro, um noviço procurou o mestre e lhe disse: “Sr. Padre, estou preocupado. Minha memória é muito fraca. Eu não consigo guardar o que o senhor fala nas palestras e não guardo nem as leituras bíblicas que faço. Esqueço tudo. Esforço-me ao máximo para guardar, mas logo esqueço. Este é o meu grande problema”.

O mestre tinha em seu quarto dois cântaros vazios, que estavam no chão em um conto do quarto, bem empoeirados. Ele disse ao noviço: “Por favor, pegue um desses cântaros, vá ao riacho e lave-o. Depois de limpo, enxugue-o bem e traga aqui”.

O noviço foi e fez direitinho conforme determinado. Ao chegar, o mestre lhe disse: “Coloque o cântaro novamente ao lado do outro”. Ele o colocou. O mestre lhe perguntou: “Qual dos dois cântaros está mais limpo?” “É este que eu lavei”, respondeu o jovem. Então o padre explicou:

“No entanto, meu caro, nós não estamos vendo a água que o lavou. Também aquele que lê ou ouve alguma coisa boa, o importante é estar com o coração aberto, porque assim, mesmo que não se recorde das palavras, o ensinamento vai para o coração e se transforma em atos. O importante é que o seu coração esteja puro, tão limpo como este cântaro!”

A lição é clara, e vale para todos nós. A Palavra de Deus é viva e eficaz. Ela cresce dentro de nós sem percebermos. Todas as mensagens boas que ouvimos são como o pão que comemos. Ele desaparece mas nos alimenta. São também como a semente que, quando semeada, desaparece na terra, mas dela surge a planta.

“Feliz aquela que acreditou” disse Santa Isabel a Maria Santíssima, “pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1,45). Que a nossa Mãe do céu nos ajude a nos abrirmos à Palavra do seu Filho.


Não coma mais açúcar

Certa vez, uma mãe levou seu filho de sete anos até um sábio, e pediu: “Por favor, diga a este menino para não comer mais açúcar!” O sábio olhou demoradamente para a criança, fez uma pausa e nada lhe disse. Depois falou para a mãe: “Por favor, retorne aqui com o garoto daqui a uma semana”.

A mãe pegou na mão do filho e foram embora. Uma semana depois, ela voltou, trazendo o menino. Então o sábio olhou novamente nos olhos do garoto e disse-lhe: “Não coma mais açúcar”. E fez gesto dizendo que podiam ir.

A mulher agradeceu e foi saindo, mas quando estava na porta, voltou-se para traz e perguntou ao sábio: “Por que o senhor me pediu uma semana, se poderia ter dito a mesma coisa quando eu vim aqui na semana passada?” O sábio respondeu: “É porque até aquele dia eu ainda comia açúcar”.

Com que moral aquele sábio iria pedir ao menino para não comer açúcar, se ele comia? Isso vale para todos nós que dizemos boas palavras para os outros. Aquilo que não vivemos não “pega” em ninguém. Entra por um ouvido e sai pelo outro. A culpa não é do ouvinte, mas nossa. A pessoa percebe quando nós não vivemos o que falamos.

Maria Santíssima falou pouco, mas tudo o que falou, ela vivia. Santa Maria, rogai por nós!


Morreu de sede ao lado da fonte

A quarente anos atrás, aconteceu um fato triste: Um avião estava atravessando a floresta amazônica e deu pane no motor. O piloto foi muito hábil e conseguiu encontrar uma clareira na mata e aterrissou sem ninguém se ferir gravemente. Mas surgiu um problema: Todos os aparelhos de comunicação se quebraram. Como ainda não havia telefone celular, não foi possível comunicar-se com o mundo.

Como eles tinham pouca água e não havia água por ali, todos morreram de sede. Uma semana depois, as equipes de resgate conseguiram localizar o avião, e os cadáveres. Mas faltava um senhor, que só foi encontrado dias depois. Ele se embrenhou pela mata a procura de água e morreu a poucos metros de uma fonte de águas cristalinas.

Ao seu lado estava um diário que ele vinha fazendo, no qual descrevia poeticamente as belezas da água. Que pena! Morreu de sede ao lado da fonte.

Nós temos bem perto de nós uma fonte de águas cristalinas, que é Jesus Cristo. Não vamos morrer de sede sem beber desta Água Viva. Pelo contrário, vamos beber dela ao máximo, e distribuí-la aos outros.

Maria Santíssima foi o terreno bom, no qual Deus Pai fez nascer a fonte de Água Viva, que é seu Filho. Como é bom estarmos junto com ela e termos o seu apoio de Mãe!


Pensar no outro

No final do Séc. III, surgiram os eremitas. Eram grupos de cristãos que viviam nas montanhas, a fim de buscar com mais empenho o seguimento de Jesus. Viviam em total desapego dos bens da terra. Eles construíam as suas cabanas individuais em círculo, onde cada um vivia em total silêncio, lendo a Palavra de Deus, rezando, fazendo penitências e também trabalhando. No meio do círculo ficava a capela, onde eles se reuniam várias vezes no dia para a oração comunitária.

Em uma montanha havia um ermitério. Um dia, um garoto que morava perto apanhou no seu quintal uma maçã bem madurinha e cheirosa, e a levou para os monges. Ao chegar, bateu na porta da primeira cabana. Apareceu o monge. O menino deu-lhe a maçã e foi embora.

Aquele monge estava com fome e sentiu uma grande vontade de comer aquela maçã. Mas pensou no colega ao lado. Foi lá, bateu à porta dele e lhe deu a maçã, sem dizer nada, pois era hora de silêncio.

Este também pensou no seu colega ao lado. Foi até ele e lhe deu a maçã, em silêncio. Este, por sua vez, pensou a mesma coisa e a deu para o vizinho seguinte. Assim, a maçã foi dando a volta no ermitério, até que chegou novamente ao que a havia ganhado do menino.

Este monge ficou emocionado. Na hora da oração, mostrou para todos a maçã, como prova de que entre eles havia caridade.


Esses eremitas queriam, através do amor, continuar a presença de Cristo no mundo.

Um comentário:

  1. Ótimas Histórias. Muito úteis para trabalhar com liturgia e catequese. Parabéns.

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