PADRE QUEIROZ

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

.

AQUI ESTÃO AS HISTÓRIAS DO PADRE QUEIROZ.
CADA LINK É UM BLOCO DE VÁRIAS HISTORINHAS.
------------------------------------------------------

Histórias de vida-Maio de 2014

Histórias de vida - Outubro de 2015 

Histírias de vida-Novembro de 2015

 



Novembro de 2015

Novembro de 2015 - 30Hists50Jul15


Carinho cura doente mental 1500
O segredo da felicidade 1499
Seguir a mente ou o coração 1498
Amor e justiça qual está acima 1497
O rei narigudo 1496
A feliz recuperação 1495
Servir a Deus com alegria 1494
Mais um fruto da Missão 1493
Passar da teoria à prática 1492
Deus precisa espaço para entrar 1491
Mãos limpas mas vazias 1490
Amar os deficientes 1489
Deus está comigo, nada temerei 1488
A difícil tarefa 1487
Honestidade a toda prova 1486
O amor e a sabedoria de uma avó 1485
Instrumentos do amor de Deus 1484
Ter fé é viver não apenas conhecer 1483
O nada e o ego 1482
O egoísmo sutil 1481
Como conhecer o Amazonas 1480
Amor cura neurótico 1479
O grito do profeta 1478
Leão vence três touros 1477
Mestre manda discípulos roubar 1476
A água partilhada sacia a todos 1475
Ser chefe é dar exemplo 1474
Lubrificar o mundo 1473
Imitar é bom, mas nem sempre 1472
A riqueza verdadeira 1471
Sou feliz Senhor tu vais comigo 1470
O otimismo é uma virtude 1469
Defeitos e potencial do outro 1468
Deus vê isso e não faz nada 1467
Aristóteles visitava o mercado 1466
A estrada para lugar nenhum 1465
A oração modelo 1464
O passageiro indesejado 1463
Perdão sem limites 1462
A conversão de um ferreiro 1461
A princesa feia 1460
Quem sou eu 1459
O cuco e a menina 1458
A ave que caiu no poço 1457
Avestruz enterra a cabeça 1456
Quem matou Pat Hudson 1455
O peixinho voador 1454
Por favor, ajudem-me 1453
Avarento ganha peixe dourado 1452
Dois povos brigaram à toa 1451

Carinho cura doente mental

Certa vez, aconteceu um fato trágico: Uma senhora perdeu, em um acidente, o marido e os dois filhos. Quando ficou sabendo, ela desequilibrou-se mentalmente e teve de ser internada em uma clínica psiquiátrica.

A mãe foi visitá-la, mas a jovem mulher estava tão mal que nem a reconheceu. Então a mãe tomou uma decisão: Insistiu e conseguiu ser aceita na clínica como funcionária gratuita. E passou a ficar o dia todo ao lado da filha. Durante longas horas segurava-lhe a mão, acariciando o seu rosto e beijando-a demoradamente.

Às vezes, a moça enfurecia e agitava-se a ponto de precisar ajuda de enfermeiros. Mas a mãe não desanimava. Pelo contrário, multiplicava ainda mais os carinhos.

Um dia, aconteceu uma surpresa: Após a mãe rezar com ela uma Ave Maria, jovem senhora como que acordou de um longo sono. Olhou longamente para a mãe e disse: “Mamãe!” e a abraçou.

Os médicos foram chamados e comprovaram o fato: A enferma tinha recuperado a consciência. Foram tirando os medicamentos e logo a jovem mãe e esposa teve alta.

O carinho a curou! O amor e a proximidade fazem bem a todos, especialmente aos doentes.


O segredo da felicidade

Certa vez, na antiguidade, um mercador enviou seu filho para aprender o segredo da felicidade com o homem mais sábio da região. O jovem andou durante um mês pelo deserto, até chegar a um bonito castelo, no alto de uma montanha. Ali vivia o sábio.

No entanto, em vez de encontrar-se com ele, o rapaz viu, em uma sala, uma atividade intensa. Eram mercadores que entravam e saiam, pessoas conversando, uma pequena orquestra que tocava suaves melodias e uma mesa repleta dos mais deliciosos manjares.

O mestre conversava com todos, e o jovem teve de entrar na fila, onde esperou durante duas horas.

Quando chegou a sua vez, o sábio ouviu atentamente o motivo da visita, mas disse que naquele momento não tinha tempo de lhe explicar o segredo da felicidade. Pediu que ele desse um passeio pelo palácio e regressasse duas horas depois.

Mas o sábio lhe disse, entregando-lhe uma colherinha de chá quase cheia de azeite:
- Peço-lhe um favor: Enquanto você estiver caminhando, leve esta colherinha, cuidando para não derramar o azeite.

O jovem começou a subir e a descer as escadas do palácio, mantendo sempre os olhos fixos na colher. Passadas as duas horas, retornou à presença do sábio. Este perguntou-lhe:
- Que tal? Você viu os tapetes da Pérsia que estão na minha sala de jantar? Viu o jardim com belíssimas flores? Viu a biblioteca?

O jovem, envergonhado, confessou que não tinha visto nada disso, pois a sua preocupação era não derramar o azeite. O sábio lhe disse então:
- Volte e procure conhecer as maravilhas do meu mundo. Você não pode confiar em uma pessoa, se não conhece a sua casa.
E lhe deu novamente a colher com o azeite.

O jovem voltou a percorrer o palácio, observando com atenção todas as obras de arte e os belos adornos nas paredes e no teto. Viu jardins, a beleza das flores, as montanhas. De volta à presença do sábio, contou-lhe tudo o que tinha visto.

- Mas onde está o azeite da colherinha? Perguntou o sábio. O jovem olhou a colher e se deu conta de que o havia derramado. O sábio então concluiu:

- Vou dar-lhe um único conselho, para descobrir o segredo da felicidade: Olhe todas as maravilhas do mundo, mas sem nunca se esquecer do azeite na colher, isto é, sem nunca se esquecer dos valores que carrega consigo.

(Fonte: Pe. Jesus Bringas)


Seguir a mente ou o coração?

Certa vez, um discípulo, na encruzilhada de uma indecisão, perguntou ao mestre qual caminho devia tomar. Explicou que estava em dúvida entre o que a mente pensava e o coração pedia. O mestre fez a seguinte comparação:

Caminhamos pela vida como um taxi fazendo uma viagem. O motor são as nossas energias, o nosso vigor físico. O taxista é o nosso coração. Mas quem decide qual direção tomar é o passageiro do taxi.

O discípulo apressou-se em perguntar:
- Mas quem é o passageiro?

O mestre fechou os olhos, respirou lenta e profundamente e respondeu com um semblante serena:
- O passageiro é a nossa mente.

Todo o nosso corpo foi consagrado a Deus no Batismo. Mas o coração é cego, e o vigor físico também. Quem nos deve dirigir, portanto, é a nossa mente.

“Estou ciente de que o bem não habita em mim... Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero” (Rm 7,18-19).


Amor e justiça, qual está acima?

Havia, certa vez, uma tribo de índios, cujo cacique era admirados por todos, devido à sua sabedoria, honestidade e bondade. Desejando que seus súditos vivessem em segurança, ele criou leis abrangendo todos os aspectos da vida tribal.

Um dia, surgiu um problema na tribo. Alguém estava cometendo pequenos furtos. O cacique reuniu a tribo e, com tristeza no olhar, frisou que não havia necessidade de furtos, pois todos tinham o necessário para viver. Assim, ele frisou que o responsável teria o castigo habitual: 20 chibatadas.

Os furtos, entretanto, continuaram. O cacique reuniu a tribo novamente e aumentou para 30 chibatadas. Apesar disso, os furtos não cessaram.

Por favor – suplicou o cacique – estou suplicando para o bem de vocês! Os furtos precisam parar. Eles estão causando sofrimento entre vocês! E aumentou o castigo para 40 chibatadas. Aqueles que estavam próximos dele viram que uma lágrima escorreu pela sua face.

Finalmente, um índio veio dizer que havia identificado o autor dos furtos. A notícia se espalhou e todos se reuniram para ver quem era. Um murmúrio de espanto percorreu a pequena multidão, quando a pessoa foi trazida por dois guardas. A face do cacique empalideceu de susto e sofrimento. Era sua mãe, uma senhora idosa e frágil.

Todos pensaram: E agora? Será que o cacique, mesmo assim, será imparcial? Seria o amor à sua mãe capaz de impedir o cumprimento da lei? O cacique disse:
- Meu amado povo, as 40 chibatadas serão aplicadas. Faço isso pela nossa segurança e pela nossa paz.

Acenou com a cabeça e os guardas fizeram sua mãe dar um passo à frente. Um deles retirou o manto dela, deixando à mostra suas costas ossudas e arqueadas. O carrasco, armado de chicote, aproximou-se e começou a desenrolar o seu instrumento de punição.

Nesse momento, o cacique deu um passo à frente, retirou o seu manto e todos puderam ver seus ombros largos e bronzeados. Com muito carinho, passou os braços ao redor de sua querida mãe, protegendo-a por inteiro com o próprio corpo. Encostou o seu rosto ao dela, misturando suas lágrimas. Fez sinal afirmativo ao carrasco e este desferiu 40 chibatadas nos ombros fortes do cacique.

Foi um momento inesquecível para toda a tribo, que aprendeu, naquele dia, como se podem harmonizar o amor e a justiça.

O amor tudo vence e encontra saída para as situações mais complicadas, sem quebrar a justiça. Este mesmo gesto fez Deus Pai conosco, enviando-nos seu Filho. Assim ele harmonizou a justiça com o amor. “Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único” (Jo 3,16).

Só que Deus foi mais longe: Em vez de apenas levar chibatadas, deu a vida. Isso porque a nossa pena era a morte.

(Fonte: Pe. Jesus Bringas)


O rei narigudo

Havia, na antiguidade, um rei que gostava de ser elogiado e homenageado. No entanto, ele tinha um defeito físico notável: Seu monstruoso nariz era extremamente feio e deformado. Por isso, não deixava nenhum pintor retratá-lo, já que naquele tempo não havia fotografia.

No entanto, quando estava velho, seu filho e sucessor insistiu tanto que conseguiu que o pai permitisse ser pintado em uma tela, a fim de ser colocada na galeria dos reis do reino. Mas o pai estabeleceu uma condição: Só aceito se o artista me pintar a contento. Os três melhores pintores do reino foram convocados.

O primeiro retratou o monarca tal e qual, com o seu narigão horripilante. O rei recusou a pintura e mandou prender o artista.

O segundo pintou o rei fielmente, com exceção do aberrante nariz, em cujo lugar colocou um belo e irrepreensível nariz. O rei sentiu-se ridicularizado e mandou prender também este artista.

Chegou a vez do terceiro pintor. Este, conhecendo a paixão do rei pela caça, retratou-o portando uma carabina e apontando-a em direção a uma raposa. E a arma cobria-lhe justamente o nariz. Vendo o quadro, o soberano sorriu satisfeito e recompensou largamente o artista.

A estória retrata três atitudes nossas. A primeira é a franqueza exagerada, que pode ferir as pessoas. A segunda é a mentira, distorcendo os fatos, a fim de agradar aqueles a quem desejamos conquistar. E a terceira atitude, a ideal, é expor sempre a verdade, mas evidenciando o que é útil e edificante, e desfocando os aspectos menos construtivos.

Que o bom Deus nos ajude a sermos sempre fieis à verdade, mas não a expondo quando isso pode prejudicar o nosso próximo. Nós temos o direito de ocultar aquela parte da verdade que pode prejudicar alguém.

(Fonte: Pe. Jesus Bringas)


A feliz recuperação

Certa vez, na antiguidade, estava sendo construído um palácio real. Uma das paredes internas seria revestida com um enorme espelho. O espelho foi fabricado, mas, na viagem, ele se quebrou. Quando chegou à construção, o empreiteiro mandou jogá-lo no lixo.

Surpreendentemente, o arquiteto ordenou que todas as peças quebradas fossem recolhidas, quebradas em pedaços ainda menores e coladas na parede, formando um mosaico prateado e cintilante. Assim, a parede ficou mais bonita do que ficaria antes, com o espelho inteiro.

É possível transformar cicatrizes em estrelas, ser melhor, exatamente por ter se quebrado. Deus, em seu poder infinito, é capaz de restaurar tudo, de fazer recuperar-se qualquer pessoa caída. “Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28). “Ó feliz culpa, que mereceu tão grande Salvador!”

(Fonte: Pe. Jesus Bringas)


Servir a Deus com alegria

Em uma congregação religiosa masculina, havia um mestre de noviços que queria ver seus noviços sempre alegres. Embora o noviciado seja um tempo de reflexão e estudo da própria vocação, nem por isso é tempo de tristeza, dizia ele.

Por isso, quando via um rapaz triste, sem alegria, com a cara amarrada, ele perguntava:
- Por que este rosto sério e fechado? Se está com fome, vá comer alguma coisa. Se está doente, vamos logo ao médico. Se está cansado e com sono, vá tirar uma soneca. Se tem algum pecado, procure um confessor. Mas, por favor, não faça uma cara de quem comeu e não gostou.

De fato, a alegria é uma característica dos cristãos católicos. Na Igreja primitiva, os cristãos eram sempre alegres. Veja algumas passagens da Bíblia:
- “Perseverantes e bem unidos, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão pelas casas e tomavam a refeição com alegria” (At 2,46).

“Chamaram os apóstolos e mandaram açoitá-los. Proibiram que eles falassem do nome de Jesus, e soltaram-nos. Os apóstolos saíram alegres por terem sido considerados dignos de sofrer injúrias por causa do nome de Jesus” (At 5,40-41).
- “Há mais alegria em dar do que em receber” (At 20,35). Esta é a única frase que é certo que Jesus falou e não está nos Evangelhos.

“O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas é justiça e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17-19).
- “Irmãos, estai sempre alegres” (1Ts 5,16).
- “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: Alegrai-vos. Seja a vossa alegria conhecida de todos” (Fl 4,4-7).

Maria Santíssima cantou, no Magnificat: “O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”. Ela alegrou-se, mesmo antes do Filho nascer. E nós, tantos anos depois, continuamos nos alegrando. É uma alegria misturada com gratidão. Ou melhor, uma gratidão manifestada em alegria.


Mais um fruto da Missão

Estava havendo a Santa Missão numa cidade do interior. Acaba de sair a procissão da penitência, às 05:30 da madrugada. À frente, vai um homem carregando a cruz e, ao seu lado, o missionário com o alto-falante portátil. O povo caminha lentamente, alternando ave-marias com cânticos.

De repente, aparece uma valeta bem funda que atravessa toda a rua. Ao lado dela, muita terra. Encontraram, ao lado, uma pequena passagem, pela qual toda a procissão passou, lentamente.

Depois que todos passaram, o missionário comentou, num tom de velhos amigos:
- Vamos pedir ao prefeito que passe por aqui, a fim de ver a situação desta rua?
Todos olharam para o homem que levava a cruz, e não conseguiram segurar um cochicho e sorrisos.

No final da procissão, o homem da cruz, que era o prefeito, aproximou-se do missionário e disse:
- Peço ao senhor que amanhã passe por aquela mesma rua.

No dia seguinte, o buraco havia desaparecido. Para satisfação de todos, quem levava a cruz era o mesmo homem, o prefeito, que ganhou mais simpatia do povo.

A fé e a política são como duas rodas de uma bicicleta. As duas são diferentes, mas caminham juntas e uma depende da outra. Quem ama a Cristo sonha em implantar no hoje e no aqui o mundo novo desejado por ele. E isto não é possível sem a política.

Na democracia, o poder emana do povo. O povo é a autoridade maior. Por isso, vamos, como cristãos católicos, exercer este nosso poder, aproveitando todas as oportunidades, como fez aquele missionário.

(Fonte: Pe. Clóvis de Jesus Bovo)


Passar da teoria à prática

Certa vez, um missionário, em suas andanças, estava evangelizando um grupo de pessoas. Em seu sermão ele disse:
- Precisamos dividir os nossos bens com os mais necessitados!

Todos acenaram com a cabeça, dizendo que concordavam. Para confirmar, o padre perguntou:
- Vocês entenderam bem o que eu disse?
- Entendemos sim, padre – responderam. Então o padre exemplificou:

- Se vocês tiverem 100 cabeças de gado, o que farão?
- Daremos 50 cabeças para nossos irmãos mais pobres.

- E se tiverem 100 porcos?
- Distribuiremos 50 entre os mais necessitados e ficaremos com 50.

O padre insistiu:
- E se vocês tiverem 100 galinha, o que farão?
Ninguém respondeu. Desconfiado, o padre perguntou:

Por que vocês dividiriam o gado e os porcos, mas não as galinhas? Eles responderam:
- Ah! Padre, o gado e os porcos nós não temos, mas as galinhas nós temos!

É fácil dizer palavras bonitas para os outros cumprirem. O difícil é dividir, com gestos concretos, o que possuímos. Vamos dividir o bem mais precioso que temos: O amor que Deus plantou em nosso coração. Mas fazer isso não apenas na teoria.

(Fonte: Pe. Marcelo Rossi)


Deus precisa espaço para entrar

Certa vez, um professor foi procurar um sacerdote para perguntar sobre Deus e outras dúvidas de fé. Logo de início, fez muitas perguntas. O padre ouviu todas em silêncio, depois lhe disse:
- Você me parece cansado. Veio de longe e subiu esta montanha. Deixe-me primeiro servir um chá para você. E foi fazer o chá.

O professor esperava impaciente. Sua mente borbulhava com mais perguntas. Logo o aroma do chá espalhou-se pela casa. O padre percebeu a inquietação do professor e pediu-lhe que não tivesse pressa, pois quem sabe, ao tomar o chá, as questões fossem respondidas.

O professor ficou perdido com essas palavras. Perdi a viagem, pensou ele. Esse padre parece fraco da cabeça. Como que minhas perguntas sobre Deus podem ser respondidas pelo fato de eu tomar um chá?

Logo o sacerdote trouxe o chá em um bule e começou a derramá-lo na xícara. A xícara ficou cheia e ele continuou derramando. Ao transbordar, o chá estava enchendo o pires, mas o padre não parava de derramar chá. Logo ia molhar a atoalha da mesa, que era muito bonita e bordada. O professor não aguentou e interveio:
- O que o senhor está fazendo?

O padre respondeu:
- É exatamente nesta situação que você se encontra. A sua mente está cheia de perguntas e, mesmo se eu responder, não haverá espaço para que a resposta possa entrar. Vá embora, esvazie sua xícara e depois retorne. Primeiro crie um pouco de espaço dentro de si.

O Espírito Santo está sempre disposto a falar ao nosso coração. Mas é necessário que abramos espaço para ele entrar.


Mãos limpas, mas vazias

Certa vez, um homem teve um sonho que o deixou preocupado. Sonhou que tinha acabado de morrer e, chegando à porta do Céu, viu a maravilha do local. Queria morar ali para sempre.

Mas foi recebido por um anjo que lhe fez uma série de perguntas a respeito de sua vida na terra. No final, embora demonstrando um profundo respeito pelo recém-chegado, o anjo deduziu que ele não estava pronto para entrar no Céu.

O homem replicou:
- Mas logo eu? Enquanto estive na terra, obedeci aos mandamentos! Inclusive tenho aqui uma lista das coisas boas que fiz.
- Pois eu também anotei algo sobre nossa conversa, respondeu o anjo. Vamos analisar ambas as listas:

“Nunca prejudiquei meus semelhantes.” – Mas também não ajudou ninguém.
“Calei toda palavra ofensiva.” – Mas não abriu a boca para defender ninguém.
“Jamais procurei defeitos no próximo.” – Contudo, não aproveitou os bons exemplos.

Desiludido, o homem calou-se. O anjo passou carinhosamente a mão na sua cabeça e disse:
- Não basta fugir do mal, é preciso fazer o bem. Você tem boa aparência, mas a sua existência na terra foi vazia de testemunho.

Nesta hora, o homem acordou assustado e, a partir daquele dia, decidiu mudar as suas atitudes.

Como estamos agindo durante a nossa breve caminhada neste mundo? Evitamos o mal apenas, ou praticamos o bem?


Amar os deficientes

Havia, certa vez, uma pequena garota, descalça e suja, que ficava sentada no parque, vendo as pessoas andarem. Ninguém sequer olhava para ela.

Um rapaz, que sempre passava por ali e a via, um dia resolveu parar. Quando o jovem se aproximou, viu que ela tinha um olhar triste e trazia, debaixo do vestido, uma deformação nas costas. Ele logo concluiu: É por isso que nenhuma criança a convida para brincar.

Quando ele chegou mais perto, a garotinha baixou o olhar. Nessa hora ele viu mais claramente o contorno das suas costas. Era grotescamente corcunda.

O moço sentou-se ao seu lado e disse: “Olá”. Ela respondeu: “Oi”. Ele sorriu e ela sorriu de volta. E ficaram ali conversando. Até que o rapaz perguntou-lhe por que ela estava triste. Ela olhou para ele e falou:
- Porque sou diferente.

- Sim. Você, com este olhar doce e inocente, lembra um anjo.
Nesta hora, ela olhou para ele, sorriu e disse:
- De verdade?
- Sim. De verdade. Você parece um anjo mandado por Deus, pois tem um olhar doce e amoroso.

A garota levantou-se sorrindo e falou:
- Você foi a única pessoa que se aproximou de mim e me possibilitou este momento que jamais esquecerei. A minha deformidade me afasta e me deixa isolada, mas a sua presença me fez muito feliz.

Encontramos, pela vida, muitos deficientes físicos e mentais. O nosso acolhimento, o nosso amor é capaz de ajudá-los a se reerguerem e serem felizes. O importante é ir além das aparências e olhar o coração. Mas só faz isso quem está bem com Deus. Deixemos os preconceitos, como as crianças colegas daquela menina e as pessoas que passavam ao seu lado.

(Fonte: Pe. Marcelo Rossi)


Deus está comigo, nada temerei

Havia, certa vez, uma senhora que vivia reclamando de tudo na vida. Um dia, ela se encontrou com Jesus e disse:
- Senhor, compadece-te de mim! O mundo me atormenta e a vida fez-me escrava!

Tenho um filho que incessantemente me fere o coração. Esperei-o com os melhores sonhos, embalei-o nos braços... Entretanto, encontro nele meu suplício. Por que isso, Senhor? Por que tanto sofrimento?

Jesus, em seu infinito amor, respondeu:
- Querida, Deus pode mudar o coração dos seus filhos e filhas. Que seria do tronco se a terra não o suportasse? Ou do ninho se o galho não o sustentasse?

A mãe respondeu:
- Mas, Senhor, e comigo? Quem teria colocado em meus braços semelhante martírio? Quem colocou em meu peito este filho difícil e indiferente?

Para sua surpresa, a mulher escutou de Cristo estas simples palavras:
- Minha irmã, foi Deus, meu e seu Pai querido.

Deus nos chama e nos dá uma bela tarefa no seu Reino. Quando passamos por dificuldades, ele nos sustenta com a sua graça. Por isso, não desistamos diante dos obstáculos, porque temos um Pai, muito forte e amoroso, que está sempre ao nosso lado. Obedecendo-lhe, os fardos se tornam leves.

(Fonte: Pe. Marcelo Rossi)


A difícil tarefa

Certa vez, um homem estava andando em um campo e encontrou uma cisterna velha de 8 metros de profundidade. Lá no fundo estava um rapaz. O homem pegou um bambu e o desceu até o fundo. O moço começou a subir, mas escapou e caiu.

O homem foi à sua casa, pegou uma corda, veio e jogou uma ponta dela lá no fundo. O moço começou a subir, mas escapou e caiu novamente.

Então o homem desceu até o fundo do poço, pôs o rapaz nas costas e foi subindo. Mas quando estava no meio, os dois caíram.

Mas o senhor não desistiu. Voltou à sua casa e trouxe uma escada de 10 metros. Desceu-a até o fundo. Nesta hora, o rapaz lhe falou:
- Quem disse que eu quero sair daqui?

Nós não devemos ficar parados onde estamos, mas querer sempre crescer e superar os obstáculos.

(Fonte: Pe. Dalton)


Honestidade a toda prova

Na segunda guerra mundial, estava preso em um campo de concentração da Sibéria um rapaz chamado Vladimir. Ele sabia que daquele lugar poucos saíam com vida, devido aos alimentos que eram insuficientes para lhes matar a fome, e aos trabalhos forçados.

Ele tinha, em uma pequena caixa, alguns biscoitos, um pouco de manteiga e presunto, que sua mãe lhe havia mandado clandestinamente. Guardava aqueles alimentos para quando a fome se tornasse insuportável. Como a caixa não tinha chave, ele a trazia sempre consigo.

Certo dia, Vladimir foi designado para um trabalho temporário em outro campo. Como não tinha onde deixar a caixa, pediu que um colega de prisão, chamado André, a guardasse consigo até a sua volta. André aceitou a missão.

No dia seguinte à partida de Vladimir, uma tempestade de neve tornou intransitáveis todos os caminhos, impossibilitando o transporte de provisões. Vladimir sabia que, no campo de concentração em que ficara, a fome havia aumentado.

Uma semana depois, terminou o trabalho temporário, as estradas foram reabertas e Vladimir voltou ao seu campo.

Não encontrando André, Vladimir perguntou por ele ao sargento chefe da sua turma de presos. Este respondeu:
- Nós o enterramos ontem, junto com mais vinte, todos mortos de fome. Mas antes de morrer, André me pediu que guardasse isto para você.

E deu-lhe a caixa. Vladimir a abriu e viu que tanto os biscoitos como a manteiga e o presunto estavam intactos. Em cima dos alimentos havia um bilhete: “Prezado Vladimir, escrevo enquanto ainda posso mexer as mãos. Não sei se viverei até você voltar, porque estou horrivelmente debilitado. Deixo as suas coisas com o sargento. Espero que as receba intactas. André”.

Deus está sempre presente em nossa vida. Como somente ele sabe o que é melhor para nós, devemos, sem duvidar, confiar nele e cumprir a palavra dada ao nosso próximo.

(Fonte: Pe. Marcelo Rossi)


O amor e a sabedoria de uma avó

Certa vez, uma senhora e sua netinha foram ao zoológico. A menina tinha o rosto salpicado de sardas vermelhas e brilhantes. As crianças estavam esperando numa fila para que um artista pintasse suas faces com patinhas de tigre.
- Você tem tantas sardas que ele não vai ter onde pintar – falou um menino que estava na fila.

Sem graça, a garotinha abaixou a cabeça. A avó curvou-se e lhe disse sorrindo:
- Gosto de suas sardas.
- Mas eu detesto – replicou a menina.

- Quando eu era criança, sempre quis ter sardas – continuou a avó, passando o dedo pela face da criança – Sardas são tão bonitas!

A menina levantou o rosto e disse:
- São mesmo?
- Claro! Quer ver? Diga-me uma coisa mais bonita que sardas.

A criança olhando para o rosto sorridente da avó e respondeu suavemente:
- Rugas.

Foi um momento bonito de amor entre avó e nata. O amor transforma o feio em bonito, o mau em bom, o triste em alegre. Se olharmos para os outros com olhos de amor, não veremos o que eles possam ter de defeitos, mas apenas o que têm de bonito.

Deus, como bom Pai, vê em nós mais belezas que feiuras, mais qualidades que defeitos. E, com um sorriso, ele estende a mão para que a peguemos e assim ele possa nos levantar.


Instrumentos do amor de Deus

Era uma tarde fria de inverno. Uma senhora passa pela rua e vê um menino de pés descalços, roupa em frangalhos, diante de uma vitrine. Seus olhinhos estão presos na exposição de sapatos. Ela pergunta sorrindo:
- O que está fazendo aqui? Não está sentindo frio?
- Estou pedindo ao bom Jesus que me arranje um par de sapatos.
- Então venha comigo. Vamos ver se Jesus gosta de ajudar meninos como você.

Entrou com ele na loja, onde, aliás, era muito conhecida, e lhe comprou meias de lã e um par de sapatos. Depois pediu que levassem ao banheiro uma bacia com água para lavar os pés do menino.

Após calçar as meias e os sapatos, o garoto continuava surpreso, sem dizer uma palavra. No final, quando a mulher fez menção de deixa-lo, ele a fitou demoradamente, olhinhos úmidos, e perguntou:
- A senhora é a Mãe de Jesus?
- A Mãe de Jesus? Não, meu filho, sou apenas uma discípula dele.

Jesus espera que sejamos testemunhas do seu amor. Por isso, todos os dias ele coloca em nosso caminho pessoas que necessitam de alguma ajuda. Basta deixarmos que o Espírito Santo nos conduza, e então seremos instrumentos do amor de Deus.
,
(Fonte: Pe. Marcelo Rossi)


Ter fé é viver, não apenas conhecer

Certa vez, um homem converteu-se a Jesus Cristo, na Igreja Católica. Pouco tempo depois, um amigo não crente lhe disse:
- Então, você se converteu a Cristo?
- Sim.

- Portanto, você deve saber muita coisa a respeito dele. Diga-me, pois, em que cidade ele nasceu?
- Não sei.
- E qual era a sua idade, ao morrer?
- Não sei.
- Quantos sermões ele pregou?
- Não sei.

- Você sabe muito pouca coisa sobre aquele para quem se considera convertido!
- Você tem razão. Tenho vergonha de saber tão pouco a respeito de Jesus Cristo. Mas uma coisa eu sei:

Uns três anos atrás, eu era um alcoólatra, meu lar estava em ruínas, minha esposa e meus filhos, noite após noite, tinham pavor da minha volta para casa. Agora deixei da bebida e minha casa é um lar feliz. Minha esposa e meus filhos todas as noites me esperam sorridentes.
Tudo isso Jesus Cristo fez por mim. É o que sei a respeito dele.

O diabo sabe mais coisas sobre Jesus Cristo do que nós. No entanto, é diabo, porque não o segue.

(Fonte: Anthony de Mello)


O nada e o ego

Certa vez, um discípulo procurou o mestre e lhe disse:
- Eu venho a ti, mas nada tenho em minhas mãos. O mestre respondeu:
- Jogue fora este nada também.
- Mas jogá-lo fora como, se é nada?
- Pois leve-o, então, consigo pela vida!

O nosso egoísmo é sutil e persistente. Podemos transformar até o nosso nada em promoção pessoal. O meu orgulho é ser humilde, dizem alguns.

Muitos carregam, pela vida, a sua renúncia, como se fosse um troféu. Mais importante que deixar as nossas posses é abandonar o nosso egoísmo e mergulhar no amor.


O egoísmo sutil

Certa vez, um discípulo disse ao mestre:
- Eu vim oferecer-lhe meus serviços. O mestre respondeu:
- Deixe cair esse “eu”, que os serviços automaticamente surgirão.

O discípulo foi egoísta. Queria ajudar o mestre, mas no fundo o que ele mais queria era aparecer. O que o motivou a procurar o mestre não foi o amor, mas a promoção de si mesmo.

“Se eu gastasse todos os meus bens no sustento dos pobres e até me entregasse como escravo, para me gloriar, mas não tivesse amor, de nada me aproveitaria” (1Cor 13,3).

Conserve seus bens, sua liberdade, e abandone seu “eu”. Assim, o amor virá automaticamente. E, a partir daí, você poderá, quem sabe, um dia entregar seus bens e tornar-se escravo, por amor.

(Fonte: Anthony de Mello)


Como conhecer o Amazonas

Certa vez, um senhor decidiu conhecer o Amazonas. Entrou em igarapés, andou pelas florestas, viu todo tipo de animais, lagos, o povo ribeirinho, os peixes pulando acima da água... Isso da foz até a nascente do grande rio. Depois voltou para a sua pequena cidade. O povo o aguardava ansioso para conhecer tudo sobre o Amazonas.

Entretanto, com que termos podia ele exprimir todos os sentimentos que inundaram seu coração, quando viu, na mata, aquelas flores de beleza e perfume inexprimíveis? Quando ele ouvia, à noite, os sons da selva? Como contar seus medos e ansiedades ante a ameaça das feras e dos rios que ele, em frágil canoa, navegava?

Então o homem lhes deu um mapa do Amazonas, pedindo a todos que fizessem a mesma experiência que ele. O mapa continha as cascatas, os afluentes, as correntes cristalinas, a floresta... Mas as pessoas pegaram o mapa e fizeram cópias para todos os interessados em conhecer o Amazonas. Com isso pensavam que já conheciam o grandioso rio.

E o pobre explorador arrependeu-se de, um dia, lhes ter dado aquele mapa, porque, na verdade, ninguém passou a conhecer o grandioso Amazonas.

Para uma pessoa que nunca degustou uma maçã, não adianta você descrever o gosto dela. É preciso comê-la. O mesmo acontece com a fé cristã e a experiência de Deus. Que tenhamos coragem de arriscar e entrar nesse maravilhoso rio,  fim de conhecê-lo tal como é.

(Fonte: Anthony de Mello)


Amor cura neurótico

Certa vez, um rapaz ficou neurótico. A depressão e a angústia tomaram conta dele. As pessoas lhe diziam que ele estava doente e precisava vencer a neurose. Quando ouvia as advertências, o moço ficava ressentido e concordava ao mesmo tempo. Queria mudar-se, mas não conseguia, apesar de todos os esforços.

Ele tinha um amigo, o seu melhor amigo, que lhe dizia: “Não mude não. Permaneça assim como você está. Eu gosto de você do jeito que você é”.

Que melodia eram, nos ouvidos do moço, essas palavras do amigo! Não mude, não mude, eu gosto de você assim! Então o jovem relaxou-se, voltou ao que era e, que maravilha! Deixou de ser neurótico.

Agora sei, dizia ele, que eu não teria conseguido vencer a batalha se não encontrasse alguém que me amasse do jeito que eu era, com ou sem neuroses e rancores.

“O amor é benfazejo, é paciente... O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará” (1Cor 13,4-8).

(Fonte: Anthony de Mello, sj)


O grito do profeta

Certa vez, um profeta foi a uma pequena cidade, a fim de converter o povo para Deus e para a Santa Igreja. No início, o povo ouvia as suas pregações. Mas depois foram se afastando, até que ninguém mais aparecia para o escutar.

Um dia, um viajante que passava pela cidade perguntou ao profeta:
- Por que você continua fazendo diariamente as suas pregações, se ninguém vem ouvi-lo? Você não percebe que a sua missão aqui fracassou?

O profeta respondeu:
- No início, eu pregava com esperança de mudar o povo. Agora, eu continuo pregando e gritando para mim mesmo, a fim de que eu não me deixe converter por eles.

Foi exatamente isso que Jesus pensou quando, ao enviar os discípulos para a missão, disse-lhes: “Se alguém não vos receber, nem escutar vossas palavras, saí daquela casa ou daquela cidade e sacudi a poeira dos vossos pés” (Mt 10,14).

Sacudir a poeira dos pés era um gesto usado pelos judeus quando regressavam ao próprio país. Sentido: Não trazer o culto às divindades pagãs e o modo de vida errado deles. Jesus usa o gesto para pedir aos discípulos que não aprendam os maus costumes do povo entre o qual exercem a atividade missionária, e este povo não aceita a Boa Nova. Os maus costumes das pessoas entre as quais vivemos grudam em nós como a poeira nos sapatos.

E Jesus acrescenta ao gesto um sentido profético, fazendo dele mais um convite à conversão. Foi o que fez este profeta.

O grande perigo é o cristão, que foi a um lugar para levar a Boa Nova e não foi ouvido, acabar sendo arrastado pelos maus costumes e virar o contrário: Em vez de ser fermento, é fermentado pelo mau fermento. Nós somos chamados a transformar o mundo pecador, não a sermos transformado por ele. “Cuidado com o fermento dos fariseus!” (Mt 16,6).

É muito difícil viver neste mundo cão, sem segui-lo. Por isso que Jesus criou a Santa Igreja, que tem a vida em Comunidade. Ali, uma criança ajuda a outra, um jovem ajuda o outro, um casal ajuda o outro... É como uma turma de mãos dadas, atravessando um atoleiro.

“Irmãos, fazei tudo sem murmurar nem questionar, para que sejais irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração má e perversa, na qual brilhais como luzeiros no mundo” (Fl 2,14-15).


Leão vence três touros

Havia, certa vez, três touros que viviam em um vale isolado. Um era branco, outro preto e o terceiro marrom. No mesmo vale vivia um leão que não podia nada contra eles, pois os três estavam sempre juntos e eram solidários.

Um dia, o leão disse aos touros preto e marrom:
- Corremos aqui o risco de chamar a atenção dos caçadores por causa do touro branco. Sua cor é diferente e vistosa, enquanto nós três temos cores mais discretas. Deixai-me comê-lo para que vivamos mais tranquilamente.
Os dois concordaram e o leão comeu o touro branco.

Dias depois, o leão disse ao touro marrom:
- Tua cor e a minha são iguais. Deixa-me comer o touro preto para que vivamos aqui mais tranquilamente.
O marrom concordou e o leão devorou o touro preto.

Assim, o touro marrom permaneceu sozinho frente ao leão. Disse-lhe um dia o leão:
- Chegou a tua vez, vou devorar-te.

O touro marrom disse:
- Faze-o. Mas antes me deixes proclamar esta verdade: Fui devorado no dia em que você comeu o touro branco.

Povo unido jamais será vencido.

(Fonte: Prof. Felipe Aquino)


Mestre manda discípulos roubar

Havia, certa vez, uma Comunidade cristã que vivia em uma choupana na zona rural. Eram o mestre e dez jovens discípulos. Um dia, o mestre disse aos discípulos:

- Como a nossa igreja aqui está precisando de uma reforma e está difícil angariar recursos, ordeno a vocês que vão à cidade para roubar bens que podem ser vendidos e assim arrecadarmos dinheiro para a reforma.

Os discípulos ficaram espantados por essa ordem vir justamente do mestre, que era um homem tão sábio e santo. Logo em seguida, o mestre disse de modo enérgico:
- Mas, para não mancharmos a nossa excelente reputação, solicito que cometam o roubo somente quando ninguém estiver vendo.
Imediatamente o mestre os deixou e foi para o seu quarto.

Os jovens conversaram entre si: “É errado roubar. Por que nosso metre solicita-nos a cometer esse ato?” Um deles, porém, disse: “O mestre é um homem sábio e justo. E isso permitirá que reformemos a nossa igreja!” Assim todos concordaram e saíram juntos em direção à cidade.

Quando estavam a certa distância, o mestre correu atrás deles e disse:
- Peço que respondam a uma pergunta do catecismo: Onde está Deus?
- No céu, na terra e em toda parte, responderam.

Então o mestre disse:
- Eu estava apenas testando se vocês conhecem o catecismo. Se Deus está em toda parte, é impossível fazermos uma coisa sem que ele a veja.
E todos voltaram para a choupana.

Deus não só vê, mas julga e faz justiça. Ele protege os seus filhos e filhas a fim de que nada de mal lhes aconteça.

“O Senhor é quem me defende. A quem temerei? Quando me assaltam os malvados para me devorar, são eles que tropeçam e caem. Mesmo que contra mim se acampe um exército, meu coração não teme” (Sl 27,1-3).

(Fonte: Prof. Felipe Aquino)


A água partilhada sacia a todos

Certa vez, na antiguidade, um rei teve de cruzar uma longa região deserta e árida, o que durou vários dias. Ia com ele um destacamento de 20 soldados. Poucos dias depois, acabou o suprimento de água e todos começaram a sofrer terrivelmente a sede. Os lábios rachavam-se e as gargantas ardiam por falta de água. Alguns já estavam quase desfalecendo e caindo no chão.

Eis que, por volta das 15 horas, encontraram-se com um grupo de viajantes que vinham montados em mulas e carregavam alguns recipientes com água. Um deles, vendo o rei quase sufocar de sede, encheu um copo grande com água e lhe deu.

O rei pegou o copo, tomou só um pouquinho, apenas para molhar a boca seca e passou o copo cheio para os soldados. Estes foram fazendo o mesmo. Dez soldados puderam molhar a boca.

Vendo o gesto bonito, os viajantes encheram novamente o copo e deram para os outros dez soltados. Todos ficaram satisfeitos e recuperaram as forças para a caminhada. Logo na frente, encontraram um oásis com água fresca e à vontade.

“Jesus pegou os cinco pães, deu graças e começou a repartir para a multidão de cinco mil homens. Todos comeram e ficaram saciados” (Jo 6,11).


Ser chefe é dar exemplo

Certa vez, na antiguidade, o exército de um país foi convocado para ajudar o povo na recuperação de uma vasta região devastada por uma fortíssima tempestade. O comandante mandou um grupo de soldados cortarem árvores e reconstruírem uma ponte que fora levada pela enchente.

Mas não havia homens suficientes, e o trabalho progredia muito lentamente. Um homem, de aparência imponente, que estava passando a cavalo, viu que o oficial dava ordens aos soldados, mas ele mesmo não fazia nada. E perguntou-lhe:
- Você não tem homens suficientes, não é?
- Não, senhor. Preciso de ajuda.
- Por que você mesmo não põe mãos à obra?
- Eu, senhor? Sou um cabo! Respondeu o oficial, aparentemente ofendido com a sugestão.

- Ah, é verdade – respondeu o outro calmamente.
O homem desceu do cavalo e pôs-se a trabalhar com os soldados, até ser concluído o serviço. Depois montou novamente e, enquanto saía, disse ao oficial:
- Cabo, na próxima vez que tiver uma tarefa a cumprir e poucos homens para o serviço, avise ao comandante superior, e eu tornarei a vir.

Aquele homem a cavalo era o general chefe de todo o exército. “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” (1Cor 11,1).


Lubrificar o mundo

Certa vez, um doente grave estava em um quarto modesto e pedia silêncio. Mas a velha porta rangia nas dobradiças, cada vez que entrava um médico, uma enfermeira, um parente ou amigo do doente. Assim, não havia condições adequadas para o sono, tão necessário àquele enfermo.

Em determinado momento, chegou um amigo, que o havia visitado, e pingou umas gotas de óleo nas dobradiças. Assim, a porta silenciou-se completamente.

A lição vale para a nossa vida. Muitas vezes, há tumulto dentro de nossos lares, no ambiente de trabalho, numa reunião qualquer. São as dobradiças das relações fazendo barulho inconveniente. Nós podemos apresentar a nossa cooperação com algumas gotas de compreensão, e assim a situação mudará.

Algumas gotas de perdão, de paciência, de carinho, de solidariedade ou de amor podem lubrificar as relações, recuperando a paz que é tão necessária. Umas gotas de afeto e de amizade podem às vezes lubrificar as engrenagens e recuperar a alegria. Às vezes são necessárias apenas algumas gotas de silêncio.

Vamos carregar sempre conosco uma bisnaga de óleo lubrificante, o óleo da paciência, do amor e da boa palavra, para que, não só os doentes, mas todos se sintam bem.


Imitar é bom, mas nem sempre

Certa vez, dois burros caminhavam em uma estrada, um ao lado do outro. Um deles carregava uma carga de açúcar e o outro levava esponjas. O primeiro disse:
- Caminhemos com cuidado, porque a estrada é perigosa. O outro retrucou:
- Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui. O outro discordou:
- Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não poder passar outro.
- Que burrice! Disse o que levava esponjas. Eu sei viver. O importante é imitar os outros.

Nisto, alcançaram um rio, cuja ponte havia caído no dia anterior.
- E agora?
- Agora, disse o que levava esponjas, é atravessarmos caminhando e enfrentando a correnteza.

O burro do açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga ia se dissolvendo no contato com a água, ela foi ficando cada vez mais leve e ele chegou à outra margem sem dificuldade.

O burro das esponjas, que gostava de imitar, lançou-se também no rio. Mas sua carga, ao contato com a água, foi ficando cada vez mais pesada, a tal ponto que ele foi para o fundo e morreu.

Imitar é bom, mas exige uma reflexão anterior, pois às vezes as situações são diversas.


A riqueza verdadeira

Havia, certa vez, duas famílias que eram amigas, mas tinham divergências. Um dos maridos era católico e o outro materialista.

Um dia, o materialista convidou a família do católico para um almoço em sua mansão. Após a refeição, o anfitrião convidou o outro para visitar sua galeria de artes, e começou a enaltecer os bens materiais que possuía, de maneira soberba.

Falou que o homem vale pelo que possui, pelo patrimônio que conseguiu acumular. Exibiu escrituras de suas propriedades, as mais variadas, joias, títulos e valores diversos.

Depois de ouvir e observar tudo calmamente, o hóspede falou da sua convicção de que os bens da terra não nos pertencem de modo absoluto, e que mais cedo ou mais tarde teremos de deixá-los. Argumentou que os verdadeiros valores são aqueles que ultrapassam a vida aqui na terra.

Entretanto, o materialista reagiu com arrogância, dizendo que ele era o verdadeiro dono de todos aqueles bens.

Diante da teimosia, o hóspede lhe propôs um acordo:
- Já que é assim, voltaremos a falar sobre o assunto daqui a 50 anos, está bem? O outro retrucou:
- Daqui a 50 anos nós já estaremos mortos, pois ambos temos mais de 60 anos de idade! O hóspede respondeu prontamente:
- É por isso que poderemos discutir o assunto com mais segurança, pois só assim você entenderá que tudo isso passou pelas suas mãos, mas não é seu totalmente.
- Chegará o dia, continuou o visitante, em que você terá de deixar todas as posses materiais e partir, levando consigo somente suas conquistas espirituais, que são as virtudes.

O homem materialista ficou contemplando as obras de arte, e uma sombra de dúvida pairou sobre o seu olhar, antes tão seguro. E uma voz silenciosa, íntima, lhe perguntava:
- Que diferença fará, daqui a 50 anos, se você morou em uma mansão ou em um casebre?
- Se você comprou roupas em lojas de grife ou em um bazar beneficente?
- Se bebeu em taças de cristal ou em um copo de vidro barato?
- Se pisou em tapetes ou sobre o chão duro?
- Se tem grandes reservas financeiras ou vive do salário?

Tudo isso não fará diferença alguma. No entanto, as boas obras que você tiver praticado farão muita diferença.

(Fonte: Prof. Felipe Aquino)


Sou feliz, Senhor, tu vais comigo

Certa vez, um senhor sofreu um grave acidente de trânsito e desmaiou. Horas depois, acordou na UTI de um hospital. Vendo a movimentação de médicos e enfermeiras, percebeu que seu estado era gravíssimo.

O sofrimento aumentou quando lhe contaram que o seu grande amigo, que dirigia o carro, havia falecido. Ele não tinha forças nem para lutar pela própria recuperação. Sentia-se a pessoa mais sofredora do mundo.

Foi quando entrou na UTI um rapaz muito jovem, usando roupas de médico, e lhe disse:
- Bom dia! O senhor é um homem de muita sorte. O maior especialista nesta área está aqui no hospital e o senhor será operado por ele.

Ao ouvir essas palavras, o doente encheu-se de esperança e começou a acreditar na própria recuperação. Respirou fundo e foi levado para a sala de cirurgia.

Depois que acordou da anestesia, a primeira coisa que fez foi perguntar pelo médico que o operou, pois queria agradecer-lhe. A enfermeira foi chamá-lo e, para surpresa sua, apareceu o mesmo jovem médico que havia conversado com ele.

- Onde está o médico que me operou? Perguntou o doente.
- O senhor está diante dele, disse o rapaz, sorrindo. O senhor estava muito fragilizado, e eu queria que se sentisse seguro e confiante. Se lhe tivesse dito que o cirurgião seria eu, o senhor não ficaria tão confiante, o que foi fundamental para o sucesso da cirurgia.

“Ainda que um exército inteiro se levante contra mim, eu nada temerei, porque o Senhor está comigo” (Sl 27,3). “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Cada um de nós, se olhar para trás, perceberá a presença desse grande médico ao nosso lado, nas horas difíceis que enfrentamos, fazendo a diferença.

(Fonte: Prof. Felipe Aquino)


O otimismo é uma virtude

Havia, certa vez, dois irmãos. Um era otimista, vivia sempre alegre. Já o outro era pessimista, passava o dia cabisbaixo, triste, vendo defeito em tudo.

Quando chegou perto do Natal, o pai chamou ambos e quis saber o que cada um queria de presente. O otimista foi lago pedindo um cavalo para passear com os amigos. O pessimista pediu uma bicicleta.

Quando chegou a véspera do Natal, o pai trouxe a bicicleta, mas, como ainda não havia encontrado um cavalo bom, trouxe um cabresto.

Quando entregou a bicicleta ao pessimista, este lamentou dizendo:
- Eu não sei bem se queria mesmo esta bicicleta. Tenho de cuidar dela, estar sempre atento para que ninguém a roube e, além disso, eu posso cair e me machucar.

Já o otimista, ao receber do pai o cabresto, saiu pulando de alegria, sem nem esperar o pai explicar que ainda não conseguira comprar o animal.

Quanto mais perto de Deus uma pessoa está, mais alegre ela é. O contrário também é certo: Quanto mais longe de Deus, mais triste. Até na hora do sofrimento, Deus nos chama a ser alegres: “Considerai uma grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de passar por diversas provações” (Tg 1,2).

“Irmãos, estai sempre alegres” (1Ts 5,16). “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: Alegrai-vos. Seja a vossa alegria conhecida de todos... Não vos preocupeis com coisa alguma, mas em toda ocasião apresentai a Deus os vossos pedidos em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças” (Fl 4,4-7).


Defeitos e potencial do outro

Certa vez, um homem plantou uma muda de roseira, esperando ver suas belas flores. Entretanto, ao regá-la e cuidar dela, ele sempre levava algumas espinhadas doloridas. Como pode uma flor tão bonita vir rodeada de espinhos? Decepcionado, parou de regar a roseira, antes que os botões abrissem, e a planta morreu.

O nosso próximo é como uma roseira. Tem belas flores, que são as suas qualidades, mas tem também os espinhos, que são os seus defeitos. Se olharmos só para os defeitos, nós nos isolamos e ficamos sem amigos.

Vamos regar as nossas amizades, vendo em cada pessoa as suas qualidades, às vezes escondidas atrás dos doloridos espinhos.

Um dos maiores dons que uma pessoa pode conquistar é ser capaz de passar pelos espinhos e encontrar, do outro lado, as mais belas e perfumadas rosas. Isto é amor.


Deus vê isso e não faz nada?

Certa vez, uma família estava, à noite, assistindo o noticiário na TV. Era o pai, a mãe e a Luciana, de 10 anos. As notícias eram sobre corrupção, desastres com aviões, assaltos... A menina escutava tudo com muita tristeza.

Os pais olhavam um para o outro, sem saber direito se pediam à filha para ir fazer outra coisa enquanto eles assistiam ao telejornal. Eles sabiam que, apesar de aquela ser a realidade do mundo, era tudo muito triste.

Antes que os pais mandassem sair da sala, Luciana fez uma pergunta preocupante, que foi respondida depois que desligaram a TV. A menina perguntou:
- Deus vê tudo isso acontecendo e não faz nada?

O pai chamou a filha para perto de si, deu-lhe um abraço e disse:
- Faz sim, filha. Deus fez você, fez o papai e a mamãe, fez todas as pessoas para mudarmos este mundo triste.

“Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!” (Mc 16,15). “Ide e fazei discípulos meus entre todas as nações... Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,19-20).

Fonte: Natal em Família.


Aristóteles visitava o mercado

Aristóteles, o grande filósofo da antiguidade, devido à sua sabedoria e comportamento austero, era muito admirado pela sociedade. Seus alunos procuravam imitá-lo, especialmente no seu desapego dos bens materiais.

Mas Aristóteles tinha um costume que deixava todos perplexos: Gostava de visitar o mercado da sua cidade. Ele ficava andando entre as gôndolas e contemplando os diversos produtos.

Um dia, um aluno seu o viu no mercado, teve coragem, aproximou-se dele e perguntou:
- Por que o senhor vem tanto aqui? Ele respondeu:
- Para ver de quanta coisa o homem não precisa para ser feliz.

Imagine se ele visitasse um dos nossos shoppings! 90% das mercadorias ali expostas são supérfluas. A sede de possuir bens é insaciável. Quanto mais tem mais quer.


A estrada para lugar nenhum

Escondida entre as montanhas, existia uma aldeia. A dois km dela havia um entroncamento de três estradas. Na primeira, estava uma placa com a palavra: “Vila” e uma flecha. Na segunda também havia uma placa com a flecha e a palavra: “Mar”. Na terceira estrada, a placa trazia apenas as palavras: “Para lugar nenhum”.

As pessoas só viajavam pelas duas primeiras estradas. Ninguém ousava seguir aquela que levava a “lugar nenhum”.

Jane, uma menina da aldeia, não se cansava de perguntar para onde ia aquela estrada, mas recebia sempre a mesma resposta: “A lugar nenhum”. Jane pensava com seus botões: Se há uma estrada, ela deve levar a um lugar onde moram pessoas.

Um dia, a menina fugiu da aldeia e pegou aquela estrava. Andou várias horas. Atravessou colinas, vales, riachos e belas cachoeiras. E continuava em frente.

Até que avistou um cão e disse a si mesma: Se há um cachorro, deve haver uma casa ou pelo menos alguém por perto. Com um misto de medo e curiosidade, pôs-se a seguir o cachorro. Ele a conduziu por um caminho que dava numa casa escondida no meio de um bosque frondoso. Uma senhora idosa morava na casa. Ela disse a Jane:

“Entre na minha casa. Ela é bonita e cheia de tesouros. Esperei durante muitos anos para que alguém viesse visitar-me.” Mostrou a Jane a sua casa repleta de tesouros e disse:
- Você pode levar o que quiser. É o agradecimento por ter me visitado.

Carregada de ouro e joias, Jane se despediu da boa senhora. O cachorro a conduziu de volta à estrada e ela voltou à aldeia.

Nesse meio tempo, os aldeões ficaram preocupados com Jane, convencidos de que algo terrível lhe teria acontecido. Por isso ficaram surpresos ao vê-la carregando aqueles tesouros. A menina contou-lhes o que acontecera.

Ávidos de ganhar algum tesouro, os aldeões viajaram pela estrada “que não leva a lugar nenhum”. Caminharam durante dias e noites, mas não chegaram a lugar nenhum. Não encontraram o cachorro, nem a casa, nem a velhinha. E voltaram desapontados.

Acusaram Jane de tê-los enganado. Ela balançou a cabeça e disse calmamente:
- Eu não fui em busca de tesouros mas de pessoas. Por isso que ganhei este tesouro.

Quem vai ao encontro do próximo, sempre encontra um tesouro, pois o ser humano trás uma riqueza quase infinita. “Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares? Tu o fizeste só um pouco menor que um deus, de glória e honra o coroaste” (Sm 8,5-6).

(Fonte: Peter Ribes, sj)


A oração modelo

Havia um menino de dez anos que todos os dias de manhã fazia a sua oração em voz baixa. A mãe, curiosa, um dia perguntou-lhe o que ele rezava. Ele disse:
- Eu rezo o Pai Nosso, a Ave Maria, o Glória ao Pai, a oração ao Anjo da Guarda. Depois, eu pergunto para Deus se ele está precisando do mim para alguma coisa.

- E Deus responde? Perguntou a mão.
- Sim. Ele me responde através da senhora, do papai, dos maus irmãos e da minha professora.

Essa foi a oração do profeta Samuel, quando também era criança. Ele disse: “Fala, Senhor, que teu servo escuta” (1Sm 3,10). Deus lhe respondeu através do sacerdote Eli.

Foi também a oração de S. Paulo, quando caiu do cavalo: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 21,10). Deus pediu que ele procurasse Ananias.

E foi principalmente a oração de Maria Santíssima: “Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim conforme a tua palavra” (Lc 1,38). Deus lhe respondeu tornando-a, naquele momento, grávida do Messias.


O passageiro indesejado

Certa vez, um navio viajava tranquilo, quando foi surpreendido pelo ataque de corsários. Inutilmente o capitão tentou opor resistência. Os piratas, armados e experientes, invadiram o navio e roubaram tudo o que podiam.

Por fim, antes de partirem, resolveram deixar no navio um menino que haviam sequestrado na última pilhagem, na esperança frustrada de obter algum dinheiro como preço do resgate.

O capitão, tremendamente abalado, ordenou que a criança fosse jogada ao mar. A decisão surpreendeu os marinheiros e todos os passageiros. Disseram-lhe que a criança não tinha culpa. Era um ser humano indefeso. Sugeriram que o menino fosse levado até o próximo porto e entregue à polícia, que iria encaminhá-lo para ser adotado por uma família.

Mas o capitão não quis dar ouvidos a ninguém. Imediatamente pegou o garoto e o atirou no mar. No meio das ondas, a indefesa criança logo se afundou.

O mesmo erro desse capitão é cometido por uma mulher que, em uma gravidez resultante de um estupro, decide abortar a criança. Quem aprova este ato não tem o direito de reprovar o afogamento desse menino, pois ambos, a mulher e o capitão, descarregaram sobre uma criança inocente a sua cólera contra agressores. Ambos respondem a uma violência com outra muito pior e covarde, pois as vítimas são seres humanos absolutamente indefesos, que desejam apenas usar o seu direito de viver, ou ver a luz do dia.

(Fonte: Pe. Valdo Bartolomeu)


Perdão sem limites

Certa vez, um africano foi vendido para um navio negreiro, e transportado para os Estados Unidos. Lá, ele se converteu à Igreja Católica. Devido às suas grandes qualidades, o fazendeiro que o comprara gostava muito dele.

Um ano depois, o navio chegou trazendo mais escravos. O fazendeiro decidiu comprar mais vinte escravos, e pediu àquele de quem gostava que fosse até o navio e escolhesse os vinte melhores.

Entre os escolhidos, havia um velho, quase inútil para o trabalho em fazenda. O escravo convertido dava a todos muita atenção, mas o velho recebia cuidado especial. Admirado, a fazendeiro perguntou-lhe:

- Ele é seu pai?
- Não. Ele não é meu parente.
- Então por que você lhe dá tanta atenção?
- Ele foi meu inimigo. Foi ele que me vendeu ao chefe do navio em que vim.

“Amai os vossos inimigos e fazer o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós, e orai por aqueles que vos caluniam. Se alguém te bater numa face, oferece-lhe também a outra” (Lc 6,27-29).


A conversão de um ferreiro

Fernando era um ferreiro de uma pequena cidade, que vivia sempre amargurado. Apesar de batizado, ele não participava da Missa, não ajudava os outros e debochava de quem ajudava. Um dia, ele participou de um encontro cristão e resolveu mudar radicalmente de vida. Queria ser bom com todos e ser um católico praticante.

Esforçava-se para ser gentil e viver em harmonia com as pessoas. O problema era que, quanto mais se esforçava, mais problemas apareciam em sua vida.

Um dia, Gustavo, um amigo seu, veio à oficina e perguntou a Fernando se ele não achava esquisito o fato de que, quanto mais tentava mudar-se para ser bom, mais problemas apareciam.

Fernando olhou para o amigo e disse:
- Eu faço facões aqui na oficina. Aqueço o ferro, dou marteladas para dar-lhe a forma que desejo e depois jogo na água fria. O choque térmico faz o ferro transformar-se em aço. Espero que comigo aconteça o mesmo. Esses problemas posteriores à minha conversão me tornem mais forte na fé. Eles são o choque térmico, após as marteladas que recebi de Deus no encontro.

(Fonte: Natal em Família)


A princesa feia

Havia, certa vez, uma princesa que era linda, a mais bela menina da região. Mas a sua madrasta, enciumada com a sua beleza, desde a mais tenra idade dizia-lhe que ela era feia. A madrasta dizia:
- Você é feia, muito feia! Você é tão feia que ninguém aguenta olhar para você.

Não bastasse isso, a madrasta dava ordens a todos os cortesãos do palácio para que dissessem à menina que ela era muito feia.

A princesa cresceu e tornou-se uma bela moça, mas sentia-se feia. Ela pensava: Sou tão feia que nunca vou encontrar quem goste de mim. Ninguém jamais vai me amar. Ninguém vai querer casar-se comigo.

Sua angústia chegou a tal ponto que ela se escondeu no calabouço do palácio, para que ninguém a visse. E lá permaneceu.

Quando a rainha morreu, algumas pessoas de bom coração foram ver a princesa e contaram-lhe a verdade:
- Você não é feia. A sua madrasta dizia isso porque sentia ciúme de você. Pelo contrário, você é muito linda, é a moça mais bela da região.
Mas a princesa não acreditava, e dizia às pessoas:
- Eu sei que sou feia. Por favor, deixe-me em paz, curtindo a minha feiura.

Um dia, um belo príncipe visitou o palácio e contaram-lhe a história da princesa. Ele desceu ao calabouço e assim que a viu ficou encantado com a sua beleza. Disse-lhe fascinado:
- Você é maravilhosa. É tão bela que não consigo tirar os olhos de você.
A princesa cobriu o rosto com as mãos e chorou. Disse ao príncipe:

- Por favor, pare de zombar de mim. Eu sei como sou feia. Sou a moça mais feia do mundo.
Mas o príncipe não ia embora e continuava olhando para ela. Aproximou-se dela e abraçou-a, sussurrando:
- Você é a mulher mais lindo do mundo.

Ao perceber o amor e o carinho do príncipe, finalmente a princesa levantou os olhos e viu seu próprio rosto refletido nos olhos do príncipe. Vendo a própria imagem pela primeira vez, sentiu-se confusa, porque achou bonito o próprio rosto. Aos poucos, foi-se dando conta de que era realmente bonita. E ria do tempo em que ficava escondida no calabouço.

As pessoas funcionam como espelhos psicológicos umas para as outras. Quando são bem tratadas, constroem uma auto imagem positiva. Quando são mal acolhidas, rejeitadas e recebem críticas destrutivas, elas constroem uma auto imagem negativa.

(Fonte: Peter Ribes, sj)


Quem sou eu?

Certa vez, um rapaz estava sentado ao pé de uma árvore, com a cabeça entre as mãos, pensando:
- Quem sou eu?
Já fazia quase um dia que ele estava ali, tentando responder à pergunta, e não conseguia. Estava com a cabeça quente.

Perto havia uma estrada. Ele viu alguém passando, levantou-se, foi lá e perguntou à pessoa: “Por favor, quem sou eu?”
A pessoa explicou. Pronto, o jovem se acalmou.

A criança, primeiro descobre a mãe, como alguém diferente dela. Só depois descobre a si mesma, como um ser diferente dos outros. Nós somos seres sociais, essencialmente sociais. Se uma criança, logo após o nascimento, fosse deixada sozinha, sem se relacionar com ninguém, tornar-se-ia um monstro, não uma pessoa humana.

Está aí mais uma prova de que somos imagens e semelhanças de Deus. Ele não é um ser isolado, mas a relação amorosa de três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Também as Irmãs carmelitas que passam o dia em silêncio, e os anacoretas que vivem isolados nas matas, só são felizes a partir da relação com seus irmãos e irmãs.


O cuco e a menina

Certa vez, uma menina estava andando numa floresta e ouviu um cuco. Olhou para cima e viu o pássaro voando de galho em galho, cantando alegremente. Ela disse:
- Cuco, onde é a sua casa?
- Minha casa é toda a floresta, disse ele.

- Meu avô tem um relógio de parede e dentro mora um cuco, disse a menina. Ele nunca sai de casa, apenas de hora em hora aparece na janelinha e canta.
- Pode ser verdade o que você está falando, mas aquele cuco não é real.
- O que você quer dizer com real? Perguntou a garota.

Pacientemente, o cuco explicou.
- Ele não pode voar como eu. Ele não tem amigos. Não põe ovos. Não pode amar nem sofrer. Sua canção é monótona, sem sentimento.

A menina estava confusa e disse:
- Mas não é gostoso ter uma casinha aconchegante, cantar a cada hora e merecer o cuidado e apreço das pessoas?

O cuco respondeu:
- De jeito nenhum. É melhor ser livre e cantar na hora que quiser, não só na hora certa. É melhor cuidar dos outros, em vez de ser cuidado, amado e apreciado.

Emocionada, a garotinha disse:
- Gosto de você, cuco. Por favor, venha à minha casa cantar para mim. Arrumarei uma casa bonita para você. Vou ser sua amiga e você meu amigo.

O cuco disse:
- Se você é realmente minha amiga, e se me ama, não tire minha liberdade. Deixe-me ser eu mesmo. Eu vou ao seu jardim cantar para você. Virei vê-la e dizer que a amo. Minhas visitas podem não ser regulares, mas serão mais agradáveis do que o canto do cuco do seu avô. A minha visita lhe proporcionará mais alegria do que a presença morta do cuco dentro do relógio. A nossa amizade será doce, calorosa e cheia de amor.

- Você quer dizer real? Perguntou a menina.
- Exatamente. A nossa amizade será real, livre e espontâneo.

Quando educamos uma criança, nós a ajudamos a ser livre, natural e espontânea, não a ser robô. Estes são os cidadãos que a nossa sociedade necessita no futuro. Todos precisamos de liberdade para nos tornarmos pessoas livres e reais.

Uma vida protegida contra a dor, a tristeza e o risco, é também privada de liberdade e de alegria. O verdadeiro amor permite espontaneidade e liberdade na maneira como é dado e como é recebido.

(Fonte: Peter Ribes, sj)


A ave que caiu no poço

Havia, certa vez, uma ave com plumagem cintilante e asas robustas, que passava os dias planando sobre as árvores, deliciando-se com sua liberdade.

Um dia, ela caiu em um poço desativado. O poço era profundo, mas estava seco. A ave não se machucou. Ela estava esvoaçando para baixo, distraiu-se e caiu na boca do poço, indo para o fundo.

Certamente alguém vai passar por aqui, pensou ela, e vai tirar-me deste poço. Não foi culpa minha, a culpa é do idiota que furou este poço e o deixou aberto.

E se pôs a pedir socorro aos passantes. “Socorro! Socorro! Socoooooorro! Por favor, tirem-me daqui!”

As pessoas olhavam para dentro do poço e diziam para ela:
- O poço é largo e você tem asas, pode voar e sair daí. Por que não treina um voo na vertical? Ela lamuriava:
- Se eu tentar voar, posso arranhar minhas asas. As bordas do povo podem estragar minhas belas plumas. Eu não tenho culpa de ter caído aqui. Vocês precisam fazer alguma coisa para me tirar.

A ave recusava-se a tentar. Ficava encolhida no fundo do poço, lamentando e gemendo alto para que todos ouvissem. Dizia:
- As pessoas são cruéis. Ninguém é capaz de ajudar uma pobre criatura como eu.

Os dias se passaram, as asas dela se atrofiaram. E assim, alvo de pena de todos e de si mesma, a ave viveu o resto da vida no fundo do poço.

Não era hora de procurar quem foi o culpado de ela ter caído no poço. O importante era explorar as possibilidades de sair.

Muitas vezes nos sentimos mais seguros presos, despertando a comiseração dos outros. Para sermos ajudados, precisamos fazer a nossa parte, dando o primeiro passo na ajuda a nós mesmos.

O próprio Deus nos ajuda, mas precisamos fazer a nossa parte, mesmo pequena e desproporcional à necessidade, como fez o Apóstolo Santo André, que apresentou a Jesus cinco pãezinhos para alimentar cinco mil homens (Jo 6,9). E deu certo.

O desejo de ser alvo de compaixão e de ser o centro das atenções pode impedir-nos de realizar todo o nosso potencial.

(Fonte: Peter Ribes, sj)


Avestruz enterra a cabeça

Avestruz é uma ave, de origem africana, famosa por seu tamanho grande, pela sua velocidade ao correr e também por uma lenda que existe em torno dela.

Diz a lenda que, quando a avestruz vê o caçador, ou vê os cachorros correndo atrás dela, ela corre o máximo que pode. Se percebe que mesmo assim será apanhada, simplesmente enterra a cabeça na areia, ou esconde a cabeça em arbustos, a fim de não ver o perigo. Assim, o caçador pode chegar e pegá-la com as mãos, pois ela não o está vendo.

Há muitas pessoas que, consciente ou inconscientemente, têm esse comportando diante dos grandes problemas. É um mecanismo de defesa chamado fuga da realidade. Quando o perigo é muito grande, em vez de enfrentá-lo, a pessoa esconde-se dele, ou finge que se esconde. Deus nos dá graça, luz e forças para vencermos todos os perigos e obstáculos. O melhor, portanto, é encará-los de frente, e explorar as possibilidades de superá-los.


Quem matou Pat Hudson?

Em uma luta de boxe, um dos lutadores, o Pat Hudson, morreu. Alguém da multidão gritou:
- Quem matou Pat Hudson?

O árbitro disse:
- Eu não, com certeza. Não apontem para mim. É claro que eu poderia ter interrompido a luta no oitavo round, e o Pat não teria morrido. Mas o público ia protestar. Eles vieram ver uma boa luta, e acabariam por dizer que eu os enganei.

A multidão gritou:
- Não somos os culpados. Viemos para assistir à luta. É uma vergonha que um boxeador bom como o Pat tenha morrido. Foi uma grande perda para o mundo dos esportes.

O empresário de Pat Hudson disse:
- É extremamente doloroso para mim falar da morte de Pat. Sua esposa e filhos sofrem uma perda terrível. Mas tenho a consciência limpa. Ninguém pode me responsabilizar pelo que aconteceu.

Os homens das cadeiras dos aposentados e idosos disseram:
- A morte de Pat nada tem a ver conosco. Não estávamos gritando e berrando junto com a plateia, e nem o conhecíamos. É uma pena que ele tenha morrido, mas não é culpa nossa.

O jornalista disse:
- Não olhem para mim. Sou completamente inocente. Estava apenas fazendo a cobertura da luta, o que é o meu trabalho profissional.

O boxeador que o nocauteara disse:
- Não matei Pat. Não sou assassino. Sou um ser humano respeitável e um bom desportista. É verdade que o atingi, mas fiz tudo de acordo com as regras do jogo.

Mais uma vez ouviu-se uma voz vinda da multidão:
- Quem matou Pat Hudson?

Somos parte da sociedade injusta que governa nosso mundo. Injusta e anônima. Todos lavam as mãos como Pilatos. Tentamos fechar os olhos para os problemas sociais, como a fome, a discriminação, os crimes... Não fui eu, pensamos. Sempre inventamos desculpas, até razoáveis, para justificar a nossa apatia.

Isso mostra-se particularmente tentador quando somos os beneficiários e não as vítimas da injustiça. A maioria das pessoas que vivem no chamado Primeiro Mundo se beneficia, de alguma, forma da injustiça global.

(Fonte: Peter Ribes, sj)


O peixinho voador

Havia, certa vez, um cardume de peixinhos que viviam felizes no oceano. Entre eles destacava-se um pela sua destreza e velocidade ao nadar. Chamavam-no de Voador.

Certo dia, um peixe grande nadava perto do cardume, olhando para o outro lado, como um inocente. Até que se virou e... zás. Engoliu-os todos. Todos menos o Voador, que conseguiu escapar.

Voador, agora sozinho, tomava cuidado sempre que via um peixe maior. Era tão rápido e ágil que costumava enfurecer os peixes grandes, nadando até eles e depois fugindo rapidamente por trás deles.

Voador estava determinado a explorar todas as belezas de seu mundo submarino, e ele não deixaria que o medo o impedisse disso.

Prosseguindo suas viagens, depois de muito tempo, encontrou outro cardume de peixinhos da sua espécie. Ficou feliz ao encontrar novos amigos. Eles ficavam maravilhados quando Voador narrava as belíssimas paisagens que visitara, suas aventuras e o seu passado. Contou-lhes também o triste destino dos seus colegas. Os novos companheiros admitiam que também eles temiam os peixes grandes.

Mas Voador era sábio e havia aprendido muitas coisas relativas à sobrevivência. Ele disse aos novos colegas:
- Prestem atenção, só existe uma maneira de continuar vivo e curtir tudo o que a vida tem a ofertar.

E explicou:
- Precisamos nos unir e permanecer juntos. Vamos agrupar-nos de tal forma a parecermos um peixe enorme. Assim, amedrontaremos todos os peixes grandes, para que nos deixem em paz.

Os peixinhos gostaram da ideia e se amontoaram na forma de um peixe grande, com Voador à frente. Assim, nadavam felizes, explorando as maravilhas do oceano, sem serem incomodados.

A Comunidade é força de Deus. Lugar abençoado onde vivem os seus filhos queridos, felizes e protegidos dos perigos do mundo.

Por outro lado, quem vive sozinho é fraco, é mais fraco que as tentações e acaba caindo nelas.

“Eu sou o Bom Pastor... O mercenário vê o lobo chegar e foge, e o lobo ataca as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo 10,11-14).


Por favor, ajudem-me!

Certa vez, um peixe se viu lançado na praia por uma forte onda. Por mais que lutasse, ele não conseguia voltar para a água. Desesperado, pedia socorro:
- Por favor, ajudem-me! Não consigo respirar! Por favor, ponham-me de volta na água!

Um homem rico estava passando e ouviu os gritos do peixe e disse:
- Gostaria de ajudá-lo, mas estou indo para o banco e já estou atrasado. Sinto muito. Por favor, desculpe-me.

O peixe continuou lutando e gritando, até que chamou a atenção de um turista que se aproximava. Este falou:
- Gostaria de ajudá-lo, mas não sei o que fazer. Se ao menos eu tivesse alguma coisa com que empurrá-lo para a água, mas não trago nada comigo, estou de férias.
- Use um pedaço de pau, ou um galho, ou simplesmente me pegue com a mão. Por favor, me devolva ao mar!

O turista parecia em dúvida, mas disse:
- Acredito que outra pessoa vai aparecer para ajudá-lo.
Tirou uma foto de peixe moribundo e foi embora.

Uma mulher que caminhava por ali ouviu os gritos do peixe:
- Por favor, estou morrendo. Ajudem-me!

A mulher olhou para o peixe, mas disse:
- Antes de eu ajudá-lo, preciso saber por que você veio parar nesta situação.

O peixe contou-lhe tudo sobre si, sua família, sua vida, seu ideal... Após escutar tudo, a mulher falou:
- Você foi imprudente! Onde já se viu ser atingido por uma onda grande. Você precisa dizer-me que não vai mais cair numa situação dessas.

Naquela hora, o peixe morreu. A mulher balançou a cabeça pesarosa e foi embora.

Um velho passou pelo local e olhou o peixe morto. “Como é cruel o mar”, disse ele emocionado. “Isto é a vida. Não é culpa de ninguém”.

A praia permaneceu em silêncio e deserta durante longo tempo. A maré subiu e uma onda mansa levantou o corpo do peixe e o arrastou para o mar.

(Fonte: Peter Ribes, sj)


Avarento ganha peixe dourado

O Wilson era um homem avarento. Ele nunca se saciava com os bens que possuía. Sempre queria mais.

Como a avareza cega a pessoa, um inimigo seu pregou-lhe uma peça: Presenteou-o com um aquário contendo um peixe dourado, e lhe disse:
- Wilson, quando esse peixinho crescer, atingir o seu tamanho natural, e morrer, o seu corpo se transformará em ouro puro. Você vai ser tão rico que jamais imaginou.

A cobiça falou mais alto que o bom senso e o Wilson acreditou na história. Mal se continha de tanta alegria. Levou o aquário para casa e cuidava do peixinho todos os dias.

Mas o animalzinho crescia, crescia e não parava de crescer. Ele teve de transportá-lo para um tanque, depois para um lago e por fim para um grande lago. O peixe já era um gigante.

Após vários anos, Wilson já havia gasto todas as suas economias, e o peixe não parava de crescer. Finalmente, falido e velho, Wilson morreu. Ele nunca descobriu que seu inimigo lhe dera de presente um filhote de baleia.

A avareza às vezes cega a pessoa, levando-a a agir como irracional. A pior irracionalidade é perder a salvação eterna.

Somos parecidos com o Wilson: Passamos a vida dedicando o melhor de nós: tempo, família, saúde, amizades..., para ajuntar dinheiro. Julgamos que seremos felizes, mas esta felicidade nunca chega.

“Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no Céu” (Mt 6,19-20).


Dois povos brigaram à toa

Há milhares e milhares de anos, havia um pequeno planeta que era habitado por duas raças inteligentes, chamadas “Diurnos” e “Noturnos”. Os Diurnos só eram ativos durante o dia. À noite dormiam e nada era capaz de tirá-los do sono. Os Noturnos só eram ativos durante a noite. Logo que os primeiros raios do sol raiavam, eles dormiam e nada podia acordá-los.

Os Diurnos e os Noturnos eram criativos. Aqueles escreviam poesias sobre as paisagens, as flores, o céu azul... Estes eram fascinados pela majestade dos céus e pela luz bruxuleante da lua e das estrelas, e faziam poesias.

Chegou enfim um tempo em que os Diurnos descobriram os trabalhos literários dos Noturnos. À medida em que os liam, sua curiosidade foi crescendo. Mas se perguntavam: Que história é essa de constelações, de estrelas, de lua?... E ficavam perplexos. Por fim, concluíram: Essas pessoas são sonhadoras. Nada disso existe. O mesmo aconteceu com os Noturnos. Esses Diurnos são sonhadores e ignorantes, pensavam.

Começaram a ver aquelas obras literárias como provocações. Assim, os dois povos deixaram de contemplar a natureza que viam e passaram a criticar o outro povo. Essas pessoas são mentirosas e estão nos insultando, diziam entre si.

As críticas ficavam cada vez mais hostis, até que começaram a suspeitar um do outro, e trocavam insultos. A inimizade foi crescendo a tal ponto que começaram a dizer a si próprios: Essa gente é perigosa, eles derrubam as nossas crenças e tradições. Se os deixarmos assim, eles vão subverter o nosso sistema de valores e destruir a nossa cultura. Portanto, esse povo é uma ameaça a nós.

Até que estourou uma guerra entre os Diurnos e os Noturnos. À noite, os Noturnos assassinavam os Diurnos adormecidos, e vice-versa.

Assim, destruiu-se a vida no pequeno planeta, o qual continuou girando silencioso e triste, sem ninguém para cantar as maravilhas luminosas do dia, nem os mistérios enluarados da noite.

As nossas ideias sobre o mundo ao nosso redor são condicionadas pela nossa cultura. Os Diurnos e os Noturnos estavam totalmente certos naquilo que cantavam e escreviam, mas eles viam só a metade da realidade.

Antes de brigar, precisamos ouvir o outro lado, que vem completar a nossa visão. Assim, juntos chegaremos à verdade. Quantos desentendimentos podiam ser evitados!

(Fonte: Peter Ribes, sj)