HISTÓRIAS DE VIDA-NOVEMBRO
O
bispo idoso e a sua charrete
Santo Afonso
Maria de Ligório é o fundador da Congregação Redentorista. É italiano e faleceu
em 1696, com 91 anos de idade. Quando era já idoso, foi sagrado bispo de Santa
Ágata dos Godos, na Itália. Apesar da saúde fraca, ele viajava muito, visitando
as Paróquias da Diocese.
Um dia, alguém
o viu passar na rua, em sua charrete, e comentou: “Veja ali: O bispo é velho; a
charrete é velha; o cocheiro é velho; o burro é velho... Tudo velho!”
Em Afonso, só
não era velho o amor que ele carregava no peito. Amor a Cristo e à copiosa Redenção
que Cristo deixou, e que precisa ser distribuída.
Enquanto a
saúde nos permitir, nós queremos dedicar-nos com generosidade ao serviço da
Santa Igreja e do próximo.
Pão
velho
Um dia, uma
senhora ouviu tocar a campainha da sua casa e foi atender. Era um menino pobre.
Ele disse: “A senhora tem pão velho?” Ela falou: “Novo serve?” “Sim” respondeu
ele, todo acanhado.
Ela foi lá
dentro e veio com um pedaço de bolo, leite com café e outras coisas gostosas. Enquanto
ele comia, ela sentou-se ao lado e começaram a conversar.
Perguntou:
“Filho, onde você mora?" "Depois do zoológico" disse o garoto. A
senhora comentou: "Bem longe, hein!" “É”, respondeu ele. “Mas eu
venho aqui ao centro porque tenho de pedir as coisas para nós comermos".
A mulher
perguntou:
- “Nós quem?”
- “Eu, minha
mãe e meus irmãos”.
- “Você está
na escola?”
- “Não. Minha
mãe não pode comprar o material escolar”.
- “Seu pai
mora com vocês?”
- “Ele sumiu”.
E o papo
continuou, até que ela disse:
- "Vou buscar
o pão”.
- “Não precisa
não. A senhora já conversou comigo, isso é o suficiente”.
E o menino queria
ir embora. Só com muito custo, esperou que ela buscasse o pão e uma caixinha de
leite.
Ele ficou tão
contente de conversar com uma senhora distinta, que nem queria dar trabalho a
ela, de ir buscar pães. Queria salvar a amizade.
Aquela senhora
comentou depois: “Eu tive a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta
de amor daquele menino. Um garoto de nove anos, sem sonhos, sem brinquedos, sem
escola, sem comida... E tive a felicidade de ver seus olhinhos brilharem,
refletindo dentro da pupila o meu rosto.
Aquele dia foi
muito rico para mim. E está sendo até hoje, porque sei onde ele mora, e de vez
em quando eu e meu marido vamos à casa deles”.
Devemos dar ao
pobre o que é melhor para ele, o que nem sempre é o que ele pede.
O
quarto dos espelhos
Havia, certa
vez, uma casa que tinha um quarto chamado quarto dos espelhos. As paredes eram
todas revestidas de espelhos, do piso até o teto. As crianças gostavam de levar
cães para esse quarto. Alguns abanavam o rabo e até brincavam com o colega do
outro lado.
Mas a maioria,
ao ver cães dos quatro lados, ficavam bravos. Os “colegas” também ficavam, pronto.
O animal acabava batendo o focinho nos espelhos.
Quem vive na
verdade, não tem medo de olhar de frente para si mesmo. Essas pessoas gostam do
silêncio e da contemplação, porque assim podem interiorizar-se.
A alma
transparente manifesta-se em um olhar tranquilo, um rosto sereno e um sorriso
aberto, irradiando paz e felicidade.
Maria
Santíssima era totalmente “sim”. Peçamos a ela que nos ajude a amar a verdade e
sempre honrar a nossa palavra dada. Maria do “sim”, rogai por nós.
Agar
não queria ver seu bebê morrer
O capítulo 16
do livro do Gênesis conta que Abraão teve um filho com a sua escrava, chamada
Agar. Naquele tempo era permitida a poligamia. Mas a esposa de Abraão, Sara,
não gostou nada da história. Foi só a criança nascer, ela expulsou Agar de sua
casa.
Agar pegou o
filhinho e saiu, sem rumo, pelo deserto. Levou apenas um corote de água e um
pouco de comida, o que ela podia carregar.
Depois de
muito caminhar, a água acabou e a comida também. Naquele calor do deserto, onde
só se via pedra e areia quente, o menino começou a chorar de sede. Agar então
perdeu a esperança. Colocou o bebê sobre uma pedra e retirou-se a uns cem
metros, a fim de não vê-lo morrer. Lá, ela se sentou em uma pedra, cobriu o rosto
com as mãos e começou a chorar.
Nesta hora, um
anjo do Senhor lhe apareceu e disse: “Que moleza é esta, Agar! Você ainda tem
forças! Pegue o menino, ande mais um pouco e encontrará água!”
De fato, ela pegou
a criança e, andando mais um pouco, já avistou um poço. Foi lá, deu água para o
bebê e ela também tomou à vontade, salvando os dois.
Este menino se
chamava Ismael. Ele cresceu e tornou-se o pai de um povo numeroso, os Ismaelitas,
que existe até hoje e é uma parte do povo árabe.
A certeza do
amor de Deus acaba com o nosso desânimo.
Maria
Santíssima encontrou também muitas pedras, e até barreiras em seu caminho. A primeira
veio logo na Anunciação: “Como acontecerá isso, já que eu não convivo com um homem?”
(Lc 1,34). Mas o anjo logo retirou essa pedra: “O Espírito Santo descerá sobre
ti...”
Quando S. José
queria deixá-la, foi outra pedra no seu caminho. Mas Deus interveio e, através
de um sonho, anunciou a José a sua sublime vocação de pai adotivo.
As sete dores
de Maria foram sete pedras, e foram todas removidas. Vamos pedir a ela que nos
ajude também a remover todas as pedras que aparecerem em nosso caminho.
A
casa amarela
Certa vez, uma
catequista estava falando para as crianças sobre o Céu. E perguntou onde fica o
Céu.
Um menino de
nove anos disse: “Eu sei onde fica o Céu”. Todos olharam para ele curiosos. A
catequista perguntou: “Onde fica?” Ele respondeu: “O Céu fica numa casa amarela,
que tem um portão de ferro azul e um jardim na frente”.
“Quem mora
nesta casa amarela?” indagou a catequista. O garotinho estranhou a pergunta e
disse: “Ora! Eu, minha mãe, meu pai e meus irmãos! Tem também um gato e um
cachorrinho”.
“Por quê”,
insistiu a catequista, “a sua casa é o Céu?” O menino disse: “É porque eu
sempre ouço minha mãe falar: A nossa casa é um Céu!”
A cor amarela
representa o ouro. Maria Santíssima, a Rainha do Céu, na Ladainha é chamada de
Casa de Ouro, porque o seu seio abrigou o Rei do universo, que é representado
pelo ouro, o rei dos metais.
Vamos convidar
Maria para morar na nossa casa, a fim de que ela nos ajude a transformá-la em
um Céu.
Pedro
Chanel consulta N. Senhora
No começo do
Séc. XIX, havia na França um adolescente de quinze anos, que era seminarista.
Ele se chamava Pedro e tinha o apelido de Pedrinho.
Pedrinho
estava achando os estudos muito difíceis, e a vida no seminário muito pesada.
Deu-lhe a vontade de sair do seminário. Um dia, ele resolveu fugir. Arrumou sua
malinha, ganhou a rua e estava voltando para a casa dos pais.
Logo na
frente, encontrou-se com uma velhinha que lhe perguntou: “Pedrinho, para onde
você vai com essa mala? Vai viajar?” Ele respondeu: “Eu vou-me embora. Os
estudos estão muito difíceis e a vida do seminário está muito apertada”.
A velhinha
perguntou: “Você já consultou Nossa Senhora? Já falou com a mãezinha do Céu?”
“Não!” respondeu o menino.
Na hora, ele
voltou, ajoelhou-se na frente de uma imagem de Nossa Senhora e rezou. Resultado:
desistiu de ir embora, e ficou no seminário.
Foi ordenado
padre, morou muitos anos na Oceania como missionário. Lá, foi sagrado bispo, e
morreu mártir. É o nosso conhecido e querido São Pedro Chanel.
A oração, às
vezes, nos faz mudar de rumo, de uma hora para outra. Maria ama muito a obra
redentora do seu Filho. Não só ama, mas colabora. Ela está interessada em nos ajudar
a perseverar na nossa vocação cristã.
A
figueira que não resistiu ao vendaval
Havia, certa
vez, uma alta figueira, cujo tronco era bem grosso. Os animais gostavam de ficar
debaixo dela, por causa da sombra que ela fazia. Também os jovens faziam piquenique
debaixo da figueira, nos fins de semana. Ela era bonita e frondosa. Tinha
folhas o ano inteiro.
Um dia, deu um
vendaval e a figueira caiu. Aí que descobriram que ela estava oca. Sem ninguém
perceber, as brocas comeram todo o miolo daquela bela árvore.
Pelo batismo,
Deus fez de nós uma frondosa figueira. Somos participantes da natureza divina e
as pessoas buscam apoio em nós.
Além disso,
temos a missão de testemunhar Jesus para a sociedade. Não podemos deixar que a
broca do pecado nos corroa por dentro, pois assim não resistiremos aos vendavais
do mundo corrompido que sopra contra nós.
Que Maria
Santíssima nos ajude a ser árvores frondosas, em cuja sombra as pessoas podem
se abrigar.
O
melhor Natal
Anos atrás, um
pai saiu para o trabalho, dia 24 de dezembro. Em casa, ficaram a esposa e os
quatro filhos. As crianças esperavam um presente de Natal.
Quando o pai
chegou, à noite, disse: “Eu pedi ao patrão um adiantamento, mas ele disse que
não podia dar. Por isso, comprei para vocês apenas esta maçã". E lhes deu
a bela e cheirosa maçã.
A mãe a partiu
em quatro partes, uma para cada filho.
Quem contou
essa história foi um desses filhos que hoje é moço, já formado e bem empregado.
E ele acrescentou emocionado:
“Depois disso,
eu já saboreei muitas maçãs. Mas nunca mais comi uma tão gostosa como aquela. E
aquele Natal nosso foi o mais delicioso da minha vida. Foi pobre, mas cercado
de amor”.
Em quantas
famílias acontece o contrário: Natal rico, mas pobre de amor. Que isso não aconteça
em nossas casas.
Constrangimento
saudável
Certa vez,
alguns dias antes do Natal, uma garotinha perguntou aos pais se podia convidar
uma colega da escola para a Ceia de Natal. Os pais permitiram.
Na hora da
festa, a convidada chegou. Ela deixou todos constrangidos. Era uma menina muito
pobre, mal vestida e suja, com os cabelinhos despenteados. Isso, numa sala onde
todos estavam perfumados e vestidos com roupas finas.
Aquela criança
que convidou sua amiga foi, sem perceber, uma profetiza. Ela mostrou que o Natal
não deve ser festejado de maneira isolada dos necessitados, pois Jesus nasceu
na extrema pobreza.
E aquela garota
convidada era, ali, a mais parecida com o aniversariante.
Que a festa do
Natal nos ajude a trazer para a nossa casa as lições que Deus nos quis dar na
gruta de Belém.
O
passeio do Menino Jesus
Certa vez, no
dia do Natal, uma catequista entrou na igreja para rezar, e viu que o Menino
Jesus não estava no presépio.
Ele saiu fora
da igreja e viu um menino na calçada, puxando um caminhãozinho, no qual estava
o Menino Jesus.
Ela disfarçou
a surpresa, aproximou-se do garotinho, pôs a mão no seu ombro e disse: “Você
está brincando um pouquinho, não é?” O menino respondeu:
“Sim. É porque
eu prometi para Jesus que, se eu ganhasse um caminhãozinho, ia dar uma voltinha
com ele. Mas eu já dei a voltinha e estou voltando para colocá-lo de novo no
presépio”.
Na sua
inocência, aquela criança nos deu uma boa dica para o tempo do Natal: Levar o Menino
Jesus para fora da igreja, e carregá-lo conosco.
E se alguém
nos perguntar por quê, vamos responder claramente: É porque eu fiz uma promessa.
Prometi no meu santo Batismo. Fiel serei, por toda a vida.
Maria
Santíssima carregou o Menino Jesus em seu seio e em seus braços. Que ela nos
ajude a reproduzir, hoje, e aqui, o seu gesto.
O
papagaio que falava palavrões
Certa vez, uma
família convidou o padre da paróquia para almoçar na sua casa, no domingo. A família
tinha um papagaio, devidamente registrado no Ibama.
Durante a
refeição, o padre percebeu que o papagaio estava com o bico amarrado com uma
tira de pano. Curioso, perguntou por que aquilo.
“É porque ele
fala muito palavrão”, responderam. “Nós ficaríamos com vergonha aqui, se ele
falasse na frente do senhor”.
Ficou pior! O
concerto ficou pior que o soneto. Papagaio não tem inteligência; ele simplesmente
repete aquilo que ouve com frequência.
E o fato de
amarrarem o bico dele, para o padre não ouvir, mostra que a família tinha consciência
de que é errado falar palavrões. Mostra ainda que, mesmo sabendo que é errado,
queriam dar uma de santos diante do padre, o que caracteriza a atitude
farisaica.
Portanto, foi
muito pior amarrar o bico do papagaio, do que se não tivessem amarrado e a ave
falasse os palavrões.
“Não há nada
oculto que não seja revelado”, mesmo que seja por um papagaio. Há vários tipos
de palavrões: Se é baixaria em torno de sexo, o povo chama de “boca suja”. Se é
falar mal dos outros, o povo chama de “linguinha afiada”. Se é zombar das
coisas santas, como o casamento, ou das pessoas consagradas a Deus, é sacrilégio.
Deus nos livre
disso! Mãe Imaculada, rogai por nós.
O
feitiço contra o feiticeiro
Certa vez,
numa faculdade, estava marcada uma prova para uma segunda-feira.
No final de
semana, quatro alunos saíram em um carro, para um passeio a outra cidade. Gostaram
do passeio e acabaram ficando por lá, também na segunda-feira, não comparecendo
na prova.
Na terça-feira,
antes de começar a aula, eles se dirigiram ao professor e disseram: “Fizemos um
passeio em tal cidade. Aconteceu que, na viagem de volta, um pneu do carro
furou e não tínhamos estepe nem havia borracharia perto. Foi um imprevisto. Por
isso não conseguimos chegar aqui em tempo para fazer a prova. Pedimos ao senhor
que a repita, só para nós”.
O professor
foi compreensivo e disse: “Sim. Vocês podem fazê-la amanhã após o almoço”.
Eles estudaram
bastante. No outro dia, na hora marcada os quatro chegaram à faculdade para
fazer a prova. O professor os colocou, cada um em uma sala, e passou pelas
salas entregando a folha com as perguntas. Eram apenas duas:
Primeira,
valendo um ponto: Descreva a lei de Ohm. Os quatro haviam estudado a lei e responderam
com facilidade.
Segunda
pergunta, valendo nove pontos: Qual pneu do carro furou? Dançaram!
Mentira tem
perna curta.
A
toalha de Penélope
Existe um
casal mitológico, da Grécia antiga, chamados Ulysses e Penélope. Ulysses ficou
célebre devido à guerra de Troia, na qual aconteceu o caso do Cavalo de Troia.
Terminada a
guerra, Ulysses voltava para casa, pelo mar, e a embarcação desviou-se da rota
e se perdeu. Assim, ele ficou errante, em muitas regiões, durante dez anos.
Como ele não
chagava em casa, e Penélope não sabia do paradeiro do marido, apareceram alguns
pretendentes querendo casar-se com ela. Mas Penélope continuava firme na
fidelidade ao esposo.
Entretanto, a
insistência era tanta, pois ela era uma mulher muito bonita, que Penélope passou
a dizer aos pretendentes que só se casaria depois que terminasse de tecer uma
toalha que ela estava tecendo.
Mas Penélope,
à noite e sem ninguém ver, sempre desmanchava o que havia tecido no dia
anterior. Assim, dez anos depois, Ulysses, ao voltar, encontrou a esposa fiel a
ele, para alegria dos dois.
Sempre é
possível evitar o pecado. Deus nos inspira algum recurso, mesmo que seja desmanchar,
à noite, um trabalho feito no dia anterior.
Capitalismo
selvagem
Certa vez, uma
viúva pobre e mãe de quatro filhos pequenos, foi de manhã à padaria comprar um
litro de leite.
Ela disse ao o
dono da padaria: “Por favor, meus filhos estão com fome e eu não tenho dinheiro
agora. O senhor me vende um litro de leite? Daqui a uma semana eu vou receber
um dinheiro e pagarei”.
O homem lhe
disse friamente: “Desculpe, minha senhora, mas nós aqui não vendemos fiado”.
E foi logo
atender outra senhora. Esta lhe disse: “Eu quero um litro de leite tipo B, para
dar aos o meu cachorro”. Com um sorriso, o dono da padaria lhe vendeu o leite e
ela voltou para casa, enquanto a viúva saía de mãos vazias.
Maria
Santíssima, através do seu hino Magnificat, mostrou-se indignada com esse tipo
de sociedade. No Reino de Deus, quem vai voltar de mãos vazias é a dona do
cachorro, disse ela.
A
roupa suja da vizinha
Certa vez, um
casal mudou-se para uma cidade pequena. No dia seguinte, na hora do almoço, a esposa
comentou com o marido: “Essa vizinha não lava roupa direito. Olhe lá no varal,
as manchas!”
Dias depois,
ela comentou novamente: “Que mulher porca! Dê uma olhadinha no varal!”
O esposo não
falou nada. Mas, quando chegou do serviço, ela tinha saído de casa e ele aproveitou
para limpar os vidros da janela.
Foi só a
vizinha lavar roupas novamente e estender no varal, a esposa comentou: “Interessante.
A vizinha aprendeu a lavar roupa. Olhe agora no varal, como estão limpinhas”.
O esposo disse:
“Querida, o que aconteceu foi que eu limpei os vidros da nossa janela!”
“A lâmpada do
corpo é o olho: se teu olho for transparente, ficarás todo cheio de luz. Mas se
teu olho for ruim, ficarás todo em trevas” (Mt 6,22-23). Quem é humilde, enxerga
os próprios defeitos, mais que os dos outros. E assim está aberto à graça de
Deus.
Cuidado
com as palmas
Certa vez, um
casal de filhotes de pernilongo ficou crescidinho. Então a mãe lhes disse:
“Filhinhos,
vocês agora podem sair pelo mundo e procurar alimento. Podem entrar em qualquer
ambiente. Só lhes faço uma recomendação: Cuidado com as palmas!” Claro, as
palmas podem matar pernilongos.
A mesma
recomendação vale para nós. Cuidado com as palmas! Elas podem nos envaidecer,
deixar-nos cheios de si, orgulhosos, convencidos e arrogantes, afastando-nos, assim,
de Deus.
Na vida
pública de Jesus, quando ele fazia um milagre espetacular, mostrando ser um súper-homem,
sempre recomendava: “Não contem para ninguém” (Mt 17,9). Só no Evangelho de S.
Marcos, veja quantas vezes aparece essa recomendação: 1,14-25; 1,33-34;
1,42-44; 3,11-12; 5,41-43; 7,35-36; 8,29-32; 9,2-13; 9,31-35; 10,32-45...
Maria
Santíssima também não era vaidosa. Quando o Filho era aclamado, ela não é citada,
porque estava escondida, certamente cuidando da logística do grupo e da alimentação.
Mas, na cruz, naquela extrema humilhação para ele e a mãe, lá estava ela, de
pé, participando das humilhações. Humilde serva do Senhor, rogai por nós.
A
beleza e a feiura trocam de roupa
Certa vez, a
beleza e a feiura encontraram-se numa praia. As duas resolveram tomar banho.
Tiraram suas roupas e puseram-se a nadar nas águas azuis e belas.
Após um tempo,
a feiura voltou à praia, vestiu-se com os trajes da beleza e foi-se embora.
Minutos
depois, a beleza também resolveu sair. Como não encontrou suas roupas, vestiu-se
com as roupas da feiura, seguindo o seu caminho.
Daí para
frente, as pessoas confundiram e não sabiam mais distinguir qual das duas era a
beleza e qual era a feiura.
A roupa, ou a
aparência, não é o mais importante em nós. Nem a cor da nossa pele, a cultura, ou a
quantidade de bens que possuímos, nos distingue.
O que vale é o
fato de sermos filhos e filhas de Deus, o que nós iguala a todos. Por isso, devemos
tratar as pessoas igualmente, sem discriminar ninguém.
A mãe vê seus
filhos todos iguais, e quer que os oprimidos sejam libertados. Que a nossa Mãe
do Céus nos liberte, tanto das correntes como dos preconceitos.
A
astúcia do réu
Certa vez, na
antiguidade, um homem foi acusado injustamente de ter assassinado uma mulher.
Quem a matou foi outro homem, que era influente no reino. Por isso, arrumaram
esse "bode expiatório".
No dia do
julgamento, o juiz, que fora "comprado" pelo verdadeiro assassino, resolveu
decidir a questão através de um sorteio.
Aberta a sessão,
ele mostrou para o réu e para todos os presentes uma sacola de pano e disse:
“Dentro desta sacola estão dois papeizinhos. Em um deles está escrito:
‘Inocente’ e no outro: ‘Culpado’. O próprio réu vai pegar um desses papeis.
Aquele que ele pegar será a sua sentença”.
O acusado
rezou em silêncio: “Senhor, tenho família para tratar, livra-me da forca! Ajuda-me
neste momento difícil!” Em sua casa, a família também estava rezando.
Na hora, o homem
teve uma inspiração. imaginou que, para condená-lo, escreveram “culpado” nos
dois papeizinhos. Por isso, na hora em que o juiz o mandou pegar um dos papéis,
ele enfiou a mão na sacola e, mais que depressa, pegou um dos papeizinhos e o engoliu.
Foi aquela
surpresa para todos. Ele então disse: "É muito simples, Senhor Juiz. É só
Vossa Excelência ler o papel que ficou na sacola e saberá qual engoli".
Todos os
jurados concordaram. Assim, o juiz não teve outra saída senão abrir o outro
papel e ler: "Culpado". Pronto, na hora o homem foi declarado
inocente, e solto.
Em Jesus, Deus
a força de seu braço. Com ele, o deserto será transformado em mata verde. Não existe
nada e ninguém mais forte nem mais inteligente que Deus. E nada é capaz de barrar
o avanço do seu Reino.
Mulher
grávida não é acolhida
Certa vez, um
rapaz e uma moça, que moravam numa cidade grande e pertenciam ao grupo de jovens
de uma paróquia, resolveram fazer um teste.
Alguns dias
antes do Natal, eles vestiram roupas de mendigos, maquiaram-se de andarilhos,
ela aumentou a barriga, fingindo estar grávida, e saíram à noite pelas ruas de
um bairro rico.
Apertavam o
interfone das casas e pediam hospedagem. O resultado foi o esperado: Receberam orientações,
endereços de albergues e tudo o mais. Menos acolhida.
A sociedade
pecadora continua a mesma do tempo de Jesus. Mudou apenas de cara e cultura,
mas a mentalidade é idêntica. O egoísmo fecha-nos, torna-nos preconceituosos em
relação aos necessitados, insensíveis e de coração duro como pedra.
A
hospitalidade que custou a vida
Na década de
1970, aconteceu, em Honduras, um fato tocante. O País vizinho, El Salvador,
estava em guerra interna. Foi nessa época que o Sr. Bispo de San Salvador, Dom
Oscar Romero, foi assassinado.
Havia, em
Honduras, um casal católico, Sr. Elpídio e Dona Vitória, que moravam em um sítio.
Devido à
guerra, seis famílias de El Salvador atravessaram a fronteira clandestinamente
e foram acolhidas pelo casal, em sua casa. Eles dividiam entre si o espaço e o
pouco que tinham de alimentos. Também os vizinhos ajudavam.
Os
guerrilheiros de El Salvador localizaram as famílias fugitivas e ameaçaram o Sr.
Elpídio: “Se você não mandar embora da sua casa esse povo, nós o mataremos”.
Ele respondeu: “As famílias não têm para onde ir. Se me matarem por ter
acolhido a elas, que assim seja”.
Um dia, veio
um aviso de que na fronteira entre os dois Países havia uma doação grande de
alimentos para eles. Elpídio, junto com um dos abrigados, foram buscar.
Na volta,
Elpídio foi assassinado a tiros, carregando nas costas 60 kg de alimentos. O companheiro
escapou.
Dona Vitória
disse para as famílias acolhidas: “Vocês podem ficar tranquilos, porque vão continuar
aqui em casa. Daqui
para frente, eu ocupo o lugar do meu marido”.
“Quem nos
separará do amor de Cristo?... Nada. Nem a morte” (Rm 8,35). Sr. Elpídio deve
estar brilhando no Céu como uma estrela.
Maria
Santíssima está no Céu em corpo e alma. Que ela nos ajude a ser testemunhas do
seu Filho, na vida e na morte.
O
cão e a vida futura
Certa vez, um
grupo de católicos estava reunido na casa de um deles, para reavivar a sua fé. Havia
um senhor que participava pela primeira vez. Naquela noite, o tema era o nosso
destino futuro. Eles não chegavam a um acordo sobre como será a vida após a
morte.
De repente,
ouviram um barulho de arranhões e ganidos, do outro lado da porta. Abriram. Era
o cachorro do novo membro do grupo, que estava ali, querendo estar junto com o
seu dono. Foi só abrirem a porta, o cão entrou e, cheio de alegria. Sentou-se
ao lado do seu dono e ali ficou.
Estava aí a
resposta. O cachorro nunca havia entrado naquela casa. Mas entrou sem medo,
porque sabia que seu dono estava lá. Nós também sabemos muito pouco a respeito
da vida futura, mas sabemos que nosso dono, e nosso grande amigo, que é Cristo,
está lá. E isso nos basta.
Aluno
cola sem olhar para cima
Certa vez,
dois adolescentes estavam conversando, e um disse: “Hoje eu colei na prova. Observei
bem e vi que ninguém estava me vendo”.
“Mas você não
olhou para todos os lados”, disse o colega. Ele respondeu: “Olhei sim. Olhei
para frente, para trás, à minha direita e à minha esquerda”. “Você não olhou
para cima”, explicou o amigo. “Deus estava vendo você”.
Este menino
deu um belo testemunho diante do colega que errou, colando na prova. Ele foi
uma luz de Deus na vida do companheiro.
Maria
Santíssima é a Estrela da Manhã, anunciando o Sol Nascente que é Cristo. Que
ela nos ajude a sermos luz do mundo, uma luz cada vez mais brilhante.
O
Terço de miolo de pão
No tempo da segunda
guerra mundial, uma senhora contou a seguinte história, acontecida com ela:
“Quando eu e
minhas colegas fomos levadas para o campo de concentração, na Rússia, nossos Terços
foram recolhidos. Começamos então a rezar contando as Ave Marias nos dedos.
Um dia, uma de nossas companheiras teve uma
ideia. Foi quando comíamos nossa minguada porção de pão.
Ela separou o
miolo, misturou com água, amassou bem e fez dezenas de bolinhas. Depois de
secas, nós as furamos com cuidado e ligamos as bolinhas por um barbante. Até a
cruzinha foi feita com miolo de pão. Estava feito o primeiro Terço de pão da
História.
E assim foram
feitos outros Terços para as demais companheiras. Poucos dias depois, fomos
denunciadas e chamadas a depor perante o oficial do campo de concentração.
Mas aconteceu
o inesperado. Ele ficou tão admirado com a nossa fé e a nossa criatividade, que
resolveu dar-nos a liberdade.
Assim,
acabamos sendo libertadas por causa de um Terço de miolo de pão. Ou melhor, fomos
libertadas através da intercessão de Maria Santíssima, que gostou do nosso Terço,
fruto da nossa fé e perseverança.
Este fato nos
faz lembrar o pequeno Davi que enfrentou o gigante Golias e o venceu, com uma pequena
pedra de estilingue (Cf 1Sm 17,49).
O
cego de Jericó e a varinha
Certa vez,
dois rapazes, o João e o José, estavam examinando uma pintura de um célebre artista,
que retratava a cura do cego de Jericó (Cf Mc 10,46-52).
O João
perguntou ao José: “O que lhe parece que é mais notável nesta pintura?” O José
respondeu: “Tudo é excelente: A forma dada a Cristo, as pessoas agrupadas, a
expressão do rosto do cego... Tudo”.
O João pareceu
achar o toque mais importante em outro lugar. Apontando para a estrada que passava
ao lado, ele disse: “Você vê uma varinha descartada ali?” “Sim” respondeu o
José. “Mas o que tem a ver isso?” O João explicou:
“Meu amigo, o
toque mais importante está naquela varinha. O cego estava sentado naquela pedra
ali, tinha na mão a varinha que os cegos usam para andar. Mas quando ouviu
falar que era Jesus que passava, jogou a varinha longe. Isso porque ele estava
certíssimo de que seria curado, e assim deixaria de usá-la. Cheio de alegria,
ele foi pulando em direção ao Senhor, como se já estivesse recebido a graça”.
De fato, todos
os milagres de Jesus são precedidos de um ato de fé da pessoa. E várias vezes
ele falou: “A tua fé te curou”. Também hoje os milagres acontecem, mas somente se
tivermos fé, isto é, se acreditarmos que realmente o milagre vai acontecer.
Maria
Santíssima, no Magnificat, fez a mesma coisa: Cantou as maravilhas operadas pelo
seu Filho, antes mesmo de ele nascer.
O
senhor tem mais um?
Certa vez, um
pai e seu filho de seis anos estavam andando numa calçada, e o pai encontrou-se
com um amigo. Os dois se alegraram com o encontro e começaram a conversar.
A certa
altura, o homem tirou do bolso um bombom e deu para o garoto. O menino, mais
que depressa, desembrulhou o bombom e o começou.
O pai
perguntou ao filho: "O que que fala?" O menino olhou para o homem e
disse: "O senhor tem mais um?"
Muitas vezes,
nós também agimos assim. Em vez de agradecer, pedimos mais. Fazemos isso não só
com o próximo, mas principalmente com Deus. Recebemos diariamente tantas coisas
dele, e sempre pedimos mais, sem nos lembrar de agradecer.
Que a nossa
reação diante dos favores recebidos não seja “O senhor tem mais um?”, mas
“Muito obrigado!”
Quando curou
os dez leprosos, Jesus reclamou que só um voltou para agradecer (Cf. Lc
17,11-19).
“Irmãos, sede
agradecidos. Cantai a Deus, em vossos corações, com Salmos, hinos e cânticos
inspirados pelo Espírito. E tudo o que disserdes ou fizerdes, que seja sempre
no nome do Senhor Jesus, por ele dando graças a Deus Pai” (Cl 3,16-17).
A palavra “Eucaristia”
significa ação de graças. A Missa é uma festa de agradecimento a Deus.
Não
esconda seus bolinhos
Certa vez,
numa tarde, uma jovem senhora, recém-casada, estava fritando bolinhos de chuva
para o marido que ia chegar.
Olhando pela
janela, viu que a vizinha estava vindo à sua casa. Mais que depressa, despejou
os bolinhos num prato, cobriu com outro prato e pôs na prateleira de cima. Depois
guardou a panela no forno do fogão e foi receber a amiga.
As duas foram
para a cozinha e a vizinha sentou-se de frente à prateleira onde estavam os
bolinhos. A dona da casa sentou-se do outro lado da mesa, de costas para a
prateleira.
O assunto entrou
nos falecidos da família. Uma descrevia, com saudades, um ente querido que morreu,
e a outra fazia o mesmo.
A vizinha logo
viu, pela fresta dos dois pratos, os bolinhos. Aconteceu que, sem a dona da
casa ver, o gato subiu na prateleira, enfiava a patinha entre os pratos, pegava
um bolinho e comia.
Então a
vizinha comentou: “Pois é, comadre, a vida é assim: De um em um, vão indo todos”.
O gato pegava mais um bolinho e a vizinha repetia a frase. A dona da casa, sem
saber que se tratava dos bolinhos, confirmava e contava mais uma história de
falecido.
Nós não
podemos ser mesquinhos, especialmente com os vizinhos, pois de vez em quando um
precisa do outro. E mais: De um em um, todos vamos morrer, e o que fica é o
testemunho que demos e o amor que tivemos uns pelos outros.
Só o amor que
praticamos uns pelos outros, passa para a outra vida. O resto, de um em um vão
indo todos, e vão apagando na memória, até dos parentes.
Maria
Santíssima amou tão bem a Deus e ao próximo que, mesmo depois que foi para o
Céu, a sua memória perdura de geração em geração e todos a chamamos de
bem-aventurada. Que ela nos ajude a nunca escondermos dos nossos vizinhos os
bolinhos de chuva.
O
mandarim e o seu manto
Certa vez, um
homem recebeu a notícia de que acabava de ser nomeado mandarim. Mandarim era um
alto funcionário público na China antiga, que mandava em todos os funcionários
do palácio e era conselheiro do rei. Foi daí que surgiu a palavra “mandar”.
O homem ficou muito
feliz com a promoção. Agora sim, pensou ele, serei um grande homem aqui no
reino. Preciso então providenciar logo uma roupa adequada, que faça jus à minha
nova posição e à minha dignidade.
Foi ao
alfaiate mais famoso do reino e lhe pediu que fizesse para ele o manto próprio
de mandarim. O alfaiate tirou todas as medidas, cuidadosamente, depois perguntou
ao cliente: “Há quanto tempo o senhor é mandarim?” O homem estranhou a pergunta
e disse: “O que tem a ver isso com o manto?”
O alfaiate
explicou: “Acontece que um mandarim recém nomeado fica tão deslumbrado com o
cargo que mantém a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito. Por isso
tenho de fazer a parte da frente do manto maior que a de trás.
Agora, anos
mais tarde, quando ele está ocupado com o seu trabalho e cansado, devido aos
transtornos advindos do cargo, ele fica mais sensato e costuma olhar para
frente, a fim de ver o que vem na sua direção e o que precisa ser feito. Aí eu
costuro o manto de modo que as partes da frente e de trás tenham o mesmo comprimento.
Mais tarde,
depois que o seu corpo está curvado pelos anos de trabalho e ele está mais humilde
devido às humilhações que sofreu, então eu faço o manto de forma que as costas
fiquem mais longas que a frente. Por isso que eu preciso saber do senhor há
quanto tempo está neste cargo”.
O novo
mandarim saiu da alfaiataria pensando menos no manto e mais na explicação do alfaiate.
Naquele dia, ele já recebeu o primeiro impacto, para rebater o seu orgulho de
ser mandarim.
“Deus resiste
aos soberbos, mas concede a graça aos humildes” (Tg 4,6). Ninguém é mais que ninguém.
Para Deus, todos os serviços têm a mesma dignidade. O prefeito da cidade não
está acima do lixeiro; o que vale é o amor e a dedicação que colocamos em
nossos serviços.
“Quem quiser
ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro
entre vós, seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20,26-28).
Deus
nos fala de muitas maneiras
Havia, certa
vez, um casal que não teve filhos. Por isso, adotaram duas crianças, um menino
e uma menina. O menino é deficiente mental. Eles sabiam, mas mesmo assim
adotaram.
Uma vizinha ia
à casa deles e dizia que Nossa Senhora é uma mulher qualquer, e que imagem é coisa
errada. A mãe começou a ser envolvida. Ficou triste, tirou as imagens e o crucifixo
de sua casa, e parou de rezar o Terço.
Num domingo,
eles estavam sentados no banco da igreja, esperando o início da Santa Missa.
Estavam o casal e as duas crianças.
De repente, o
menino se levantou, foi lá na frente, abraçou a imagem de Nossa Senhora e lhe
deu um beijo. Depois volta para o banco.
A mãe sentiu
na hora um grande medo, e ficou maravilhada, pois viu ali a presença de Deus.
Voltando para
casa, imediatamente recolocou as imagens e o crucifixo nos seus lugares, voltou
a rezar o Terço, e nunca mais teve dúvidas em relação à fé católica.
Ela ficou com
medo porque o recado de Deus foi direto. Viu Deus se manifestando a ela claramente,
através de uma criança deficiente mental.
Vamos pedir a
Maria Santíssima, nossa Rainha, que nos ajude a seguir melhor o seu Filho, o
Rei do universo, a fim de não cairmos em tentações.
Os
dois senhores
Certa vez, um
rapaz, muito angustiado, procurou um sábio, a fim de pedir ajuda.
O sábio, depois
de ouvi-lo, levou-o até uma janela de vidro transparente, que estava fechada, e
perguntou: “O que você está vendo lá fora?” Ele respondeu: “Ah! Vejo carros
passando na rua, pessoas na calçada, crianças brincando, flores bonitas no
jardim...”
Em seguida, o
sábio tirou da parede um grande espelho, levou-o até o jovem, e fez a mesma
pergunta: “O que você está vendo?” “Vejo a mim mesmo” disse o moço.
O sábio
explicou: Os dois vidros são iguais. A diferença é que este da parede está revestido,
atrás, com uma camada de prata. A prata, ao mesmo tempo em que impede ver o
mundo lá fora, leva a pessoa a ver somente a si mesma.
Prata é
símbolo do dinheiro. Se nos apegamos demais ao dinheiro, ele nos fecha em nós
mesmos, o que nos traz preocupação e angústia. Não vemos a Deus, não vemos o próximo...
Nada. Só vemos os nossos interesses egoístas.
“Ninguém pode
servir a dois senhores. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc16,13).
Maria
Santíssima tinha uma única riqueza: A graça de Deus. Na Anunciação, o Anjo a chamou
de: “Cheia de graça”. Que ela nos ajude a servir a Deus e não ao dinheiro.
O
maravilhoso bambu
Havia um
sitiante que tinha em seu quintal um bambual, no qual havia um bambu que se destacava.
Ele era alto, imponente e muito bonito. Seu dono o apreciava muito.
Mas, um dia, o
sitiante chegou para este bambu e disse: “Meu querido bambu, eu preciso de você!”
O bambu respondeu na hora: “Pois não!” E até se inclinou com o vento, em sinal
de disponibilidade.
Mas o dono
continuou: “Para o que eu quero de você, devo podá-lo, cortar as suas folhas e
os seus galhos”. Nesta hora, o bambu ficou pensativo... Mas recuperou as forças
e disse: “Sim. Pode fazer de mim o que o senhor quiser”.
O dono
continuou: “Querido bambu, além de podar, devo rachá-lo no meio!” Nesta hora,
os outros bambus até pararam de balançar. Os passarinhos se calaram. O
maravilhoso bambu inclinou-se mais que pôde e disse: “Senhor, corte-me,
divida-me, tome-me por inteiro. Sou todo seu”.
O sitiante
cortou-o e fez dele duas grandes bicas. Emendou-as e levou água para a sua
horta. As verduras deram boas vindas ao bambu rachado, e começaram a crescer e
ficar verdes.
Tudo ficou
verde, e a família do sitiante se alegrou, ao colher as verduras e legumes.
“Descubra a
felicidade de servir”. “Eu estou no meio de vós como aquele que serve”. “O Filho
do Homem não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28). “O maior
dentre vós deve ser aquele que vos serve” (Mt 23,11).
O
monge e as bananas
Certa vez, um
grupo de jovens foi visitar um mosteiro. Foram muito bem recebidos pelos
monges, e um deles foi mostrar-lhes o mosteiro.
Viram a
capela, a biblioteca, o refeitório, a sala de recreio, entraram em um quarto...
Depois que
andaram pela casa, saíram para o quintal. Numa varanda, viram um monge cuidando
de bananas. Este monge resolveu dar para os jovens uma mensagem.
Pegou uma banana
podre e disse: “Esta não serve para comer. Vamos jogá-la fora”. E jogou a banana
podre no lixo.
Depois pegou
um cacho de bananas verdes e disse: “Estas bananas estão verdes. Ainda não
chegou o tempo delas. Por isso vamos guardá-las”. E guardou o cacho.
Em seguida,
pegou uma penca de bananas maduras, e explicou: “Estas sim, estão maduras.
Agora é o tempo delas. Por isso vamos comê-las”. E distribuiu as gostosas bananas
para os jovens.
Aquele monge
passou para aqueles moços e moças uma grande mensagem. Quem vive preocupado com
o passado, está comendo bananas podres. Faz mal.
Quem vive
preocupado com o futuro, está comendo bananas verdes. Também faz mal.
É o tempo
presente, simbolizado nas bananas maduras, que está nas nossas mãos. A dedicação
ao tempo presente constrói o mundo e é saudável, não faz mal.
Cada dia que
amanhece é um novo presente que Deus nos dá. Cabe a nós agradecer-lhe com a nossa
vida, dizendo “sim”, e viver este “sim” até o fim do dia.
Maria
Santíssima disse “sim” para Deus, desde a sua concepção. E o manteve tão bem
que Deus a tomou para si em corpo e alma. Maria do “sim”, rogai por nós.
O
seminarista e sua primeira pregação
Padre João
Noiman nasceu na Checoslováquia, no Séc. XIX. Seus pais se chamavam Felipe e
Inês.
Quando era
seminarista, um dia, ele estava em casa, de férias, e o pároco lhe pediu que
fizesse a homilia na Missa do próximo domingo. Noiman aceitou e ficou emocionado,
pois era a primeira vez que ia fazer uma pregação dentro da Missa.
Quando chegou
a hora, o jovem falou bonito. E terminou recitando uma oraçãozinha a Nossa Senhora.
As lágrimas correram dos olhos de sua mãe, pois era a oração que ela lhe havia
ensinado, quando ele ainda estava em seu colo.
Naquele
momento, sem querer, o jovem seminarista mostrou que a vocação sacerdotal depende
muito dos pais. A família é a terra adubada onde Deus semeia as vocações.
Quantas mães
se esforçam para dar tudo aos filhos, menos ensinar-lhes a rezar! A educação dos
filhos precisa ser baseada no tripé: Saúde, estudo e vida cristã. Faltando este
último pé, os filhos não se manterão felizes na vida, como um banquinho não
pode se manter com apenas dois pés.
Que Maria
Santíssima, o missionário redentorista São João Noiman e seus santos pais, nos
ajudem a viver bem a nossa vocação.
Por
que um discípulo aprendia e o outro não
Havia, certa
vez, dois discípulos que acompanhavam o mestre. Um se chamava João e o outro
José. Um dia, o José perguntou ao João: “Por que você aprende as coisas facilmente,
e eu não?”
O João lhe
perguntou: “Por que você acompanha o mestre?” “Para adquirir a sabedoria”,
respondeu o José. “E você?” O João respondeu: “Eu vim para conhecer o mestre,
conviver com ele e aprender como que ele amarra as sandálias”.
O mesmo vale
para os discípulos de Jesus. Ele disse: “Quem acolhe e observa os meus mandamentos,
esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei
a ele” (Jo 14,21).
Cristo só se manifesta
a quem o ama e obedece aos seus mandamentos. Quem não o ama, não entende o seu
Evangelho. Se alguém se aproxima de Jesus, não por um afeto à pessoa dele, mas para
aprender a sua doutrina, nunca a aprenderá.
Ser cristão
não é apenas acreditar numa doutrina, mas é encontrar-se com Jesus Cristo, conhecê-lo,
amá-lo e segui-lo.
Isso
é falta de sabão
Certa vez, um líder católico falou, e muito bem, sobre a Igreja.
Mas um homem observou, ironicamente: “Tudo muito bonito. Mas eu sei de tanta
sujeira nessa Igreja!”
Enquanto o homem ia enumerando os abusos, inventando ou aumentando
outros, o líder observava o colarinho da camisa dele, bastante sujo. E com a
mesma sem-cerimônia do interlocutor, apontou para o colarinho e perguntou:
“Desculpe a minha liberdade, mas isso é falta de sabão ou defeito de fábrica?” “É falta de sabão mesmo”, respondeu o homem.
O
líder continuou: “O mesmo acontece na nossa Igreja. Se existe tanta sujeira,
descontando os exageros do amigo, a culpa não é da Igreja, mas dos maus cristãos.
Ela tem bons tipos de sabão: Sacramentos, oração, ajuda mútua, etc. Se usássemos
esses recursos, tudo seria melhor. A Igreja teria filhos mais limpos. A Igreja
seria mais limpa”.
“Felizes
sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo
de mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a
vossa recompensa no Céu” (Mt 5,11,-12).
A
maior prova de que a Igreja Católica é a verdadeira é que só ela é perseguida.
Os grupos “evangélicos” são separados entre si. Eles só se unem em um ponto:
Quando é para combater a Igreja Católica.
A
diferença entre o Céu e o inferno
Certa vez, em
uma região rural, um grupo de homens estava em uma venda, dessas vendas de roça
que funcionam também como bar.
Eles estavam com
muita alegria, tomando cerveja. O líder da Comunidade entrou, para comprar algumas
coisas.
Um daqueles homens
perguntou a ele: “Existe Céu e inferno?” “Sim”, disse o líder. “Então eu quero
que você me explique o que é Céu e o que é inferno”. O líder disse: “Céu é isso
que vocês estão fazendo agora: Todos unidos, na alegria e na paz”.
Enquanto o
líder fazia as comprar, aqueles homens se desentenderam e começaram a brigar.
Um deles apontou até para a faca que trazia na cintura. O líder então levantou
os braços, parou por um instante as discussões e disse ao que lhe havia
perguntado: “Você quer saber o que é inferno? É isto que vocês estão fazendo agora”.
Tanto o Céu
como o inferno começam aqui na terra. O que haverá na outra vida será uma
continuidade e uma radicalização ou plenificação. Céu, onde está Deus e a sua
família, que são os anjos e os santos, é um lugar onde reina a alegria, a união
e o amor.
Maria Santíssima
é a nossa Rainha, coroada de doze estrelas (Cf Ap 12,4). Ela amava tanto a Deus,
que foi escolhida para nos dar O Sol Nascente que é Jesus. Que nós também sejamos
estrelas, a fim de que o mundo tenha mais luz.
A
sacristã que queria ser santa
Certa vez, uma
sacristã falou para o padre: “Senhor padre, eu ouço sempre o senhor falar a
respeito da santidade. Eu quero ser santa. O que devo fazer?”
O padre fez de
conta que não ouviu e falou de outro assunto.
No dia
seguinte, ele chegou à sacristia e foi logo passando o dedo na mesa. Mostrou o
dedo sujo de poeira para ela e disse: “Esta mesa está suja, não?” Abriu o
armário de paramentos e mostrou para ela as golas das túnicas, também sujas...
A mulher
emburrou. À tarde, no final do seu horário de trabalho, ela foi à casa paroquial
e disse ao padre que queria deixar o emprego. O pároco perguntou o motivo, e
ela disse: “Hoje de manhã o senhor me destratou lá na sacristia!”
O padre então
disse: “Mas filha, você não me perguntou o que fazer para se tornar santa? O
primeiro passo é cumprir bem os nossos deveres de estado, isto é, as nossas
obrigações diárias!” A sacristã entendeu e desistiu de pedir as contas.
Maria
Santíssima é a Rainha de todos os santos. Que ela nos ajude a colocar em
primeiro lugar na vida a busca da santidade.
Os
três espelhos
Havia, certa
vez, uma moça que era muito vaidosa. Passava o dia diante do espelho. A família
morava na roça.
Um dia, ela mudou-se
para a cidade, a fim de estudar.
Aconteceu que,
chegando à cidade, ao desarrumar as malas, viu que seu espelho não tinha ido!
Ficou desesperada,
e mandou para a mão o seguinte bilhete: “Mãe, mande-me meu espelho com urgência.
Eu não consigo viver sem ele!”
A mãe atendeu
o pedido, mas resolveu dar uma lição na filha. Providenciou dois quadros do
mesmo tamanho do espelho, embrulhou os três separadamente, numerou-os: 1, 2, 3,
e mandou para a filha, com o recado: “Abra na ordem: Primeiro o número 1,
depois o 2 e por último o 3.
Logo que a filha
recebeu, desembrulhou rapidamente o quadro número 1. Levou um susto, pois no
quadro havia uma caveira, com a frase embaixo: “Filha, eis o que você será”.
Desembrulhou o
segundo quadro e viu uma linda foto de Nossa Senhora, com a frase: “Querida,
eis o que você deve ser”.
Finalmente, o
quadro número 3 era o espelho dela, com a frase: “Minha filha, eis aí o que
você é”.
Aquela mãe, de
forma criativa e sábia, chamou a atenção da filha para o essencial da nossa
vida, que supera de longe a vaidade de ficar constantemente olhando no espelho.
Realmente,
Maria é modelo para todos nós, não apenas para as mulheres.
Depois
de seis
No Séc. XIII,
havia, na Alemanha, um jovem duque chamado Henrique. Ele era muito amigo de um
santo bispo, chamado Dom Wolfgang.
Aconteceu que
o bispo ficou doente. Estava mal, e o Henrique foi visitá-lo. O bispo disse a
ele: “Depois de seis”. Falou apenas isso e entrou em estado de coma, vindo
depois a falecer.
Henrique
pensou que seis dias depois ele também ia morrer. Por isso se preparou para a
morte. Mas nada, não morreu.
Então ele
pensou que a morte chegaria seis meses depois. Passou meio ano se preparando.
Mas nada de morrrer.
Já sei, pensou
Henrique, é daqui a seis anos que vou morrer. E continuou a sua preparação para
a vida futura, dedicando-se à caridade.
Passados os
seis anos, ele não morreu, mas foi coroado rei da Alemanha, sucedendo, no trono,
a Oto III.
E os dois,
tanto o Bispo Dom Wolfgang como o Rei Henrique, foram canonizados. Temos Santo
Henrique e S. Wolfgang.
Como Henrique,
muitos recebem graças especiais que os ajudam na vigilância. Mas, para nós, as
palavras de Jesus são suficientes: “Ficai de prontidão, com as lâmpadas acesas...”,
porque não sabeis o dia nem a hora em que o Senhor virá (Lc 12,35).
Maria
Santíssima vivia sempre preparada. Ela tinha a vigilância amorosa de quem espera
um grande amor. Por isso, no fim de sua vida terrena, nem precisou morrer, já
passou direto para a convivência com a Santíssima Trindade. Afinal, ela é filha
de Deus Pai, esposa de Deus Espírito Santo e mãe de Deus Filho. Virgem fiel,
rogai por nós.
A
mulher mais bela
Certa vez, uma
próspera empresa de produtos de beleza pediu aos habitantes de uma cidade
grande que enviassem fotografias, acompanhadas de um breve relato explicativo,
das mulheres mais belas que eles conheciam. Em poucas semanas, milhares de fotos
chegaram à empresa.
Uma chamou a
atenção da equipe, e foi levada à mesa diretora. Junto com a foto estava uma
carta escrita por um menino pobre da periferia, um bairro de extrema pobreza.
Veja um trecho
da carta: “Na minha rua mora uma mulher bonita. Vou à casa dela todos os dias.
Ela me faz sentir o menino mais importante do mundo. Jogamos dama, e ela houve
os meus problemas. Ela me entende e, quando vou embora, sempre diz bem alto, na
porta, que gosta de mim e quer que eu volte”.
E o menino
termina a carta dizendo: “Esta fotografia mostra que ela é a mulher mais bonita
do mundo”.
A foto trazia
uma velhinha sorridente, sem nenhum dente na boca, sentada em uma cadeira de
rodas. Os ralos cabelos grisalhos estavam presos em forma de birote, e as rugas,
que marcavam o seu rosto, eram suavizadas pelo brilho dos seus olhos.
“Não podemos
usar esta fotografia”, explicou o diretor, sorrindo. “Ela mostra para o mundo que
nossos produtos não são necessários para uma mulher ser bela”.
“O encanto é
enganador e a beleza, passageira; a mulher que teme o Senhor, essa sim, merece
elogio” (Pr 31,30).
O
palhaço e o circo pegando fogo
Certa vez,
havia um circo numa cidade, e este circo pegou fogo. Foi terrível. Era à tardezinha.
Como a equipe
não conseguia apagar o fogo, o palhaço saiu pelas ruas, gritando, desesperado,
pedindo ajuda para apagar o fogo.
Mas as
pessoas, ao vê-lo, em vez de acreditar no que ele dizia, davam risada, pensando
ser mais uma palhaçada dele.
Assim, não
houve jeito. Em pouco tempo o circo se transformou em um montão de cinzas.
A imagem que
damos para o povo da nossa pessoa influi no peso das nossas palavras. Se alguém
não dá bom exemplo, quando explica a Palavra de Deus, não convence muito.
Por isso que o
povo preferia ouvir Jesus e João Batista, a ouvir os seus líderes.
Maria Santíssima,
imaculada, exerceu um profetismo completo, com a vida e com as palavras. Por
isso, é a Rainha dos profetas. Que ela nos ajude a reforçar as nossas palavras
com o exemplo da nossa vida.
Deus
nos protege das tempestades
Havia, verta
vez, um menino que era muito sapeca, muito arteiro e irrequieto. Vivia quebrando
coisas em casa.
A mãe sempre
lhe dizia: “Pára com isso! Jesus não gosta! Jesus fica triste com você!”
Um dia, ele
estava andando numa estrada e veio um vento muito forte. O vento era tão forte
que levantou uma pedra e esta bateu na testa dele.
O menino
pensou: Bem que minha mãe fala que Jesus fica triste comigo! Mas, andando um
pouco para frente, o vento aumentou ainda mais.
Havia, na
beira da estrada, um crucifixo grande. As pedras que vinham na direção do
garoto batiam no crucifixo e caiam no chão, não chegando até ele. Eram pedras que
batiam nos braços de Cristo, nas pernas, no seu corpo e até na sua cabeça.
Foi então que
o menino entendeu: Não foi o Cristo que jogou aquela pedra nele, mas a tempestade.
Cristo fazia o contrário: Segurava as pedras para não baterem nele.
Não é Deus que
nos manda as tempestades da vida. Pelo contrário, ele nos protege na hora.
A
coroa de flores e a faixa
Certa vez, um
senhor faleceu e a esposa foi à floricultura encomendar uma coroa de flores
para o funeral.
Quem atendeu
foi um rapazinho. Pediu a ele que colocasse uma faixa com as palavras: ‘Descanse em paz’. Pediu que a própria
floricultura levasse a coroa ao velório e a colocasse ao lado do caixão do
querido esposo.
Uma hora
depois, a esposa telefonou à floricultura e disse para o jovem funcionário:
"Por favor, acrescente na faixa: ‘No
Céu’, se houver lugar".
Quando a
esposa chegou ao velório, deparou-se com um vexame. Na faixa estava escrito: ‘Descanse em paz no Céu, se houver lugar’.
Evidentemente,
foi um mal-entendido do jovem funcionário, pois era para acrescentar só ‘no Céu’; isso, se houvesse lugar na
faixa, sem precisar fazer outra.
No Céu, sempre
há lugar para todos nós. Aliás, como disse Jesus, cada um de nós já tem o seu
lugar preparado lá: "Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse
assim, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós. E depois que eu tiver
ido e preparado um lugar para vós, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que,
onde eu estiver, estejais vós também" (Jo 14,2-3).
Deus Pai deseja
que todos nós estejamos um dia ao lado dele, na sua casa. Não só juntos com
ele, mas com os anjos e todos os santos e santas, a começar com os nossos
parentes. E, se aqui na terra, alguém se afasta de Deus, ele espera a sua volta,
como o pai da parábola do filho pródigo.
A
boneca feia
Certa vez,
numa casa de roça, uma menina de uns seis anos estava sentadinha na porta da
sala, com uma boneca de pano no colo.
Passou alguém e
disse: “Feia esta boneca, hein?” Ela beijou a boneca com carinho, depois a
mostrou para a pessoa e disse: “Veja como ficou bonita agora!”
O amor
transforma o feio em bonito, o mau em bom, o chato em simpático, o estúpido em
delicado, o detestado em querido, o pecador em santo...
Onde existe
amor, Deus aí está. O amor é sempre novo. É ele que dá sentido à vida e dá gosto
de viver. O amor tudo suporta, tudo crê, tudo espera. Nada vence o amor.
As três
Pessoas divinas se amam tanto, e são tão unidas, que são um só Deus. É neste
ambiente de amor que entra quem comunga sempre.
Quando o
Ministro da Eucaristia nos dá a comunhão, primeiro ele levanta a hóstia e nos
fala: “O corpo de Cristo”. Nós respondemos: “Amém”. Aquele amém é parecido com
o “Sim” que Maria deu a Deus, representado, na Anunciação pelo Anjo Gabriel.
Após aquele
“Sim”, aconteceu a Encarnação do Verbo. Conosco também acontece algo semelhante.
Após o nosso “Amém” na comunhão, o Verbo de Deus “se encarna” em nós, o corpo
dele funde-se com o nosso corpo, tornando-nos “uma só carne” com ele.
É importante
perseverarmos no nosso “Amém”, como Maria perseverou no seu “Sim”. Os Santos Padres
diziam que aquela viagem de Maria, visitando a sua prima Isabel, foi a primeira
procissão de Corpus Christi. O Ostensório era o seio de Maria, carregando
Jesus. Por isso que Isabel se entusiasmou, e até o seu filho, João Batista, pulou
no seu ventre.
Sapato
cai, ao entrar no ônibus
Certa vez, um
homem, ao entrar no ônibus urbano lotado, um de seus sapatos escapou do pé e
ficou para trás. O motorista nem viu.
Mais que
depressa, ele tirou o outro sapato e jogou pela janela. O passageiro que estava
ao lado perguntou por que ele fez aquilo. O homem disse: “Porque o sapato era
bom e novo, alguém pode aproveitá-lo.
De fato, os
dois sapatos separados, ambos perderiam o valor. O amor se reveste de mil roupas.
Lá no Céu, esse homem vai ganhar um par de sapatos melhor ainda.
Guilhermina,
rainha da Holanda
Guilhermina
foi rainha da Holanda no final do Séc. XVII. Quando seu pai, o rei Guilherme
III, faleceu, ela tinha apenas dez aninhos. Como era a única filha, pois seus
dois irmãos haviam morrido, ela recebeu a coroa.
Na festa de
posse, a garota estava toda enfeitadinha, em cima de um palanque, recebendo as
homenagens.
Em certo
momento, ela virou-se para a mãe e perguntou: “Mãe, todo este povo agora vai me
servir?” A mãe respondeu: “Não, filha! Você é que vai servir a todo este povo”.
Todo cidadão,
toda cidadã consciente é assim, especialmente quem tem cargo político. Só é
feliz de fato quem se descobre como servidor. Descubra a felicidade de servir.
Maria
Santíssima se via como uma simples serva do Senhor (Cf Lc 1,38). “Ele olhou
para a humildade de sua serva” (Lc 1,48).
Anjo
dentro de uma pedra-sabão
Existe, no interior
do Brasil, uma pedra chamada pedra-sabão. Ela é fácil de ser lapidada, porque é
macia, não se racha e é consistente. Por isso, é muito usada pelos escultores
para fazerem obras de arte.
Um dia, um
escultor estava, com o seu cinzel, lapidando uma grande pedra-sabão. Um menino,
ao passar pela rua, viu a cena e foi-se embora.
Dias depois, o
garoto voltou a passar por ali e viu, não mais uma pedra rústica, mas um lindo
anjo, e o mesmo escultor fazendo os últimos retoques.
O
menino perguntou-lhe, admirado: “Este anjo estava dentro daquela pedra?” “Sim”,
respondeu o escultor. “Foi só descobri-lo”.
As
crianças são como uma pedra-sabão. Os pais, os professores e nós adultos somos
os escultores. Dentro de cada criança existe um anjo ou um demônio, depende dos
escultores.
Pela criação e
pelo plano de Deus, de cada criança surgirá um anjo. Mas o mundo pecador quer
transformá-la em um demônio. Que estejamos atentos.
“Quem acolher
em meu nome uma criança, estará acolhendo a mim mesmo” (Mt 18,5). Acolher uma
criança é orientá-la, ensinar-lhe, educá-la. “O pai que poupa a vara odeia seu
filho” (Pr 13,24).
A
rosa, o vento, a chuva e o lírio
Havia, certa
vez, uma flor que vivia sozinha em um descampado. Não havia nenhuma flor perto,
e ela gostaria muito de ter uma colega.
Um dia, ela disse
ao vento: “Eu sou triste. Ajude-me a encontrar outra flor, para que eu possa ter
uma amiga!”
O vento
resolveu ajudá-la. Pediu para a chuva, e esta choveu três dias e três noites
sem parar. Depois o vento veio, soprou forte, tão forte que a flor se arrancou
do chão molhado, com raiz e tudo, e foi cair em um precipício, ao lado do
lírio.
Ali, devido ao
chão molhado, ela não morreu. Então o lírio lhe disse: “Rosa, como você é linda
e como seu perfume é agradável!”
A bela flor lhe
disse: “Eu me chamo rosa, é? Não sabia! Não sabia também que sou bonita, nem que
meu perfume é agradável!”
E, assim, a
linda rosa ficou alegre e feliz.
Jesus é esse
lírio, e nós somos o vento. Longe de Cristo, ninguém consegue responder às
perguntas fundamentais de vida: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Para
que vivo? Longe de Cristo, ninguém descobre as suas qualidades e o seu valor.
Como
missionários e missionárias de Deus, somos um vento tão forte que transportamos
as pessoas para perto de Cristo. Assim, ninguém viverá só nem será triste e
infeliz.
A maior
missionária é Maria Santíssima. Ela não apenas nos levou a Cristo, mas trouxe
Cristo a nós.
S.
Vianney e o homem que “olhava para ele”
S. João
Vianney era pároco da cidade de Ars, na França, no Séc. XVIII. É o padroeiro
dos padres.
Certa vez, ele
começou a observar que todos os dias um homem entrava na igreja e ficava horas ajoelhado,
olhando para frente, mas sem dizer nada.
Um dia, o
padre aproximou-se dele e perguntou: “O que o senhor faz aqui na igreja, desse
jeito, sem dizer nada para Deus?”
O homem
respondeu, apontando para o sacrário: “Eu olho para Ele, e Ele olha para mim!”
Esta é a
oração de contemplação. As palavras desaparecem e os corações se encontram e se
comunicam de maneira muito mais profunda do que através de palavras.
Nas
congregações religiosas contemplativas, masculinas e femininas, quando um
membro faz aniversário, ganha de presente um dia de retiro, isto é, um dia
livre de todas as ocupações, a fim de estar só, com o Senhor. E este é o melhor
presente de aniversário.
Se perseveramos
firmes na oração, acontece em nós uma evolução, ou um crescimento. No começo,
só rezamos orações decoradas. Depois, começamos a falar com Deus espontaneamente.
Por fim, até as palavras desaparecem e os corações, o nosso e o de Deus, se
tocam, em um encontro de amor. “Quem reza se salva, quem não reza se perde”.
Santa
Joana Mola
Havia, certa
vez, uma senhora casada, que era médica pediatra. Quando estava no segundo mês
de gravidez de seu quarto filho, ela se vê atingida pelo câncer no útero.
Antes de ser
operada, embora sabendo do grave perigo que corria se continuasse a gravidez,
ela pediu ao cirurgião que salvasse a vida que ela trazia em seu seio. Rezando,
entregou-se à Divina Providência.
Com o feliz
sucesso da cirurgia, agradeceu intensamente a Deus a salvação da vida que
trazia dentro de si.
Passou os sete
meses restantes da gravidez na mesma alegria de sempre, e na dedicação à missão
de esposa, de mãe e de médica. Temia que seu filho ou filha nascesse doente e
suplicava a Deus que isso não acontecesse.
Alguns dias
antes do parto, sempre com grande confiança na Providência Divina, ela faz a Deus
esta oração: “Senhor, se deveis decidir entre mim e o meu filho, por favor,
escolhei a criança!”
Na manhã de
21/04/1962, nasceu a menina, que recebeu o nome da mãe: Joana. Uma criança linda
e saudável.
Apesar dos
esforços médicos, uma semana depois, dia 28/04/1962, Joana vem a falecer. Tinha
39 anos de idade. Suas últimas palavras foram: “Jesus, eu te amo”.
O seu esposo,
Pedro Mola, viúvo, e os quatro filhos, estavam presentes na cerimônia de canonização
da italiana Santa Joana Mola, na praça de S. Pedro, em Roma, no ano de 2004.
Hoje, a filha
mais nova, Joana, é também médica pediatra. Ela disse aos jornalistas: “Agradeço
à mamãe ter sacrificado sua vida por mim. Eu a sinto diariamente junto comigo”.
Que Santa
Joana nos ajude a amar mais a pessoa humana, especialmente antes de esta ver a
luz do dia. À medida em que cresce em nós o amor à vida humana antes de nascer,
cresce também o nosso respeito para com a relação sexual, pois esta é o berço
da vida.
O
balde furado
Certa vez, um
dos monges de um mosteiro cometeu uma falta grave. Chamaram, então, o ermitão
mais sábio da região, para ir até o mosteiro julgá-lo. O ermitão se recusou.
Mas, insistiram tanto que ele terminou por ir.
Antes, porém,
pegou um balde e fez vários furos embaixo. Ao chegar perto do mosteiro, encheu
o balde de areia e foi caminhando, enquanto a areia escorria pelos furos e caía
no chão.
Os monges o
avistaram e vieram ao seu encontro. Um deles lhe perguntou o que era aquilo. O
ermitão respondeu: “Vim julgar o meu próximo. Meus pecados estão escorrendo
atrás de mim, como esta areia. Mas, como eu não olho para trás, não os vejo”.
Diante da
lição, os monges desistiram da punição ao pobre infrator.
Nossos pecados
escorrem atrás de nós como a areia daquele balde. “Por que observas o cisco que
está no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?
Hipócrita! Tira primeiro a trave que está no teu olho e, então, enxergarás bem
para tirar o cisco do olho do teu irmão” (Lc 6,41-42).
No caso da
mulher adúltera, Jesus nos dá o mesmo ensinamento, de forma diferente (Cf Jo 8,1-11).
Maria
Santíssima é chamada Mãe de Misericórdia. A virtude da misericórdia nos leva a
ser rigorosos conosco mesmos, mas muito compreensivos com as falhas do próximo.
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